Os cachalotes são criaturas altamente sociais que percorrem juntos os oceanos do mundo, mergulhando profundamente em busca de lulas gigantes, seu alimento favorito. Enquanto nadam e caçam, esses enormes mamíferos marinhos se comunicam fazendo uma série de cliques rápidos que soam como uma combinação de "código Morse e pipoca estourando". Agora, com a ajuda da inteligência artificial, os cientistas estão começando a desvendar alguns dos mistérios que cercam o sistema de comunicação dos cachalotes, através de uma infinidade de sons que chamaram de "alfabeto fonético dos cachalotes". |
Os pesquisadores descreveram suas descobertas na terça-feira na revista Nature Communications, levantando a possibilidade de que os mamíferos tenham sua própria linguagem, assim como os humanos.
O novo artigo é o resultado de um esforço de pesquisa colaborativo denominado Projeto CETI, que significa "Iniciativa de Tradução de Cetáceos". Com a iniciativa, os pesquisadores ficaram curiosos para saber se os avanços no aprendizado de máquina e na computação poderiam ajudar a compreender as vocalizações das baleias.
Os cientistas registraram um clã de 400 cachalotes no Caribe entre 2005 e 2018, e estimam que pelo menos 60 indivíduos acabaram nas gravações. Usando algoritmos de computador avançados, eles detectaram padrões nos sons, sugerindo que a comunicação dos cachalotes pode ser mais complexa do que se supunha anteriormente.
Os cachalotes emitem uma série de cliques rápidos que os pesquisadores chamaram de "codas". Cada coda consiste em três a 40 cliques. Além de alterar o número de cliques que fazem em rápida sucessão, as baleias muitas vezes aceleram ou desaceleram o ritmo de cada coda. Os pesquisadores chamam isso de "rubato". Às vezes, acrescentam um "clique" extra no final de uma coda, que os cientistas chamam de "ornamentação".
Ao final, a equipe identificou 156 codas distintas, cada uma com seu rubato, ornamentação, andamento e ritmo. Por si só, essas codas podem ser simplesmente sons sem sentido. Mas quando combinados, eles poderiam somar algo semelhante a sílabas, palavras ou até mesmo frases.
Os pesquisadores ainda não sabem o que significa o repertório de cliques, se é que significa alguma coisa. Uma possibilidade é que os cachalotes estejam usando os cliques como forma de linguagem. Mas também é possível que os ruídos sejam mais parecidos com a música, que pode ter uma forte influência nas emoções sem realmente transmitir informação.
Agora que têm o alfabeto fonético do cachalote, os pesquisadores podem prosseguir com a descoberta de como os seus diferentes componentes se encaixam e, possivelmente, o que tudo isso significa.
Por exemplo, no futuro, os pesquisadores poderão ser capazes de combinar vocalizações com comportamentos específicos. Isso pode não produzir uma tradução exata da baleia para a linguagem humana, mas seria uma conquista incrível.
Aprender mais sobre como os cachalotes se comunicam também pode ser importante para a conservação. Categorizados como "vulneráveis" pela União Internacional para a Conservação da Natureza, os cachalotes ainda estão se recuperando da caça comercial feita pelo homem nos séculos XIX e XX. Embora esta caça às baleias tenha sido proibida há décadas, os cachalotes enfrentam agora novas ameaças, incluindo alterações climáticas causadas pelo homem, aumento do ruído oceânico, colisões com navios e emaranhamento em redes de pesca.
Se os pesquisadores soubessem o que os cachalotes estão dizendo, poderiam ser capazes de propor abordagens mais direcionadas para protegê-los. Além disso, traçar paralelos entre as baleias e os humanos através da linguagem pode ajudar a envolver o público em geral nos esforços de conservação.
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