Feita pelo fotógrafo substituto do diário local, Gainesville Times, Todd Robertson, a manifestação não tinha muita ação para ser registrada. De acordo com notícias do dia, havia apenas 66 representantes da KKK, cercados por três vezes mais pessoal da polícia. A praça do centro da cidade estava vazia, com cerca de 100 observadores nas calçadas, principalmente para se manifestar contra a KKK.
Os supremacistas brancos eram moradores dos arredores ou de outras cidades, sem nenhum apoio local. A explicação é que já havia um certo constrangimento entre os próprios em participar de tais eventos, ainda que tivessem a identidade encoberta por seus capuzes pontudos.
Naquele dia, a maioria dos repórteres e fotógrafos se concentrava nos palestrantes da reunião buscando sinais potenciais de conflito. Mas Todd decidiu seguir seu feeling e acompanhou uma mãe e seus dois filhos, vestidos com túnicas brancas e capuzes.
Um dos meninos se aproximou de um policial, que mantinha seu escudo anti-motim no chão. Ao ver o seu reflexo, o menino tocou o escudo e Todd tirou a foto. Quase imediatamente, a mãe agiu e pegou a criança no colo. Mais tarde ela identificou o filho como "Josh" a Todd, antes de se perder entre os manifestantes. O momento foi fugaz, e quase ninguém notou, mas o fotógrafo registrou o momento único em sua câmera. Desde aquele momento, a fotografia tornou-se uma imagem icônica das relações raciais americanas e do postulado "Ninguém nasce racista".
O soldado Allen Campbell lembrou recentemente em um encontro com Todd:
- "Eu nem vi o garoto. Apenas olhei para baixo para ver o que estava batendo no meu escudo. E de repente vi um garotinho com uniforme da Klan. Acho que viu seu reflexo e estava curioso com sua imagem refletida. A criança era inconsciente do que estava acontecendo ao seu redor."
Allen disse que de imediato sentiu simpatia pelo menino. Ele fala que nem ele e nem o garoto optaram por estar lá naquele sábado do fim de semana do Dia do Trabalhador em 1992.
- "Fui convocado pela Patrulha Estadual. Sua mãe e seu pai o fizeram estar lá", disse Allen, que se aposentou com honras em 2009.
Essa foto é extremamente tocante e estranhamente inocente, se considerarmos as circunstâncias que a rodeiam. Você pode ver o sorriso de Allen quando o menino toca o escudo, sabendo que ele era simplesmente um produto do ambiente de ódio de seus pais. Sinto muito pelo garoto e me pergunto se ele cresceu para odiar ou se, com base nisso, é mais tolerante e compassivo do que seus pais racistas e intolerantes um dia foram.
Esta não é apenas uma foto comum, mas também um espelho. Basta vermos a foto com profundidade para termos certeza (ou não) de que não encontramos nosso reflexo escondido em seu plano de fundo.
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Comentários
O encontro do amor, a inocência prevalecendo....
Racismo é a coisa mais idiota que conheço.