A salamandra-errante (Aneides vagrans) pode passar a totalidade de sua vida de 20 anos sem nunca tocar o solo da floresta. Os tapetes exuberantes de samambaias que crescem no alto de galhos e nós enormes das sequoias são um lar perfeito. Mas por mais úmidos e aconchegantes que sejam esses tapetes, não estão isentos de perigos. Quando perturbadas, as salamandras-errantes dão um salto de fé para galhos mais abaixo. A façanha acrobática não é um mergulho frenético e descontrolado, senão que uma descida controlada. Os animais esticam suas caudas e pés em uma posição que lembra um paraquedista. |
Detalhes sobre este comportamento de planagem foram publicados em um estudo de 2022 na Current Biology, explicando como as salamandras-malhadas, nativas do noroeste da Califórnia, saltam de até 90 metros de altura quando precisam salvar suas vidas.
Esses anfíbios passam a maior parte de suas vidas nas copas das árvores, e o paraquedismo pode permitir que elas saltem para longe de predadores ou encontrem áreas nas sequoias com mais comida e parceiros. Mas como as salamandras conseguiam saltar de tais alturas não era totalmente compreendido. Os anfíbios não têm patágios, as membranas ou abas de pele existentes em outros lagartos planadores, sapos ou esquilos.
A salamandra é surpreendente porque não parece que ela deveria ser capaz de fazer nada no ar. Parece que vários animais evolutivamente tropeçaram em conjuntos semelhantes de características que envolvem comportamentos que os ajudarão a controlar seus corpos no ar.
O comportamento foi notado pela primeira vez por Christian Brown, um biólogo integrativo da Universidade Politécnica da Califórnia, em Humboldt, enquanto ele estudava os anfíbios em sua pós-graduação. Christian e seus colegas queriam saber se os hábitos de vida em árvores e a tendência de pular dos anfíbios estavam relacionados, e se as pequenas criaturas conseguiam controlar sua queda.
Para testar como as salamandras conseguem cair em galhos mais abaixo, Christian e sua equipe capturaram salamandras-errantes, salamandras-arbóreas (Aneides lugubris), salamandras terrestres, salamandras-pretas-salpicadas ( Aneides flavipunctatus) e salamandras -nsatina (Ensatina eschscholtzii. A equipe então jogou os anfíbios em um túnel de vento vertical para simular a queda de uma árvore e filmou os movimentos de cada animal.
Nos testes, as salamandras-errantes tiveram mais controle e usaram seus membros estendidos e cauda para se estabilizarem no ar e ajustar sua velocidade enquanto continuavam a cair.
- "Esperávamos que talvez as salamandras pudessem se manter eretas. No entanto, nunca esperamos observar paraquedismo ou planagem", disse Christian. - "Elas foram capazes de diminuir a velocidade e até mudar de direção."
Os pesquisadores descobriram que 10% de sua velocidade é reduzida quando as salamandras-errantes fazem a postura de paraquedismo enquanto caem. As salamandras também bombeavam agitavam sua cauda e moviam seus membros para mudar de direção.
A salamandra-arbórea também pode controlar sua descida, mas as outras espécies de salamandras terrestres não conseguem controlar a velocidade ou direção enquanto caem. A equipe agora está estudando como as salamandras-errantes conseguem recriar esses movimentos na natureza e investigando outras variáveis que podem afetar a queda.
Salamandras errantes têm algumas características anatômicas distintas que podem estar por trás de suas habilidades aéreas. Comparadas com outras salamandras que escalam árvores, seus corpos são um pouco mais achatados, seus pés maiores e suas caudas mais flexíveis. Brown e sua equipe também estão executando simulações de computador para entender como essas adaptações influenciam a maneira como o ar flui sobre os corpos das salamandras durante um salto.
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