Conheça as freiras cantoras que transformaram hinos latinos medievais em sucessos modernos

Vivemos agora, como se ouve frequentemente, em uma época de poucas estrelas musicais com talento, mas de grandes superestrelas duvidosas. A cultura popular musical desses anos, seja no Brasil ou no mundo, é enfadonha com suas canções de ostentação ou de cantoras que estão mais interessada em mostrar o corpo do que a voz. Mas se olharmos além deles é possível encontrar fenômenos musicais formidáveis nos lugares mais improváveis. Tomemos como exemplo as Poor Clares of Arundel, um grupo de freiras cantoras de Sussex, Inglaterra, que, durante a pandemia de covid-19, quebraram todos os recordes das paradas musicais inglesas.

Elas se tornaram não apenas as freiras com maior sucesso na história, mas também o grupo clássica mais vendida no Reino Unido em sua estreia.

- "A música está no centro do culto das freiras", escreve Joanna Moorhead, do Guardian. - "Mas a ideia de lançar um álbum surgiu inicialmente como uma espécie de piada."

Pouco depois de receberem a visita de um curioso produtor musical, as Clarissas Cantoras -tanto habilidosas como não qualificadas- encontraram-se num estúdio de gravação adequado, gravando faixas. Alguns críticos descrevem a estreia resultante, Light for the World, como uma coleção de hinos latinos produzidos para um público do século XXI, trazendo calma e beleza durante uma época em que tantos estavam separados de seus entes queridos.

Apenas algumas semanas atrás, elas lançaram seu sucessor, May Peace I Give You, cujo vídeo da faixa-título aparece logo acima. O álbum foi gravado pela Decca Records, uma fonográfica famosa em parte por ter rejeitado, em 1962, uma banda de rock desalinhada chamada Beatles. Presumivelmente determinados a não cometer o mesmo erro duas vezes, desde então eles se arriscaram em todos os tipos de atos, começando pelos Rolling Stones; ao longo das décadas, eles foram além dos espaços já conhecidos da música popular e clássica.

O sucesso das Clarissas mostra que esta prática continua a dar frutos e que, tal como o popular canto gregoriano e o boom gospel de décadas passadas, a venerável música sacra mantém a sua ressonância mesmo nos países orientados por tendências não especialmente religiosos.