Durante toda a sua vida, minha mãe queria visitar o Louvre só para ver a Mona Lisa. Então não fiquei surpreso que ela quisesse ficar na longa fila para ver o famoso quadro de Leonardo da Vinci, de 1503, durante os poucos segundos que teríamos para tirar fotos e selfies com a pintura. A cara de decepção da minha mãe, ao ver aquele quadrinho mixuruca a uma distância considerável de uns 4 metros, não teve preço. - "Que bosta!", disse ela. Esta experiência é muitas vezes irritante e decepcionante para a maioria dos turistas que visita o museu francês. |
O site Coupon Birds coletou mais 18.000 críticas e resenhas sobre obras de arte no mundo inteiro e, segundo uma análise recente, o retrato renascentista é "a obra-prima mais decepcionante do mundo", segundo 37% dos entrevistados. "Liberdade liderando o povo, de Delacroix, em Paris, e "Persistência da Memória", de Dali, em Nova York, completam o top 3 das obras de arte mais superestimadas.
Muito provavelmente você nem conheça a obra-prima e o autor do quadro mais apreciado do mundo, com 94% de críticas positivas: "Junho Flamejante" (abaixo), a pintura a óleo de Sir Frederic Leighton, produzida em 1895, hoje exposta, no Museu de Arte Ponce, em Porto Rico.
A imagem icônica de Da Vinci de uma mulher quase sorridente é protegida por vidro anti-reflexo à prova de balas, juntamente com temperatura e umidade rigorosamente controladas para garantir a conservação da pintura. Em um esforço para remediar esta situação, a Mona Lisa poderá ser transferida para uma câmara subterrânea, de acordo com uma reportagem publicada no Telegraph na semana passada.
O diretor do Louvre, Laurence des Cars, sugeriu recentemente a transferência da obra de arte popular para uma sala dedicada construída no porão da instituição.
- "Não recebemos muito bem os visitantes nesta sala, por isso sentimos que não estamos fazendo o nosso trabalho adequadamente", disse Laurence aos funcionários e supervisores. - "Mudar a Mona Lisa para uma sala separada poderia pôr fim à decepção pública."
Há muito tempo que os curadores do museu pensam em fazer isso, mas desta vez parece que todos concordam.
- "A sala é grande e a Mona Lisa está exposta nos fundos, atrás do vidro de segurança, então à primeira vista parece apenas um selo postal", disse Vincent Delieuvin, curador-chefe da pintura italiana do século XVI.
O Louvre recebe nove milhões de visitantes anualmente e, segundo funcionários do museu, a Mona Lisa é a principal atração para 80% deles. Durante dias especialmente movimentados, 250 mil pessoas ficam na maldita fila.
A popularidade da pintura levou a outras tentativas de melhorar a experiência de visualização, incluindo uma repintura das paredes da galeria de amarelo casca de ovo para azul em 2019, bem como uma mudança no sistema de filas para visitantes. Mas o impacto das redes sociais e do turismo de massa exige um esforço maior, uma vez que multiplicaram a celebridade da obra de arte muito além de qualquer coisa imaginada após o seu roubo em 1911.
- "Nos dias de hoje, você deve ter visto algo de que todo mundo fala mal pelo menos uma vez na vida, e a Mona Lisa é claramente um desses casos", disse o curador. E ele tem razão: minha mãe fala para todo mundo do seu desencanto.
Uma nova câmara subterrânea para a pintura faria parte de uma futura renovação do "Grand Louvre", incluindo uma nova entrada para o museu. Os visitantes contornariam a entrada da pirâmide de vidro e seriam conduzidos diretamente às salas subterrâneas: uma para a Mona Lisa e outra para exposições temporárias.
O orçamento para a reforma do Louvre está estimado em 500 milhões de euros (2,7 bilhões de reais). Mas a economia francesa apresentou previsões de dívida e déficit piores do que o esperado, o que levou o governo de Macron a tentar reduzir as despesas do Estado em 25 bilhões de euros no seu próximo orçamento anual.
A Mona Lisa também foi palco de um protesto em janeiro, depois que ativistas atiraram sopa de abóbora nela. A pintura não sofreu danos, mas o incidente foi denunciado pela ministra da Cultura, Rachida Dati, como um ataque à herança francesa. As duas mulheres envolvidas no protesto ficaram presas uma semana, quando acharam que apenas assinariam um termo de ocorrência e voltariam para casa.
De fato, os governos de muitos países europeus decidiram enrijecer as leis contra os ativistas aumentando as sanções contra o eco-terrorismo. Todos estes ataques foram perpetrados por indivíduos com um sentido de justiça pervertido. Sob o pretexto de ativismo ambiental, envolvem-se em comportamentos destrutivos. O seu argumento baseia-se na pergunta retórica: - "O que é mais importante, uma obra de arte ou vidas humanas?"
Claro, ambos são importantes. Estas não são coisas que possam ser comparadas ou classificadas superficialmente. Não podemos legitimar atos que envolvam a destruição voluntária de obras de arte por indivíduos que consideram as questões ambientais de importância primordial. Exatamente o mesmo se aplicaria a alguém que acredita que a arte é mais importante decidisse destruir nosso planeta.
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