O primeiro celular era um tijolão de 1kg que custava 21 mil reais

Obtemos a cultura que nossa tecnologia permite e, no século 21, nenhum desenvolvimento tecnológico mudou tanto a cultura como a do smartphone. Como acontece com cada peça de tecnologia pessoal que lutamos para lembrar como vivíamos sem, ela evoluiu a partir de uma série de antecessores mais simples que, não importa o quão desajeitados pareçam agora, foram recebidos como maravilhas tecnológicas em seus dias.

Martin Cooper, o engenheiro da Motorola que inventou o primeiro telefone celular portátil disse que, na primeira demonstração pública de uma chamada de celular em 1973, estavam preocupados com uma coisa, e não era com fazer história.

- "Não sabíamos que seria histórico de forma alguma", diz ele no vídeo da Bloomberg abaixo. - "Estávamos preocupados apenas com uma coisa: o telefone vai funcionar quando ligarmos?"

O dispositivo que Martin tinha em mãos era o protótipo que viria a se tornar o Motorola DynaTAC 8000X, o primeiro telefone celular portátil comercial. Isso era diferente dos sistemas de telefone para carro existentes que Martin acredita que o inspirou a desenvolver uma versão inteiramente portátil.

Lançado no mercado em 1983, pesava cerca de um quilo, levava dez horas para carregar uma bateria que durava apenas 30 minutos, não podia armazenar mais do que 30 números de telefone e custava 21 mil reais. Se atualizado, esse valor alcançaria hoje fácil quase 50 mil reais.

- "Ainda assim, os consumidores ficaram tão impressionados com o conceito de estar sempre acessível com um telefone portátil que as listas de espera para o DynaTAC 8000X chegaram aos milhares", disse o mestre de design da Motorola, Rudy Krolopp. - "Em 1983, a noção de simplesmente fazer chamadas de telefone sem fio era revolucionária."

38 anos depois do "tijolão" -como era conhecido o 8000X- nos acostumamos tanto com essa noção que muitos de nós quase nunca fazemos chamadas de telefone sem fio, preferindo nos comunicar em nossos telefones por meio de mensagens de texto ou de um universo em constante expansão de aplicativos baseados na Internet, isso para não falar dos outros aspectos de nossas vidas cada vez mais controlados por telas sensíveis ao toque do tamanho da palma da mão.

- "O smartphone moderno é uma maravilha tecnológica. É realmente incrível, todas as coisas que estão comprimidas naquele celular", diz Martin, que, no entanto, apesar da evolução surpreendente de sua invenção que representa, ele não está satisfeito. - "Achamos que podemos fazer um smartphone que faz todas as coisas para todas as pessoas, mas sabemos que ele não faz nenhuma dessas coisas perfeitamente. Ainda temos muito que fazer.

- "Se você estiver lendo isso em um smartphone, saiba que provavelmente tem em suas mãos o "tijolão" de 2059.