A Indonésia, o maior arquipélago do mundo, é conhecida por suas praias deslumbrantes e biodiversidade marinha. No entanto, recebeu outra distinção indesejável como o terceiro maior poluidor de plástico oceânico no Sudeste Asiático e o quinto no mundo, de acordo com a Revisão da População Mundial, atrás apenas das Filipinas, Índia, Malásia e China. A poluição plástica dos oceanos tem impactos extensos nos ecossistemas marinhos, na vida selvagem, na saúde humana e nas economias. Os animais marinhos ingerem poluição plástica ou ficam presos em sua teia, interrompendo habitats e cadeias alimentares e danificando recifes de corais. |
A poluição plástica não só danifica o oceano, mas também representa riscos à saúde humana por meio do consumo de microplásticos que entram na cadeia alimentar. Além disso, o plástico oceânico afeta as atividades econômicas, particularmente nos setores de pesca, turismo e gestão costeira. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) estima que o plástico oceânico causa US$ 8 a 14 bilhões em perdas nesses três setores.
Aprendemos sobre os perigos e perdas causados pelo plástico oceânico. Mas, como todo este plástico acaba no oceano? O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) relata que 80% do plástico oceânico vem de fontes terrestres.
O plástico oceânico vem principalmente de resíduos plásticos mal administrados que fluem para o oceano através dos rios. Um dos principais fatores que contribuem para a poluição plástica dos oceanos da Indonésia são as práticas inadequadas de gerenciamento de resíduos plásticos.
Um relatório do Banco Mundial de 2021 estimou que a Indonésia gera aproximadamente 7,8 bilhões de quilos de resíduos plásticos anualmente, dos quais 4,9 bilhões de quilos são mal administrados. Isso significa que o plástico não é coletado devido à falta de gerenciamento formal de resíduos, é descartado em lixões a céu aberto ou vaza de aterros sanitários mal administrados.
As condições geográficas e hidrológicas na Indonésia desempenham um papel na forma como o plástico migra de fontes terrestres para o oceano. De acordo com o relatório, os rios carregam e descarregam 83% da entrada anual de resíduos plásticos de fontes terrestres, enquanto apenas 17% são descartados diretamente ou levados embora das áreas costeiras.
Outro fator que contribui para o fluxo de resíduos plásticos dos rios para o oceano é a abundante estação chuvosa. De acordo com o mesmo estudo do Banco Mundial de 2021, a quantidade de resíduos plásticos que entram no oceano aumenta de duas a três vezes durante a estação chuvosa. A Indonésia é um país arquipelágico com mares quentes cobrindo 81% de sua área total de terra, levando ao aumento das chuvas. Na verdade, a Indonésia está entre os dez principais países do mundo em precipitação.
Tentando mitigar o problema, a organização sem fins lucrativos local Sungai Watch evita que cerca de 3 toneladas métricas de lixo entrem no oceano todos os dias com barreiras simples e trabalho manual. Fundada em 2020 por Gary, Kelly e Sam Bencheghib em Bali, a ONG tem hoje uma equipe de mais de 110 guerreiros apaixonados pelo rio, trabalhando todos os dias para criar soluções para impedir que o fluxo de poluição plástica vá para o oceano.
Ao projetar barreiras de lixo simples e operar um sistema de coleta, classificação e reciclagem, eles criaram uma abordagem escalável para lidar com a poluição plástica. O objetivo da equipe é instalar ao menos 1.000 barreiras nos rios mais poluídos da Indonésia.
Desde sua criação a organização coletou mais de 2 milhões de quilos de plástico, resultando em um enorme estoque de material. A Sungai Watch tem um centro de triagem onde todos os resíduos coletados são separados em orgânicos e não orgânicos. Os resíduos orgânicos são processados para fazer compostagem. Os resíduos não orgânicos são separados em vidro, metal, plástico e espumas.
O problema é que apenas cerca de um terço dos resíduos que eles coletam pode ser reciclado pela indústria local. Então a equipe teve que ser criativa com o resto. As sacolas plásticas, por exemplo, são o item mais frequentemente coletado e também o menos procurado em termos de valor futuro, o que levou a equipe a se concentrar na criação de uma coleção de produtos usando esse recurso facilmente disponível.
- "Coletar e acumular resíduos plásticos resolve uma parte do problema da poluição plástica. O segundo desafio é o que realmente fazer com todo esse plástico", disse Kelly. - "À medida que coletamos centenas de milhares de quilos de plástico, começamos a vê-lo como uma excelente fonte de material para produtos cotidianos que todos nós precisamos e usamos, desde móveis a pequenos produtos e até mesmo arte."
A ideia da Sungai Design é muito inteligente pois não visa a reciclagem para produtos de primeira linha e sim para criar produtos de plástico duráveis, como a cadeira Ombak, projetada pelo designer americano Mike Russek e fabricada em Bali usando processos que visam minimizar o desperdício durante a produção.
Os sacos plásticos são cuidadosamente lavados para remover quaisquer impurezas antes de serem triturados e prensados à quente para formar folhas duras e duráveis. Máquinas de corte CNC de precisão são usadas para esculpir os diferentes componentes, que são cuidadosamente moldados para minimizar o uso de material e não deixar sobras. Embora o design esteja disponível em três cores distintas o processo de reciclagem produz pequenas variações no tom e na textura do material, o que significa que cada cadeira tem uma qualidade única.
Acreditem ou não, um dos maiores conjuntos de plásticos que a ONG coleta são os solados de sandálias havaianas. Sim, os chinelos compreendem de 5 a 8% dos resíduos coletados. Foi assim que a equipe investiu em máquinas de limpeza e trituração que podem processar e decompor esses resíduos não em recursos secundários que podem então ser transformados em novos produtos. Eles fizeram parcerias com empresas de calçados visando transformar pilhas de sandálias descartadas em novas sandálias.
A princípio, a Sungai Watch fez uma parceria com uma empresa chamada Indosole para fabricar apenas 1.000 sandálias recicladas cujo objetivo era criar consciência sobre o problema do lixo nos rios. A sandália fez tanto sucesso, que, 3 anos depois, já vendeu mais de 200 mil pares.
Então o que pode ser feito para acabar com o plástico nos oceanos? Acabar com o plástico nos oceanos requer uma abordagem multifacetada, e o governo indonésio estabeleceu uma meta ambiciosa de reduzir o plástico nos oceanos em 70% até 2025. No entanto, o Banco Mundial identificou áreas-chave que exigem ação imediata para atingir essa meta.
Estabelecer uma infraestrutura de gerenciamento de resíduos nova e bem gerenciada e otimizar a infraestrutura existente é um passo crucial para impedir que resíduos plásticos cheguem ao oceano. O plano atual do governo foca principalmente no gerenciamento de resíduos urbanos, mas uma mudança de foco é necessária para incluir áreas rurais, especialmente em áreas próximas a cursos d'água oceânicos, que são as que mais geram lixo.
As comunidades indonésias não têm consciência do impacto negativo da poluição plástica no meio ambiente e no oceano, levando a práticas prejudiciais de descarte de resíduos, como jogar lixo em qualquer lugar, queimar resíduos plásticos e despejá-los em rios e no oceano. Para lidar com isso, campanhas nacionais de gerenciamento adequado de resíduos são necessárias para aumentar a conscientização da comunidade sobre práticas saudáveis de descarte de resíduos e desencorajar práticas prejudiciais. Essas campanhas devem ter como alvo específico as famílias em áreas rurais.
Uma economia circular que priorize a reutilização, recuperação e reciclagem de resíduos plásticos é outra maneira eficaz de parar a poluição plástica. Essa abordagem envolve reduzir o uso de itens plásticos de uso único e redesenhar produtos para serem mais sustentáveis. Para implementar essas mudanças de forma eficaz, instrumentos de política de custo-benefício, como impostos e incentivos, devem ser usados. Esses instrumentos de política podem incentivar a redução do consumo de plástico de uso único e encorajar a adoção de práticas sustentáveis, levando a um futuro mais sustentável para as gerações futuras.
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