Às vezes me arrependo por ter feito Exatas e não História. A primeira é (e deve muito) ser balizada em evidências empíricas verificáveis. Na segunda há um lacuna, a do tempo, que nos permite peregrinar e comprazer fatos que não pode mais ser verificados, tornando tudo mais apaixonante a atraente. Vejam o caso desta história que nos permite ver um filme de guerra sendo transmitido ao vivo por nosso cérebro: a história do primeiro avião a jato no formato de asa voadora. |
Dizem que a ideia surgiu no final da SGM, quando os nazistas estavam em uma situação desesperadora que pedia medidas revolucionárias.
Nesse propósito de soluções extremas para medidas extremas surgiu o projeto Horten Ho 229, uma arma letal que cruzaria o céu sem ser detectado, o primeiro avião a jato em forma de asa do mundo.
Obra dos irmãos Major da Luftwaffe Walter Horten e seu Reimar, em 1944, ambos estavam já a dois anos desenvolvendo a ideia de uma novo caça de asas para Alemanha.
Hermann Göring, chefe da Força Aérea Alemã, deu sua permissão oficial aos irmãos para construir e testar vários protótipos.
O desenho do "asa voadora" eliminaria qualquer resistência desnecessária, e as superfícies, ao menos em teoria, proporcionaria o mínimo arrasto.
Um avião que permitiria uma configuração com um desempenho similar a um planador com asas que são mais curtas -e por tanto resistentes-, e sem a necessidade de sofrer a resistência imposta pela fuselagem.
O primeiro dos protótipos foi um planador pilotado com o qual obtiveram mais informações sobre o desenho e a construção das versões propulsionadas que viriam a seguir.
O segundo provou ter excelentes características aerodinâmicas durante um primeiro vôo de teste, mas no segundo o motor de estibordo falhou e, depois de duas horas de vôo, na tentativa do pouso, a aeronave tocou o solo, deslizou e tombou, matando ao piloto.
Os protótipos de número quatro, cinco e seis estavam sendo desenvolvidos quando terminou a guerra.
Seja como for, o Horten Ho 229 foi um dos aviões de combate mais incomuns testados durante a Segunda Guerra Mundial.
Finalmente não foi a "arma milagrosa" que buscavam os irmãos Horten, mas marcou a introdução a um conceito notável: a distribuição de elevação em forma de sino, um desenho que ainda está sendo estudado e testado exaustivamente por pesquisadores aeronáuticos.
De fato, e, como parece muito estranho, o avião ficou confinado durante muito tempo na mitologia. Após a guerra, Reimar afirmou que tinham tratado o exterior do avião com carvão para torná-lo invisível ao radar. Não parece que tenha sido assim: a equipe de pesquisa do Smithsonian não encontrou nenhuma evidência disso.
Pouco depois da guerra, os militares americanos recuperaram a seção central de Horten Ho 229 V3 (dois motores a jato, cabine, trem de aterrissagem e outras partes) dentro de um edifício de manutenção de estradas na Alemanha. Seus painéis de asa foram encontrados em uma localização diferente.
Essas duas últimas imagens são ilustrações de como veríamos este avião nos céus. Atualmente, o Smithsonian National Air and Space Museum expõe a única fuselagem sobrevivente do Ho 229, o V3. Uma preciosidade.
Fonte: Air Space.
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Comentários
Era uma tecnologia de 40 anos a frente das demais usadas em outras países.
Ficou confinado na mitologia para dar asas, literalmente, aos stealth. Quem pode duvidar que o B-2 Spirit é filho do Horten Ho 229? ^^
Como sempre, os alemães muito à frente do seu tempo...