Como a cortiça é extraída na Espanha rural?

Na propriedade Las Varas del Zumajo, na região de La Mancha, na Espanha, especialistas em machados colhem cuidadosamente a espessa casca exterior dos sobreiros. Esta extração de cortiça ocorre geralmente de nove em nove anos, nos meses de julho e agosto, altura em que as árvores não estão tão vulneráveis às intempéries. O câmbio vascular da cortiça vermelha ou felogênio no seu interior não deve ser danificado para que a árvore possa permanecer saudável e continuar a desenvolver a casca para a próxima colheita.

Os sobreiros podem ser descortiçados até 15 vezes, a partir dos 25 anos, mas na pequena localidade de Águas de Moura, Portugal, há uma árvore chamada "Assobiador", que foi despojada de sua casca mais de 25 vezes. A cortiça após as duas primeiras colheitas é considerada de qualidade superior.

O vídeo sem palavras que dá contexto a este post, intitulado "Colheita: Uma Antologia Rural da Espanha", mostra como a extração da cortiça ocorre em um sistema agroflorestal existente na Península Ibérica onde a intervenção humana é compatível com a conservação da natureza, da vegetação e da fauna. Ali, os trabalhadores locais labutam arduamente para aproveitar ao máximo os recursos de que dispõem, respeitando os ciclos de produção e o meio ambiente.

A Espanha produz 22% da cortiça mundial, atrás apenas de Portugal, que produz 50%, e neste montado obtêm-se diariamente até nove toneladas, trabalhando os corticeiro em árvores com 20 a 200 anos. Utilizando apenas machados, varas de madeira, escadas e mãos, respeitam a árvore, garantindo que ela não sofra nenhum dano.

As pranchas de cortiça colhidas são fervidas no processo de limpeza e amaciamento, e depois cortadas ou perfuradas em formas de cortiça. O material restante é triturado em pequenos pedaços e misturado com cola de poliuretano de qualidade alimentar. Essa mistura é moldada em rolhas aglomeradas.