E, em cerca de metade da população humana, sua atividade causa caspa. Então, por que algumas pessoas têm mais caspa do que outras? E como ela pode ser tratada? Podemos nos considerar indivíduos, mas somos, na verdade, colônias. Nossa pele hospeda bilhões de micróbios. A malassézia se acomoda na nossa pele logo após nascermos.
Os folículos, pequenas cavidades onde crescem pelos em todo nosso corpo, são locais populares para essas leveduras habitarem. A malassézia adora esses esconderijos por conterem glândulas que secretam sebo que se acredita lubrificar e fortalecer os cabelos. A malassézia evoluiu para o consumo das proteínas da pele e de seus óleos.
Em razão dos muitos folículos que secretam sebo, o couro cabeludo é um dos lugares mais oleosos do corpo. Logo, um dos que mais têm leveduras. Conforme os fungos se alimentam dos óleos do couro cabeludo, pode se formar caspa. Isso ocorre pois o sebo é composto de ácidos graxos saturados e insaturados. As gorduras saturadas se encaixam perfeitamente.
Por outro lado, as insaturadas contêm ligações duplas que criam uma dobra irregular em sua estrutura. A malassézia come o sebo ao secretar uma enzima que libera todos os ácidos graxos do óleo, mas apenas consome os ácidos saturados, deixando os insaturados para trás. Estes restos de formato irregular se infiltram na pele e abrem a barreira desta, permitindo que água escape.
O corpo detecta estas rupturas e responde de forma defensiva, causando a inflamação que causa a coceira característica da caspa. Também faz as células proliferarem para consertar a barreira danificada. Geralmente a superfície da pele, a epiderme, se renova completamente a cada duas ou três semanas. As células epidérmicas se dividem, saem, morrem e formam a camada exterior da pele que gradualmente cai em células únicas pequenas demais para serem vistas.
Mas, com a caspa, as células se reproduzem rapidamente para consertar a barreira, significando que não amadurecem nem se diferenciam apropriadamente. Em vez disso, formam montes grandes e oleosos ao redor do folículo capilar que caem como flocos visíveis. É assim que o apetite voraz da malassézia e que a reação do corpo aos produtos derivados levam à caspa.
Atualmente, o jeito mais efetivo de se livrar da caspa é utilizar xampus anti-caspa ou com antifúngicos, aplicados diretamente no couro cabeludo para matar o fungo. Se caspa for oleosa, lave uma vez por dia com xampu com infusão de ingredientes como gengibre, melaleuca ou hortelã-pimenta. Eles podem potencialmente aliviar fungos no couro cabeludo e reduzir a coceira.
Para a caspa seca, use um xampu com ingredientes nutritivos, como babosa, mirra, ou Glicirrizina. Esses ingredientes fazem maravilhas na hidratação e no alívio do ressecamento e coceira do couro cabeludo, promovendo cabelos saudáveis e conforto geral.
Outra boa medida é enxaguar bem o cabelo e secá-lo suavemente após a lavagem, evitando água quente e secagem com secador em alta temperatura. Embora infecções fúngicas prosperem em ambientes úmidos, esta dica é relevante para todos os tipos de couro cabeludo e crucial para prevenir o crescimento de fungos.
Para os que têm caspa, ela geralmente vem e volta conforme a secreção de sebo varia por nossas vidas devido à mudança hormonal. Apesar da malassézia colonizar todos os humanos em mesmo grau, nem todo mundo tem caspa.
Algumas pessoas são mais suscetíveis. O motivo exato não é claro. As pessoas com caspa têm certa predisposição genética? A barreira de suas peles é mais permeável? Os cientistas estão investigando se pessoas com caspa, de fato, perdem mais água pelo couro cabeludo, e se é isso que faz as células da pele proliferarem.
Pesquisadores descobriram que a malassézia se comunica com nosso sistema imunológico por pequenas moléculas oleosas chamadas oxilipinas, que regulam a inflamação. Se conseguirem encontrar uma forma de inibir as oxilipinas inflamatórias e de estimular as anti-inflamatórias, podem desenvolver novos tratamentos.
Cientistas também investigam se há benefícios em nossa relação com a malassézia. Eles supõem que a caspa, que pode ser desconfortável e embaraçosa para nós, cria fonte de alimentação oleosa e confiável para a levedura. Mas a caspa não é contagiosa, nem é grande ameaça para a saúde. E a malassézia parece defender com excelência seu território, nossa pele, de outros micróbios mais danosos como o Staphylococcus aureus.
Então, até que os cientistas se aprofundem nos muitos mistérios que envolvem essa doença, pode-se dizer: a caspa continua sendo um problema de coçar a cabeça.
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