Em meados da década de 1840, o Império Britânico estava a todo vapor, operando colônias em todos os continentes além da Antártica. A chave para o domínio britânico do comércio mundial era a então colônia indiana, que fornecia algodão, madeira, mas também um dos inimigos mais tinhosos que o Império já enfrentara. Apesar de todo o sucesso mercantil, o Império Britânico quase foi derrubado pelo humilde e irritante "mosquito-prego" (Anopheles). A malária se tornou uma condição galopante nas colônias tropicais. Os primeiros sintomas eram marcados por febre alta, calafrios e vômitos. Em casos extremos, levava a convulsões, coma e morte. |
Em princípio, o desconhecimento de um tratamento efetivo, fazia com que a doença ressurgisse em vítimas anteriores, incapacitando aqueles que haviam lutado durante o primeiro contágio. O princípio de causalidade entre malária e insetos já era bem conhecido desde a ocupação romana do norte da África, mas apesar disso, os protozoários que os anofelinos transmitem -e que causam a doença- não foram descobertos até a virada do século XX. De qualquer forma já era conhecida uma medida preventiva, mas que tinha um gosto horroroso.
O quinino, derivado da casca da cinchona, nativa da América do Sul, era conhecido por, essas bandas, ser um tratamento eficaz para a malária desde o final do século XVI. A casca seca e macerada em pó foi enviada então para todas as bases do Império visando combater a malária e manter a presença britânica nas colônias.
O sabor desagradável do alcalóide amargo era uma queixa comum e, como remédio, os colonizadores começaram a misturar a substância com água e açúcar. Essa "água tônica" crua se tornou mais comum que água nas colônias e, em pouco tempo, os oficiais das forças armadas britânicas começaram a acrescentar esta nova e mais agradável dose de prevenção da malária à sua bebida preferida: o Gin, um favorito entre a elite militar, foi a escolha natural. E assim nasceu o Gin Tônica.
Talvez nunca se saiba quem foi o primeiro a misturar remédio contra malária com bebida alcoólica, mas a relevância histórica do Gin e da Água Tônica não deve ser negligenciada.
Evidentemente não estamos aconselhando ninguém a tomar uma Gin Tônica em um eventual contágio com Plasmodium, sobretudo porque o Gin que ajudou a curar os colonizadores britânicos também causou uma grande estrago aproximadamente um século antes.
Por cauda deste destilado a base de cereais e zimbro, em 1723, a taxa de mortalidade em Londres começou a superar a de natalidade. Esse crescimento vegetativo negativo se manteve na década seguinte e até 75% dos bebês morriam antes de atingir a idade de cinco anos. A bebida também ajudou a diminuir a fertilidade masculina.
As mulheres viciadas em Gin negligenciavam ou usavam a bebida para acalmar seus bebês, fazendo com que muitos nascessem deformados pela síndrome alcoólica fetal.
As mulheres, mais do que os homens, ficaram apaixonadas pelo Gin e por isso o destilado ganhou identidade feminina e apelidos como Deleite das Senhoras, Mãe Gin ou Madame Genebra.
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