Ainda que não tenha sido tão midiaticamente divulgado, devido a sigilosidade que a Gestapo reservava a esses casos, como foi "O calvário das viúvas da ocupação", vivido pelas francesas no pós-guerra, não há dúvidas de que as mulheres alemãs também foram publicamente expostas de forma pungente, malévola e tão desgraçada quanto, sendo obrigadas a percorrer as ruas com cartazes ao redor do pescoço proclamando seu crime: se apaixonar por um inimigo, inclusive àqueles relacionamentos que já existiam antes do conflito. |
As leis raciais alemãs foram rigorosamente aplicadas e as relações sexuais entre alemães e poloneses eram consideradas ilegais. O cartaz em volta do pescoço, desta foto rara feita em Altenburg, Thuringia, na Alemanha, em 7 de fevereiro de 1942, diz: "Ich bin aus der Volksgemeinschaft ausgestoßen!" ("Eu fui expulsa da comunidade nacional!").
Os nazistas publicaram os decretos poloneses (Polen-Erlasse) em 8 de março de 1940, que regulavam as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores poloneses usados durante a Segunda Guerra Mundial na Alemanha. Os decretos estabeleciam que qualquer "polonês que tenha relações sexuais com um homem ou mulher alemã, ou se aproxime de um de qualquer outra maneira imprópria, será punido com a morte". A Gestapo estava extremamente vigilante sobre as relações sexuais entre alemães e poloneses e perseguiu qualquer caso implacavelmente onde isso era suspeitado.
As pessoas suspeitas de ter relações sexuais com não-arianos foram punidas com a impugnação racial (Rassenschande) e julgadas nos tribunais ordinários. As evidências fornecidas à Gestapo para tais casos eram amplamente oferecidas por cidadãos comuns, como vizinhos, colegas de trabalho ou outros informantes. Não precisa ser muito inteligente para influir que muitos vizinhos que geriam algum grau de inimizade faziam denúncias vazias sobre tais relações.
As pessoas acusadas de impurezas de raça eram humilhadas publicamente e deviam percorrer as ruas com um cartaz no pescoço detalhando seu crime. Os condenados eram tipicamente sentenciados a prisão ou enviados pela Gestapo para campos de concentração nazistas. Como a lei não permitia a pena capital para a "corrupção racial", tribunais especiais foram convocados para permitir a pena de morte para alguns casos. De acordo com um artigo no Der Spiegel, entre 1936 e 1943, os nazistas acusaram 1.580 pessoas de impureza racial, sendo que 429 foram condenados.
No entanto, não há nenhum caso conhecido de uma condenação dos homens responsáveis pelos 200 mil filhos de alemães que nasceram durante a guerra em outros países, mais conhecidos como "filhos da ocupação" ou "desova nazista", estes sim, muitas vezes condenados, declarados deficientes mentais e, pasmem, utilizados indiscriminadamente como cobaias para testar medicamentos não aprovados.
O MDig precisa de sua ajuda.
Por favor, apóie o MDig com o valor que você puder e isso leva apenas um minuto. Obrigado!
Meios de fazer a sua contribuição:
- Faça um doação pelo Paypal clicando no seguinte link: Apoiar o MDig.
- Seja nosso patrão no Patreon clicando no seguinte link: Patreon do MDig.
- Pix MDig ID: c048e5ac-0172-45ed-b26a-910f9f4b1d0a
- Depósito direto em conta corrente do Banco do Brasil: Agência: 3543-2 / Conta corrente: 17364-9
- Depósito direto em conta corrente da Caixa Econômica: Agência: 1637 / Conta corrente: 000835148057-4 / Operação: 1288
Faça o seu comentário
Comentários