O bluegill (Lepomis macrochirus), sem nome em português, é um peixe endêmico do Estados Unidos, que pode alcançar no máximo 41 centímetros de comprimento e 2 kg de peso. Ele pertence a mesma família do nosso achigã (Micropterus salmoides) o que permite inferir que é considerado esportivo e brigador para ser retirado da água. Mas ele tem um truque: quando fisgado, se puder, ele se esconde dentro de tocos de árvores ou galhos submersos e o pescador perde toda a linhada. Este peixe costuma ser a primeira experiência de pesca de crianças norte-americanas. |
Mas sua característica mais distinta é a maneira bizarra de fazer filhotes. Bluegills, pelo menos à primeira vista, parecem usar táticas de acasalamento bem estereotipadas: os machos grandes e musculosos competem entre si por parceiras. O vencedor ganha um lugar privilegiado no fundo do lago e então cava um ninho, o que não é uma tarefa fácil para um peixe. Mas vale a pena quando as fêmeas vêm e escolhem os ninhos mais bonitos -que geralmente pertencem aos machos maiores e mais musculosos- e colocam seus ovos para esses machos fertilizarem.
Então, tudo leva a crer que os bluegills maiores sejam os pais de todos os filhotes, mas na realidade, apenas cerca de 70% dos alevinos são deles, o resto é realmente filho de machos muito menores. Muitos não são maiores do que as próprias fêmeas; na verdade, eles se parecem e agem exatamente como elas.
Eles entram nos ninhos como se fossem botar ovos lá dentro, mas, em vez disso, tentam fertilizar quaisquer ovos que já estejam lá. Os cientistas chamam esse fenômeno de "mimetismo feminino". Mas os imitadores não são os únicos que saem se esgueirando na frente dos parrudões vigilantes do ninho; há machos ainda menores e mais furtivos que espreitam nas sombras e, quando um grandão dá bobeira, os pequeninos disparam para o ninho.
É uma tática corajosa levando em conta que podem terminar no estômago do grandalhão, mas, o mais importante nesse caso, é botar chifre no grandão e transmitir sua herança genética no processo. Estes pequenos tem testículos 50% maiores, em comparação com seu corpo, do que os de um macho normal; com todo este esperma, ele é capaz de fertilizar quaisquer ovos que o grandão possa ter perdido.
Os bluegills grandes, médios e pequenos já foram classificados como espécies distintas, mas um estudo genético concluiu que são o mesmo peixe com diferentes tamanhos. Na verdade, os machos de várias outras espécies usam o mesmo trio de estratégias; certos pássaros, lagartos e isópodes aquáticos têm machos parentais, imitadores e sorrateiro. As sépias médias tem um das estratégias mais descaradas, elas chegam mesmo a namorar com o grandalhão para ter acesso ao ninho.
Mas, lógico, a imitação ou a furtividade nunca podem se tornar as principais estratégias de acasalamento. Machos enganadores precisam desses machos grandes e musculosos para construir ninhos para eles se esgueirarem. Eles também precisam dos grandões para atrair as fêmeas e proteger os filhotes.
Além disso, é preciso haver machos grandes suficientes por perto para que a mentira permaneça relativamente rara; quanto mais comum a mentira se torna, menos bem-sucedida ela é, e menos imitadores e sorrateiros conseguem se reproduzir.
Assim como o colibri, o bluegill é um dos poucos peixes que conseguem nadar para trás. O peixe utiliza suas nadadeiras peitorais para fornecer uma batida rítmica, enquanto as nadadeiras dorsal e anal produzem impulso para levar o peixe para trás. Essa é uma adaptação evolutiva muito útil para ele, pois o bluegill tem o costume de adentrar tocas apertadas onde não consegue se virar para poder sair.
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