Devemos agradecer por não encontrar nenhuma das 40 espécies destes peixes ciclóstomos no hemisfério sul e jamais vamos ter a infelicidades de avistar uma lampreia marinha se contorcendo nas águas rasas com sua bocarra, em forma de ventosa, aberta cheia de dentes (aproximadamente 150). O que faz deste peixe parasita ainda mais material indutor de pesadelo é sua língua língua-raspadora cartilaginosa. Pode parecer difícil de acreditar, mas algumas espécies de lampreia são consumidas como alimento. |
- "Estamos muito felizes por elas não serem fofas como coelhinhos", disse Greg McClinchey, diretor de políticas da Comissão de Pesca dos Grandes Lagos dos EUA, na época dos confinamentos da covid-19, quando a população de lampreias disparou. - "Porque seria muito mais difícil convencer as pessoas de que nós precisamos nos livrar delas. Eles são, sem dúvida, pesadelos feitos realidade."
E, no entanto, os peixes sugadores de sangue podem se parecer mais com os humanos do que gostaríamos de pensar. As lampreias marinhas, que iniciam suas vidas como larvas filtradoras e podem atingir até 1,2 metros na idade adulta, devem sua aparência incomum à sua posição relativamente distante na árvore evolutiva.
A espécie surgiu há mais de 350 milhões de anos, no final do período Devoniano, antes mesmo do que os grandes sauros, embora alguns estudos sugiram que são ainda mais antigas: as suas bocas sem mandíbula são uma relíquia de uma época anterior aos peixes.
As lampreias foram descritas como os únicos vertebrados vivos com quatro olhos, tendo um único par de olhos regulares, bem como dois olhos parietais: um parapineal e um pineal translúcido localizado no topo da cabeça. O que sobra em olhos falta em narinas. Ela tem uma só que é chamada abertura naso-hipofisial, uma vez que liga ao órgão do olfato e a um tubo cego que inclui a glândula pituitária ou hipófise.
Como a fisiologia da lampreia muda drasticamente ao longo de sua vida, a espécie tem se mostrado difícil de estudar. Apesar desses desafios, uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia conseguiu obter uma visão clara e sem precedentes do sistema nervoso do animal. O resultado da sua pesquisa, publicado na revista Nature em meados de abril, lança luz sobre a relação evolutiva da lampreia com outros vertebrados menos assustadores, como os coelhos.
Em suma, os cientistas descobriram que as lampreias possuem células estaminais que parecem formar a base de um sistema nervoso simpático rudimentar. É o mesmo tipo de sistema nervoso que, nos humanos e em muitas outras espécies, produz uma resposta de luta ou fuga às ameaças, afetando o intestino, o pâncreas e o coração para aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial em situações estressantes.
Isto faz das lampreias alguns dos animais mais antigos conhecidos a terem um sistema nervoso simpático, forçando os biólogos a repensar quando o mecanismo básico de sobrevivência que ela permite evoluiu pela primeira vez. Mas embora o novo estudo responda a algumas questões, levanta muitas outras, nomeadamente, se o sistema nervoso produz nas lampreias comportamentos semelhantes aos de outros vertebrados.
Ao mesmo tempo, os cientistas envolvidos no estudo sentem-se confiantes de que as células estaminais encontradas neste peixe aterrorizante formam a base evolutiva do nosso próprio sistema nervoso, tornando os sugadores de sangue um pouco menos estranhos do que parecem.
Algumas espécies de lampreias são apreciadas como alimento, sobretudo em países do sul da Europa, como Portugal, Espanha e França, onde o peixe horroroso é considerado uma iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços elevados.
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