![]() | Em 27 de maio de 1941, o navio de guerra alemão Bismarck afundou depois de uma feros troca de tiros com um navio britânico, deixando apenas 118 de seus 2.200 tripulantes vivos. Mas quando um contratorpedeiro britânico foi recolher os prisioneiros, encontraram um sobrevivente inesperado: Oscar, um gato preto e branco agarrado a uma prancha flutuante. Nos meses seguintes, esse gato caçou ratos e elevou o moral britânico, até que um ataque repentino de torpedo destruiu o casco e afundou o navio. |
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Mas, milagrosamente, não o gato. Apelidado de Sam, o Inafundável, ele singrou os mares até Gibraltar com a tripulação resgatada e serviu como um gato de navio em mais três embarcações, duas das quais também afundaram, antes de se aposentar no Asilo Belfast para Marinheiros aos cuidados de Margaret Hill.
Embora os relatórios contemporâneos de 1941 identifiquem um gato chamado Oscar como sendo resgatado do Ark Royal, e sugiram que a tripulação do Ark Royal alegou que ele já havia estado a bordo do Bismarck, os detalhes de sua vida anterior são mais obscuros. Algumas autoridades questionam se a biografia de Oscar pode ser uma "história do mar", porque, por exemplo, há fotos de dois gatos diferentes identificados como Oscar (ou Sam).
Em fevereiro de 1942, Margaret se casou com um técnico americano, Paul Boone, e levou Oscar com ela para a América depois da guerra, onde chegou a participar de um programa de Rádio das Forças armadas onde miou para milhões de ouvintes antes de sumir definitivamente da história;
Muitos podem não pensar em gatos como marinheiros prestativos ou companheiros cooperativos de qualquer tipo. Mas os gatos têm trabalhado ao lado dos humanos por milhares de anos, os ajudando com a mesma frequência que nós os ajudamos. Então, como essas criaturas solitárias passaram de predador selvagem a oficial da Marinha e companheiro de sofá?
A domesticação do gato doméstico moderno pode ser rastreada até mais de 10.000 anos atrás, no Crescente Fértil, no início da era Neolítica.
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As pessoas estavam aprendendo a dobrar a natureza à sua vontade, produzindo muito mais comida do que os agricultores conseguiam comer de uma vez. Esses fazendeiros neolíticos armazenavam o excesso de grãos em grandes fossos e silos curtos de argila. Mas esses estoques de comida atraíam hordas de roedores, assim como seu predador, o Felis silvestris lybica, o gato selvagem encontrado no norte da África e no sudoeste da Ásia.
Esses gatos selvagens eram caçadores rápidos, ferozes e carnívoros. E eram notavelmente semelhantes em tamanho e aparência aos gatos domésticos de hoje. As principais diferenças eram que os gatos selvagens antigos eram mais musculosos, tinham pelos listrados e eram menos sociáveis com outros gatos e humanos. A abundância de presas em celeiros infestados de roedores atraiu esses animais tipicamente solitários.
E como os gatos selvagens aprenderam a tolerar a presença de humanos e outros gatos durante as refeições, achamos que os agricultores também toleravam os gatos em troca de controle gratuito de pragas. O relacionamento era tão benéfico que os gatos migraram com agricultores neolíticos da Anatólia para a Europa e Mediterrâneo.
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Ratos eram um grande flagelo dos sete mares. Eles comiam provisões e roíam linhas de corda, então os gatos há muito se tornaram companheiros essenciais de navegação. Na mesma época em que esses gatos anatólios que viajavam pelo globo zarparam, os egípcios domesticaram seus próprios gatos locais. Reverenciados por sua capacidade de despachar cobras venenosas, capturar pássaros e matar ratos, os gatos domésticos se tornaram importantes para a cultura religiosa egípcia.
Eles ganharam a imortalidade em afrescos, hieróglifos, estátuas e até tumbas, mumificados ao lado de seus donos. Gatos de navios egípcios cruzavam o Nilo, mantendo cobras venenosas do rio sob controle. E depois de se graduarem para embarcações maiores, eles também começaram a migrar de porto em porto. Durante o Império Romano, navios viajando entre a Índia e o Egito carregavam a linhagem do gato selvagem da Ásia Central Felis silvestris ornata.
Séculos depois, na Idade Média, gatos egípcios viajaram até o Mar Báltico em navios de navegadores vikings. E tanto os gatos selvagens do Oriente Próximo quanto os do Norte da África, provavelmente domesticados nesse ponto, continuaram a viajar pela Europa, eventualmente zarpando para a Austrália e as Américas.
Os primeiros gatos chegaram ao Brasil ainda antes dos navios negreiros. Esses gatos eram trazidos em navios por colonos portugueses para controle de pragas, armazenamento de alimentos e companhia no próprio navio. De fato, seus nomes eram gatos-de-navio e ajudaram a estabelecer um forte vínculo único entre humanos e animais.
Foi assim que eles se multiplicaram e prosperaram nas Américas como animais de estimação, vadios e predadores. Hoje, a maioria dos gatos domésticos descende da linhagem do Oriente Próximo ou egípcia de Felis silvestris lybica.
Mas uma análise detalhada dos genomas e padrões de pelagem dos gatos modernos nos diz que, diferentemente dos cães, que passaram por séculos de reprodução seletiva, os gatos modernos são geneticamente muito semelhantes aos gatos antigos. E além de torná-los mais sociais e dóceis, fizemos pouco para alterar seus comportamentos naturais.
Em outras palavras, os gatos de hoje são mais ou menos como sempre foram: animais selvagens. Caçadores ferozes. Criaturas que não nos veem como seus guardiões. E dada a nossa longa história juntos, eles podem não estar errados.
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