Esta fotografia, ganhadora do prêmio Pulitzer, de 1969, é um símbolo da crueldade dos conflitos bélicos. Estamos ante uma das imagens mais estremecedoras do século passado. No entanto, pouca gente sabia (alguns ainda não sabem) a história por trás da captura. Mudaria em algo a realidade? Vejamos primeiro o contexto da foto. A Guerra do Vietnã (ou a Segunda Guerra da Indochina) aconteceu entre 1955 e 1975. O que em princípio ia ser uma Guerra Civil se transformou em uma grande guerra internacional com dois bandos muito diferenciados. |
Por um lado, a República do Vietnã com o apoio dos Estados Unidos e outras nações aliadas. Por outro, a Frente Nacional de Libertação do Vietnã (Viet Cong) e o exército da República Democrática do Vietnã com o apoio da União Soviética e China.
O resultado final foi devastador: calcula-se que morreram quase 6 milhões de pessoas. Como em todas as guerras, há centenas de fotos que refletiram a barbárie do que ocorreu. No entanto, uma se converteu no símbolo daqueles dias.
Ocorreu em 1 de fevereiro de 1968. Nguyen Ngoc Loan, um general sul-vietnamita atraiu a atenção mundial quando nesse dia atirou na cabeça de um prisioneiro algemado no meio de uma rua de Saigon, Nguyen Van Lem. A execução aconteceu ante um câmera da NBC e o fotógrafo Eddie Adams da AP.
A foto em preto e branco de Eddie ficou mundialmente conhecida e ganharia o prêmio Pulitzer no ano seguinte. Poucas vezes podemos sentir a crueldade de um conflito como nessa foto. De fato, percebemos uma brutalidade inegável no registro, mas inclusive o próprio Eddie Adams admitiu mais tarde que não contou toda a história e declarou que desejava não tê-la fotografado.
Observando a imagem fora de contexto, parece como se um oficial matasse um prisioneiro inocente, talvez inclusive um civil. Visto assim, poderíamos estar presenciando um selvagem crime de guerra.
De fato, essa é a razão pela qual a imagem foi adotada pelos manifestantes contra as guerras do planeta, em seu momento como arma de efeito moral contra a própria guerra do Vietnã. Agora bem, quando compreendemos a história por trás do homem que está sendo executado na foto, o razoamento por trás da execução cobra outro sentido.
A história real por trás da foto
Eddie contou que o nome do homem era Nguyen Van Lem, também conhecido como Capitão Bay Lop. Lem não era civil; era um membro ativo do Viet Cong. Não só isso, também era um assassino e líder de um esquadrão da morte que apontava e matava oficiais e famílias da Polícia Nacional de Vietnã do Sul.
Naquele dia, a equipe de Lem se infiltrou em Saigon com a firme intenção de matar vários funcionários públicos sul-vietnamitas junto a suas famílias. Ademais, seu principal objetivo era acabar com a vida do Major General Nguyen Ngoc Loan.
Pois se não fosse o bastante, Lem fora o responsável pelo assassinato de um dos oficiais mais antigos de Loan, o tenente-coronel Nguyen Tuan, bem como pela morte da esposa, seis filhos e a degola da mãe de Tuan.
O final já conhecemos, Lem foi capturado perto de uma fossa maciça com 34 corpos civis, que ele confessou-se orgulhoso de ter executado, e Loan se vingou com um disparo na cabeça, com o adendo de que, segundo o artigo 4 da Terceira Convenção de Genebra de 1949, a execução sumária de Lem foi provavelmente legal sobre o aspecto do direito militar.
O curioso é que mesmo assim, muitos seguiram ignorando a verdadeira história por trás desta foto. Os pacifistas continuaram mostrando-a como o símbolo da crueldade do exército com os cidadãos de Vietnã do Norte. Falso, ainda que sem o contexto necessário, seguia tendo a mesma força que a primeira vez.
Fonte: Wikipedia.
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Comentários
Puxando pela memória, nem de longe essa é a foto mais contundente que vi sobre atos de guerra.
O piloto australiano preso por japoneses e que foi condenado a morte por decapitação; o oficial mandou dar cabo dele por ele ter tentado uma fuga.
Em tempo de guerra a ultima coisa que dou ao inimigo é refresco.
"Na guerra e no amor vale tudo".
Senta o dedo nessa porra!
Inclusive guerrilheiros têm direito a condição de prisioneiros de guerra, desde que tenham uma identificação visível do grupo ou bando ao qual fazem parte. No caso de ser um grupo paramilitar que não foi capturado, mas se renda agitando uma bandeira, também. O sujeitinho ai havia acabado de matar mais de 30 pessoas, a maioria de civis, e um justiceiro social vai falar de amplo direito de defesa? Pode ser um crueldade e um covardia, mas quem disse que guerras são justas?
O problema grave sobre História e Ciências Sociais é exatamente esse: ser contado segundo a conveniência do momento.
Vi essa história em 1978 na revista "O Cruzeiro", li até o fim e mudei de ideia umas trocentas vezes.
Hoje? Faria o mesmo que o executor. Dane-se o que vão achar.
Estado de Guerra ou de exceção. Exatamente. É muito fácil falar agora sobre crueldade e covardia. Queria ver os compadecidos lá, perdendo toda sua família e falando em amplo direito de defesa.
Tribunal de guerra é assim mesmo, esta previsto na lei de vários países, com algo parecido no Brasil, corte marcial, estado de guerra ou exceção e etc. Faltou sim, transformar a execução em algo mais parecido com um tribunal, propagar os crimes e mal feitos de quem foi executado. Assim parece que o executado é a vitima. Falando nisso... inversão da situação, o criminoso é a vitima e o culpado é quem ostenta algo caro, ou ainda, coitado do estuprador, a moça é que mostrou o corpo demais. Acho que já vimos isso perto de casa na terra Brasilis...
Continua um ato covarde, cruel. Assassinar um prisioneiro algemado não tem nada de coragem, é covardia total, se era um criminoso, prendesse e julgasse com amplo direito de defesa.