O Zoológico de Taizhou, na província de Jiangsu, na China, fez um verdadeiro milagre. Há alguns dias é provavelmente o zoológico mais famoso do mundo por seus pandas. E ele conseguiu isso sem ter um único panda-gigante. Ele também não precisou de ursos, ou de qualquer coisa remotamente parecida com um. Se conseguiu infiltrar-se nos meios de comunicação de todo o mundo, é porque criou a sua própria versão de panda, criaturas com as quais queria aumentar o seu fluxo de visitantes e que acabaram se tornando virais. Para isso ele usou chow-chows e tinta. |
Bem, eles são cães. Ou pelo menos foi o que pensaram os responsáveis pelo Zoológico de Taizhou. Embora o gigante asiático seja famoso por ser o lar dos pandas e tenha até criado um peculiar sistema de diplomacia internacional em torno da sua figura, este recinto na província de Jiangsu não tinha quaisquer exemplares aos seus cuidados.
O fato de não terem pandas não significa, porém, que os responsáveis estivessem dispostos a desistir desses ursídeos tão populares, por isso decidiram criar sua própria versão: o chow-chow-panda, também apelidado de pandog.
Diz o ditado que "quem não tem cão, caça com gato". E os pandas de Taizhou são uma prova clara disso. Na ausência de pandas, o zoológico optou por pegar o chow-chow, a raça robusta e de pelos longos, nativa do norte da China, e submetê-los ao "tratamento" para torná-los o mais parecidos possível com o famoso urso comedor de bambu.
Os funcionários do zoo apararam os pelos e os pintaram de preto e branco, deixando as orelhas e os olhos escuros. Mas por que? Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Se é tão óbvio que não são pandas, por que mostrar exemplos de chow-chow customizados? Afinal, a cidade de Taizhou fica a alguma distância das florestas temperadas do sudoeste da China, onde os ursos são nativos. As explicações dadas pelo zoológico são no mínimo confusas. E serviram apenas para alimentar ainda mais a controvérsia.
Os responsáveis admitem que o recinto não reúne condições para albergar ursos, por isso decidiram improvisar:
- "Não há pandas no jardim zoológico e por isso queríamos fazer isto". A ideia, reconhecem, foi retirada da Internet com um propósito claro: - "Aumentar a diversão e o fluxo de visitantes."
Pode-se então dizer que houve engano proposital? Eles não veem dessa forma e a razão é simples: os bilhetes que os visitantes compraram por 20 ou 10 yuans falavam de xiong mao quan, que pode ser traduzido como "cachorros panda", embora a imprensa chinesa acrescente que a linguagem é enganosa. Alguns meios de comunicação chegam a afirmar que o centro estava publicitando uma "nova espécie" de panda.
As coisas provavelmente não correram como esperado no Zoológico. As imagens e vídeos de seus peculiares pandas acabaram viralizando nas redes e protagonizando crônicas em veículos de comunicação de todo o mundo. A sua decisão de mudar a cor do pêlo dos cães também rendeu à administração muitas críticas, embora o centro questione se poderia ser acusado de crueldade.
- "As pessoas também pintam o cabelo. Você pode usar tintura natural em cães se eles tiverem pêlo comprido", argumentou um porta-voz.
Claro que há quem se maravilhe com os chow-chow-pandas e os elogie, considerando-os fofos ou encantadores. A verdade é que A questão dos "cães-panda" pode parecer curiosa, principalmente atrás dos muros de um zoológico, mas o fenômeno não é totalmente novo. É conhecido há anos na Ásia, onde tem um nome próprio: "pandogs",que consiste nem mais nem menos em aparar e tingir o pelo de alguns cães para fazê-los parecer filhotes de panda. Pelo menos em 2004 existia uma loja de animais na província de Sichuan que já vendia chow-chow customizado desta forma.
A de Taizhou também não é a primeira controvérsia surrealista levada a cabo por um zoológico chinês: há menos de um ano, uma instalação de Hangzhou teve que negar que tinha um homem vestido de urso depois que circularam fotos de um animal em pé em um postura semelhante à dos humanos e com pele enrugada.
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