No domínio da medicina, os medicamentos de grande sucesso atraem regularmente a atenção popular, mas são os tratamentos básicos e baratos que muitas vezes salvam a maioria das vidas. É o caso da terapia de reidratação oral (TRO). Aclamada por uma equipe internacional de cientistas de saúde pública em um artigo de 2010 publicado em The Lancet como "potencialmente o avanço médico mais importante do século 20", a TRO é simples, benéfica e pouco divulgada. |
Você seria perdoado por nunca ter ouvido falar dela. Uma mistura precisa de sal, açúcar e água, a TRO é administrada a pessoas que sofrem de desidratação, principalmente causada por diarreia. Quando absorvida, a solução evita a desidratação potencialmente fatal e os desequilíbrios eletrolíticos que podem surgir em questão de horas.
Água e outros líquidos não são nem remotamente tão eficazes quanto a TRO. Na primeira metade do século XX, quando os trabalhadores humanitários forneciam líquidos às pessoas que sofriam de diarreia grave, a desidratação e a morte ainda resultavam em números trágicos.
Durante anos, os cientistas se perguntaram por que beber líquidos não reidratava os pacientes. O bioquímico americano Robert K. Crane forneceu uma resposta em 1960. Ele descobriu que uma certa quantidade de glicose era necessária para o intestino absorver o sódio e a água necessários em condições de diarreia grave, muitas vezes causada pela doença bacteriana cólera.
Ensaios subsequentes de TRO realizados durante epidemias de cólera em Bangladesh nas décadas de 1960 e 1970 mostraram que a estratégia era mais eficaz no salvamento de vidas do que mesmo a fluidoterapia intravenosa, com o benefício adicional de ser muito mais fácil de obter e administrar.
Décadas mais tarde, estima-se que a TRO reduza o risco de morte por diarreia em até 93% e tenha potencialmente salvado 70 milhões de vidas entre 1982 e 2019. Crucialmente, reduziu para metade o número anual de mortes de crianças menores de cinco anos, de 1,2 milhões para 600.000. No Brasil, em 1979, 30% das mortes em menores de 5 anos foram consequência de doença diarréica. Alguns pesquisadores preveem com otimismo que a expansão da utilização da TRO a mais nações pobres poderia reduzir esse número em mais 90%.
A fórmula do soro recomendada pela Organização Mundial de Saúde inclui cloreto de sódio (sal comum), citrato de sódio, cloreto de potássio e glicose. A sucralose pode ser uma alternativa a glicose e bicarbonato de sódio é uma alternativa ao citrato de sódio.
A receita para o soro caseiro da OMS é um litro de água potável de rio, lago ou poço, que deve ser fervida ou filtrada. Uma colher de chá de sal (3g). Duas colheres de sopa de açúcar (18g).
A dose deve ser ministrada de acordo com o volume da diarreia. A pessoa acometida pela diarreia deve tomar um copo da solução depois de cada evacuação.
Apesar da simplicidade e baixo custo e das campanhas promovidas pela OMS, em alguns continentes, na África, por exemplo, a taxa de utilização da TRO mal excede os 12%. No Nordeste do Brasil, a utilização da TRO é muito baixa e as consequências são desastrosas.
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Ou seja, o famoso soro caseiro.