Overbooking, espaços e assentos menores «cheiram a busão lotado» se comparados a era dourada das viagens aéreas

Na última semana falamos da possibilidade de implantação de assentos simplesmente ridículos para viagens, cujos trajetos não superem 2 horas, como um alternativa de oferecer preços mais baratos para os translados aéreos. Ok, se a proposta de oferecer passagens com valores mais em conta for realmente mantida, a ideia é válida, mas e se pressupormos que, com a passagem do tempo, essas classes de baixo custo se converterem na econômica e assim por diante, com seus inerentes custos?

Vamos voltar ao final da década de 30 quando as companhias aéreas introduziram as primeiras classes, luxuosas e ridiculamente caras, que se estendiam até mesmo para suítes aéreas.

No início dos anos 1960, a primeira classe foi reduzida em termos de recursos de luxos oferecidos, embora, os preços tenham se tornado mais acessíveis.

Claro, uma pequena porcentagem de passageiros hoje ainda desfruta do conforto da primeira classe, mas não é como costumava ser.

Pior ainda, os assentos da classe econômica tornaram-se "latas de sardinha".

E eu falo isso com propriedade pois já viajei em classes econômicas mediamente confortáveis e hoje só posso escolher a executiva.

Não porque eu tenha dinheiro para queimar e possa desfrutar de luxo e comodidade -ainda que goste, quem não gosta?-, senão porque o tamanho das minhas pernas não se acomodam à econômica.

A explicação é simples: 10 minutos depois do início do voo, o corno que está sentado a sua frente reclina o assento de forma que você é obrigado a se levantar ou enfiar o joelho na bunda do filho de rapariga. É complicado!

Quando vemos essas imagens da década de 1960 dos arquivos de fotos de viagens da Swissair, a coisa fica ainda mais desconcertante.

É aí que começamos a entender porque aquela foi chamada de Era Dourada das Viagens Aéreas.

Foram nesses anos que o passageiro mediano, mesmo na classe econômica, tinha bastante espaço para as pernas.

Na verdade, hoje em dia, a classe executiva é espacialmente muito semelhante ao que a econômica costumava ser.

Uma vez a bordo, todo o serviço era cortesia. Castanha de caju era lixo (entendedores entenderão!)

E como a proporção entre pessoal de bordo e passageiros era muito mais alta do que é hoje, você podia contar com um atendimento quase instantâneo em todas as suas necessidades (não lascivas, lógico).

Também devemos mencionar que, dita Era, contava com um design suntuoso.

Uma época na qual a experiência de voar -desde o visual da cabine, os uniformes das aeromoças, até a prataria- era imaginada por alguns dos melhores designers do mundo.

Mas tudo isso é, subjetivamente, "frescura", lógico.

Sobretudo porque depois da segunda... terceira viagem de longa distância tudo o que você quer é tomar um Xanax e dormir para chegar o quanto antes ao destino.

Mas não deixa de ser injusto com os passageiros de primeira viagem.

Isso foi verificado por uma pesquisa recente da Travel Advisor, cujos usuários indicaram que a pior parte da sua experiência de turismo internacional foi propriamente a... própria viagem.

Então, pode parecer que a ideia de viajar praticamente de pé em distâncias curtas seja viável (e talvez até seja economicamente).

O problema chegará quando for "frescura" viajar sentado. Ai meu joelho!