Aquaristas estão pagando mais de 50 mil reais por único camarão

É típico dos japoneses colecionar coisas estranhas ou raras, e este é o caso de uma febre que começou em 2009, quando camarões pretos e brancos raros e minúsculos criados em Taiwan estavam sendo vendidos por mais de 4.500 reais a unidade para colecionadores no Japão, apesar da curta expectativa de vida de apenas 16 meses e dos problemas de reprodução. Antigamente nativo do sul da China, mas modificado por criadores em Taiwan, o mini-camarão precisa de água doce e estritamente pura com uma temperatura fixa para trocar suas cascas a cada poucas semanas e permanecer em forma o suficiente para se reproduzir.

A febre de criação destes camarões se espalhou pelo mundo e hoje, um único espécime do camarão-cristal (Caridina cantonensis) pode ser vendido por até 55 mil reais. Acontece que os preços dos camarões de aquário são determinados pela coisa que sempre gera preços ridiculamente altos: comportamento humano e escassez.

Com base na teoria da disponibilidade restrita, quando uma mercadoria é percebida como disponível apenas para certos indivíduos, as pessoas gostam de coisas raras, e o que determina se um camarão de aquário é comum ou raro, e, portanto, se pode ser vendido por R$ 10 ou R$ 10.000, é o quão difícil é criá-lo para seu layout particular de células pigmentares, que dão ao camarão sua cor e padrão.

Essas células vêm em um amplo espectro de cores, na natureza, no entanto, a camada superior da casca do camarão é composta principalmente de células pretas e marrons, dando ao camarão uma aparência preta e marrom manchada e feia. Mas em casos raros, pequenas mutações genéticas podem fazer com que as células alterem a ordem em que são empilhadas, o que muda a cor da casca e também pode mudar como as células pigmentares são dispostas na casca do camarão, o que muda o padrão.

E os criadores de camarão estão aproveitando a ampla gama de cores e padrões que podem resultar de mutações, criando seletivamente o camarão para produzir de forma confiável novas variedades de camarão impressionantes.

Os criadores passam anos procurando em tanques com centenas de alevinos para selecionar os melhores e criá-los e selecioná-los uma e muitas vezes para produzir camarões com cores e padrões raros específicos de forma confiável.

E as pessoas pagarão um prêmio pela raridade. Por que as pessoas valorizam a raridade depende da resposta de um psicólogo ou economista que você perguntar. Pode ser que as pessoas percebam a raridade como um símbolo de status.

Ou a quantidade limitada de um item faz com que elas sintam que estão impedidas de tê-lo, o que as faz querer mais. Ou as pessoas presumem que, como os preços sobem quando um item em demanda fica com pouca oferta, então qualquer coisa que seja única deve ser intrinsecamente valiosa.

Mas, independentemente do motivo exato, a maioria de nós já foi tentada a pagar uma quantia aparentemente irracional de dinheiro por algo sem nenhum valor intrínseco especial. Você provavelmente não compraria um camarão só porque ele é pintado de branco, que não é um crustáceo muito atraente comparado a alguns camarões relativamente baratos, mas por causa de sua raridade.

Gastar 55 mil em um crustáceo minúsculo, vida breve e reprodução complicada pode parecer um tanto ilógico, mas os criadores não parecem ligar muito para a lógica. Isto também parece ser parte de uma teoria da psicologia que enuncia que a indisponibilidade de uma mercadoria é percebida como uma ameaça à liberdade de um indivíduo de possuir essa mercadoria, tornando-a mais desejável. Sabe-se lá!?!