O termo gaslighting -a forma de manipulação psicológica em que uma pessoa tenta fazer outra duvidar da sua própria realidade- ganhou tanta força no discurso popular tão recentemente que você juraria que foi cunhado por volta de 2010. Na verdade, esse uso específico remonta pelo menos a 1938, quando o romancista e dramaturgo britânico Patrick Hamilton escreveu um thriller teatral, chamado "Gas Light", sobre um marido que secretamente reorganiza as coisas na casa para fazer sua esposa acreditar que ela enlouqueceu. |
"Gas Light" provou ser um sucesso o suficiente para ser adaptado para o cinema dois anos depois, com as duas palavras de seu título simplificadas em uma. Você pode assistir "Gaslight", renomeado para "À Meia-Luz, no Brasil, de Thorold Dickinson logo abaixo e, se gostar, dê uma olhada no restante dos mais de 70 filmes literários reunidos nesta playlist do canal verificado do YouTube Cult Cinema Classics. O mais legal é que todos os filmes tem legendas em português.
Se você conhece a história do cinema, saberá que "Gaslight" foi refeito em Hollywood em 1944, dirigido por George Cukor e estrelado por Charles Boyer, Ingrid Bergman, Joseph Cotten e Angela Lansbury. Essa versão inspirou a música "Gaslighting Abbie" do Steely Dan, onde eu mesmo ouvi a palavra pela primeira vez.
Naquela época, a indústria cinematográfica americana olhava para a britânica em busca de material comprovado, material que a indústria cinematográfica britânica, por sua vez, havia encontrado na literatura.
Hoje, a adaptação literária parece ter se tornado uma prática relativamente de nicho em Hollywood, mas em meados do século XX, ela tinha um prestígio real: daí a ambição crescente de produções de muitos filmes da época, como "A Letra Escarlate", de 1934, ou a animação dos Estúdios Fleischer, "As viagens de Gulliver", de 1939, ou ainda "Jane Eyre", de 1970.
Naturalmente, esses filmes refletem suas próprias eras tanto quanto as visões de seus autores. Cada um desses filmes oferece sua própria maneira de considerar seu material de origem. E pareceria tão insano acreditar que alguns deles podem até ter influência ainda a exercer na cultura popular aqui no século XXI?
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