Todos já ouvimos falar de uma história sobre uma criança selvagem humana que viveu isolada do contato humano desde uma idade muito tenra, e sem nenhuma experiência (ou pouca) com o cuidado humano, longe do comportamento amoroso ou social, e, crucialmente, da linguagem humana. Histórias essas imortalizadas no cinema e nos livros com heróis da selva com Tarzan ou o garoto Mogli. |
O maior exemplo da vida real talvez resida na história das Irmãs lobo, Amala e Kamala que cresceram no meio de uma matilha de lobos. Algumas dessas crianças selvagens foram confinadas por pessoas, geralmente pelo próprios pais e, em alguns casos, este abandono comprometeu gravemente o desenvolvimento intelectual e físico da criança.
O caso é que, da pior forma, muitas se adaptaram ao meio, ainda que os detratores do evolucionismo digam o contrário, invocando a benção de divindades a histórias dessa natureza.
A adaptação é um dos conceitos de maior importância para a biologia evolutiva, que o próprio Darwin chamou de seleção natural. Entretanto, a adaptação não foi um conceito introduzido por ele, senão que remonta a tempos remotos, bem antes das ideias darwinistas sobre a evolução das espécies e o processo de seleção natural serem apresentadas à comunidade científica. A ideia é que todos os seres vivos têm características adaptativas que permitem com que desenvolvam uma certa harmonia com o ambiente, ajustando-se, assim, para a sua sobrevivência em um determinado local por mais estranho que seja à sua própria natureza.
Foi exatamente o que aconteceu com estas crianças selvagens que acabaram sendo criadas por animais ou se adaptaram a uma vida em um meio totalmente selvagem. A história conta pouco mais de cem incidentes como estes, dos quais vamos enumerar ao menos 10 deles na série Crianças Selvagens, iniciada em 2009 com o já citado artigo das garotas Amala e Kamala.
Rochom P'ngieng, foi uma menina selvagem cambojana nascida em 1979 que sumiu de casa quando tinha apenas 9 anos de idade e se perdeu na selva. Apareceu somente 19 anos depois, em 19 de janeiro de 2007.
O anúncio de seu aparecimento chamou a atenção da mídia internacional. Sua história foi equiparada com a de Mogli, protagonista do livro Rudyard Kipling, e ficou conhecida como "a menina da selva" já que se criou como uma menina selvagem.
Rochom perdeu-se na floresta próxima do sítio de sua família enquanto tomava conta dos búfalos com um primo. Foi descoberta 19 anos depois por um camponês quando tentava roubar comida em seu celeiro. O camponês entregou a moça à polícia local, dando-se a casualidade que um dos policiais locais era seu pai, que reconheceu nela uma cicatriz em suas costas. Os pais, no início, aceitaram submeter-se a testes de DNA para comprovar o parentesco, mas posteriormente revogaram seu consentimento.
Quando foi encontrada, a mulher tinha a pele suja e o cabelo desgrenhado até os calcanhares. Desde seus primeiros dias após ser achada começou a ter problemas para adaptar-se à civilização. Não sabia mais falar, emitia rosnados e se negava a usar roupas. Os policiais locais informaram que somente podia dizer três palavras, as correspondentes a “papai”, “mamãe” e “dor de barriga”. Preferia caminhar de cócoras em vez de erguida. Quando tinha fome ou sede, apontava a sua boca. Tinha que ser constantemente vigiada por sua família, já que continuamente tentava fugir, e sua mãe voltava a pôr a roupa que a mulher teimava em tirar.
Um jornalista do diário britânico The Guardian "levantou a lebre" de que, além da cicatriz que permitira a sua identificação por parte de seu possível pai, Rochom tinha outras cicatrizes, ainda mais notórias, e conspirou que suas extremidades não pareciam ter marcas de que tivesse vivido longo tempo na selva. Disse também que ela aprendeu a utilizar uma colher sem que fosse instruída e que acreditava que eventualmente ela poderia ter sido vítima de cativeiro no passado da própria família.
Pronto, foi o necessário para que uma organização de direitos humanos, Licadho, manifestasse seu temor pelo trauma que sofreria a mulher por seu regresso à vida civilizada enquanto especulava que podia ter sido vítima de abusos. Por sua vez, outra organização humanitária local, Adhoc, sustentou que o fluxo de visitantes podia acarretar estresse a Rochom. Ambos grupos ofereceram seu apoio para pagar despesas médicas para seu diagnóstico e tratamento.
Em 25 de maio de 2010 Rochom desapareceu e a mídia informava que teria fugido novamente com destino à selva sem deixar rastros. Seu pai disse que ela foi tomar um banho no poço atrás de sua casa e não retornou. Mas Rochom foi encontrada 11 dias depois em uma latrina a uns 100 metros de sua casa, segundo seu pai, Sal Lou. Um vizinho escutou-a chorando na fossa a 10 metros de profundidade:
- "É uma história incrível. Passou 11 dias ali, ninguém entende como sobreviveu", disse, acrescentando que estava empapada de resíduos até o queixo.
- "Ainda estamos pensando como conseguiu entrar ali", comentou. O banheiro ao ar livre, no caso, era apenas um buraco coberto de madeira, como as "antigas casinhas".
Rochom foi internada em um hospital depois de ser resgatada da fossa, mas tão logo cessou a ação do calmante, arrancou uma sonda intravenosa administrada por um médico e se negou a outros tratamentos.
Em setembro de 2010, relataram que ela estava aprendendo hábitos de saúde e habilidades sociais com membros da ONG Psicólogos Sin Fronteras. Já em maio de 2011 um relatório da mesma organização acrescentou que ela foi visitada pelos psicólogos pelo menos uma vez por semana.
No entanto Rochom preferiu continuar distante da sociedade. Hoje ela vive e dorme em um pequeno galinheiro perto da casa da sua família, que visita a cada três ou quatro dias para se alimentar. Ela ainda não fala, mas começou a fazer contato visual com algumas pessoas.
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Comentários
Realmente os pulsos estão estranhos. Acho que ela foi sequestrada ou coisa parecida.
qual o nome de outras crianças selvagens?
"INTERESSANTE"
Z Z Z Z Z Z Z . . . . . . . . . .
CAMBOJA = LIXO !!!
Lucy;
Há que se considerar que< em se tratando de uma história verdadeira, o que eu tenho minhas dúvidas, se ela tinha 9 anos, não sabia ainda falar totalmente, e mais, se ela ficou 19 anos no mato, sem falar com ninguem, o próprio cérebro dela se encarregaria de se desfazer daquelas informações que possuia, para dar lugar a outros conhecimentos e aprendizados. dezenove anos é muito tempo mesmo, não seria impossível desaprender tudo mesmo.
História interessante.
se ela fugiu com 9 anos de idade, ela ja sabia falar, estranho que ela desaprendesse e pelo olhar dela parece mais sofrer de depressão, trauma ou coisa assim....
Ela foi presa?
Tambem concordo com o Edgar Rocha, uma vez que uma criança de 9 anos perdida no mato não consegue sobreviver não. Além de todos os perigos existentes, há que se considerar tambem que uma criança assim não conseguiria alimento suficiente pra sobreviver, ainda mais tantos anos.
Tem tudo pra ser truta mesmo.
revolt4d4 observou com muita propriedade. Eu tambem tinha atentado pra esse detalhe, pois seus pulsos estão bem atrofiados.
Caso bem estranho.
Pelo pouco que sei, parece que a maioria destes casos é pura truta. Sensacionalismo e mentirada besta.
O mais estranho é que a moça voltou como se tivesse sido criada fora de sociedade, mas saiu com 9 anos, e já teve contato e vivência nesse meio.
Pela foto, parece que foi amarrada pelos pulsos.
Leio mais tarde.