Doutor Morte não poderá exibir cadáveres sexuais

O Tribunal Administrativo de Augsburgo, no sul da Alemanha, proibiu na última semana o polêmico médico alemão Gunther von Hagens de exibir cadáveres "plastinados" em posições sexuais na mostra "O ciclo da vida" por considerar que "supõe um atentado injustificado contra a dignidade humana que garante a lei para além da morte".

O Doutor Morte atingiu fama mundial por sua técnica desenvolvida para conservar cadáveres, batizada por ele mesmo como "plastinação", que lhe permite conservar todos os tecidos macios e expor os corpos em qualquer postura. Von Hagens patenteou este método em 1977, no Instituto Anatômico da Universidade de Heidelberg, onde trabalhava como físico e anatomista, e desde então tem centrado todos seus esforços em melhorar esta complexa técnica, para na qual emprega acetona, plástico, e silicone, entre outros agentes químicos.

Curiosamente, a composição com os dois cadáveres ficou exposta em Berlim todo o verão dentro da mostra "O ciclo da vida" sem que produzir polêmica alguma. Tomando como ponto de partida 200 cadáveres humanos, a exposição traça um percurso minucioso pelos segredos da anatomia humana, que vai desde a concepção da vida, com o ato sexual, até a morte.

O sistema nervoso completo, o esqueleto, as artérias, o cérebro, fragmentos de placenta, ossos de crânios, pés e inclusive órgãos com patologias, tais como fetos com hidrocefalia ou tumores, foram "plastinados" pelo Doutor Morte para essa mostra. "Plastinar" um cadáver por completo implica ao redor de 1.500 horas de trabalho.

O "plastinador da morte" iniciou em 1982 um programa de doador de corpos, através do qual toda pessoa que o deseje pode preencher um formulário e assinar uma documentação no qual doa seu cadáver.

Segundo os últimos dados, registrados em abril deste ano, o número de voluntários inscritos como doadores no arquivo do Instituto de Plastinação de Heidelberg -fundado em 1993-, já passa de 10.000 pessoas.