Há pessoas que, de forma surpreendente, voltam à vida depois de experimentar um piripaque fulminante. Nesse caso, uma dessas pessoas foi Essie Dunbar. A primeira vez que li sobre ela, já faz muitos anos, sua história me perseguiu durante dias, porque tenho verdadeiro pavor só de pensar em ser enterrado vivo. Quantas pessoas já foram declaradas mortas sem que realmente estivessem? Quantas pessoas foram enterradas vidas? Quantas teriam morrido de fome e desespero arranhando o caixão? A função do velório em tempos de antanho era exatamente essa, velar o defunto para certificar-se que realmente estava morto. |
Pelo que sabemos, a referência de todas as histórias modernas sobre Essie Dunbar foi publicada por Jan Bondeson em seu livro "Buried Alive: The Terrifying History of Our Most Primal Fear". Ali Jan contou que, no verão de 1915, o médico de Blackville, no estado americano da Carolina do Sul, um tal DK Briggs, visitou uma mulher afro-americana de uns trinta anos. Essie acabara de sofrer uma convulsão epilética fortíssima.
Depois de examiná-la Briggs declarou a mulher morta. Essie tinha apenas uma irmã que vivia em uma cidade próxima, e devido a isso o velório atrasou mais do que o programado, com 3 pastores revezando na pregação durante o funeral. Pese que a cerimônia tenha sido longa, quando a irmã enfim chegou a Blackville, Essie já havia sido enterrada, fazia poucos minutos, a quase dois metros de profundidade no cemitério local.
Ocorreu que a mulher teve um piti e quase morreu também suplicando para ver o corpo da irmã. Ante seus apelos, as autoridades acabaram aceitando desenterrar o corpo da falecida para que a irmã pudesse se despedir dela. A história insólita acabou se espalhando de boca em boca e quando foram desenterrar a mulher, uma pequena multidão se acotovelava em torno da sepultura. Cavaram toda a terra, retiraram o caixão do buraco, sob as lamentações e choro da irmã; quando abriram o ataúde o que encontraram? Uma mulher vivíssima e sorrindo, pedindo um abraço.
Segundo descreveu Jan, naquele momento as pessoas presentes acharam que Essie era um fantasma e foi um verdadeiro "Deus nos acuda": os três pastores presentes caíram de costas no túmulo, o menor deles ficou com três costelas quebradas enquanto os outros dois o pisoteavam em seus desesperados esforços para sair do buraco. Os presentes no local começaram a gritar, correr e pular o muro do cemitério, inclusive a própria irmã, quando a mulher se levantou do caixão.
De fato, o ensaio de zumbi da mulher nunca foi esquecido durante os 47 anos que sobreviveu a seu primeiro enterro. Por muitos anos, Essie Dunbar foi vista com desconfiança no bairro onde morava, alguns vizinhos se benziam quando a viam pois achavam que ela era um zumbi que havia retornado dos mortos.
Quando a gente descobre que não há relatos contemporâneos da história de Essie Dunbar, a primeira reação é suspeitar. Como explicam em Snopes, a principal fonte da história data de décadas depois. Concretamente, do obituário do doutor DK Briggs. Efetivamente, o jornal Augusta Chronicle publicou em 25 de agosto de 1955 uma pequena nota que começa com uma frase genial:
- "Essie Dunbar sobreviveu ao médico que a declarou morta há 40 anos. [...] A mulher soube da morte do médico quando estava colhendo algodão hoje, muito viva, apesar de seu caixão ter sido lacrado quase meio século atrás."
Essie Dunbar realmente morreu em 22 de maio de 1962, mas essa pequena história foi se repetindo em jornais de todos os Estados Unidos durante as seguintes décadas até que foi publicada na revista britânica "Fortean Times", quando foi lida por Jan que a "enriqueceu" em seu livro.
Por isso, ainda que não existam provas diretas sobre a "exumação" de Essie, a maioria de eruditos sobre o tema e entusiastas de mortes estranhas dizem que o episódio realmente aconteceu. Ao menos, em uma de suas versões, como a de um outro médico, um tal de Doutor OD Hammond, que revelou a um repórter do mesmo Augusta Chronicle ter tratado as costelas quebradas do pastor baixinho, como resultado do incidente bizarro.
Verificar a veracidade literal da história apresentada agora mais de um século depois pode ser problemático, mas cabe aqui um velho e sábio adágio popular: "Onde há fumaça, há fogo!.
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