Harry Patch, o último soldado sobrevivente no combate das trincheras durante a Primeiro Guerra, apesar de seus 111 anos e frágil saúde, continuou utilizando todas as forças, até o final de seus dias, para advertir às gerações futuras sobre os horrores e a inutilidade da guerra. |
Entre as várias histórias que ele contava, uma merece especial atenção. Ele contava como, no início, os oficiais fuzilavam certos soldados da própria companhia por covardia depois de que eles, ao receberem uma ordem, ignoravam-a por completo. Não obstante, os soldados sabiam que não se tratava de covardia nem desobediência, senão que existia uma razão bem mais profunda e desalentadora para este comportamento que começava a surgir nos campos de batalha.
As condições da guerra tinham mudado, haviam se tornado bem mais intensas e estressantes e com o passar dos meses, o alto comando Britânico confirmaria esta suspeita, e daria a ordem a seus comandantes para não fuzilar estes homens que passaram a ser considerados "doentes de guerra". Prontamente todos criaram seu nome para esta condição: Kriegszitterer para os alemães, obusite para os franceses, e shell-chock para os americanos e britânicos.
Hoje esse mal é conhecido como desordem de estresse pós-traumático agudo. Não obstante, anteriormente, e anos após o aterrador combate nas trincheiras, durante a Segunda Guerra, os soldados começariam a referir-se ao fato informalmente como "o olhar da mil jardas" a partir de um artigo publicado pela revista LIFE em alusão à abstrata presença da pessoa em seu lugar físico. Era fácil reconhecê-los, homens sentados em trincheiras ou bunkers com seus olhares perdidos, olhando para o nada, muitas vezes sorrindo apesar de estar sob intenso fogo de artilharia, ignorando todo perigo ao seu redor como se suas mentes tivessem decidido escapar de seus maltratados corpos.
Na imagem em questão vemos um soldado australiano da Primeiro Guerra em um improvisado hospital de campanha depois da sangrenta Batalha de Ypres, com sua mão amputada junto a outros feridos. Sorridente, e completamente abstraído da sombria cena que lhe rodeia, o soldado tem seu olhar perdido no nada, como se encontrasse em um mundo a parte, afastado dos horrores da guerra.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários
Sorrizinho sem vergonha kkk
eu eim, peessoa estranha.
prá mim são variações de nomes ... de uma mesma doença: Stress
"War, war never changes" :|
Essa doença não é exclusiva de militares em campanha não. Muitas pessoas passam a sofrer da mesma doença, após conviver durante muito tempo em certos ambientes violentos das grandes cidades.
O que esse militar passou não é muito diferente do que acontece com muitas pessoas, principalmente nas favelas das grandes cidades.
Que horror os que ssess caras passaram hein
numa guerra ninguem ganha nada, só faz perder.
o que mete mais nojo e que aqueles homens que criam as guerras, muitas vezes sabendo que vai trazer beneficios para eles, ficam sempre de fora e nem se importam com quem esta a morrer e a sofrer a lutar por eles...
:clap: :clap: :clap: :clap: :clap: