O ar condicionado é onipresente atualmente, mas não era assim faz algum tempo atrás. O ar frio era considerado um luxo disponível apenas em empresas comerciais. Isso mudaria na década de 1950, quando a Associação Nacional de Construtores de Casas (NAHB por sua sigla em inglês) juntamente com a Universidade do Texas em Austin elaboraram um plano para determinar se era economicamente viável levar ar condicionado central para residências. |
Até então, a única solução de ar condicionado disponível para uso residencial eram as unidades de janela, cujos preços abusivos não eram para qualquer bolso.
O NAHB entrou em contato com uma variedade de construtores e fabricantes de ar condicionado e pediu-lhes que construíssem uma vila nos arredores de Allandale, em Austin, no estado norte-americano do Texas, com 22 residências térreas diferentes, cada uma equipada com um equipamento de fabricante de ar condicionado.
Cada casa tinha aproximadamente 130 metros quadrado, com três quartos, um ou dois banheiros e garagens. As casas foram projetadas com características que tornavam o resfriamento mais fácil e eficiente.
Por exemplo, as paredes e tetos eram isolados, os telhados tinham saliências largas e paredes estendidas para criar mais sombra, as janelas eram estrategicamente localizadas para evitar o sol forte e as cozinhas e banheiros eram equipados com sistemas de ventilação.
Uma das preocupações iniciais era que os ventiladores seriam muito barulhentos. As máquinas eram enormes e feias, então muitos construtores usaram paredes externas baixas para escondê-las da vista. Em vez de usar dutos de metal, os construtores construíram todos os dutos com gesso dentro das paredes. De fato, um artigo de 1955 resumindo alguns dos resultados da pesquisa do projeto da Vila do Ar Condicionado afirma:
- "A má qualidade dos dutos era a maior dor de cabeça da construção."
Apesar dos muitos métodos de construção pouco ortodoxos, o NAHB não enfrentou falta de compradores. As casas foram vendidas a famílias que concordaram que os pesquisadores pudessem observar vários aspectos de sua vida doméstica por um ano.
A pesquisa abordou questões como o uso de eletricidade, eficácia do isolamento e várias questões de eficiência energética relacionadas ao projeto das casas. Depois que o estudo de um ano terminou, o NAHB relatou que as famílias passaram mais tempo em casa, dormiam mais, começaram a praticar hobbies, melhoraram o apetite e eram geralmente felizes.
As mulheres da vila de Austin também relataram menos sujeira e poeira na casa, o que por sua vez permitiu o uso de luxos antes desconsiderados, como tapetes, cortinas e estofados com cores claras.
O estudo concluiu que a melhoria substancial na qualidade de vida compensava o aumento do custo no uso de energia elétrica. Logo após a publicação da pesquisa, a definição padrão da família de classe média mudaria para incluir a propriedade de uma máquina de lavar, garagem para dois carros e ar-condicionado "central".
Ainda que as centrais de AC ainda sejam um luxo para poucos bolsos -pelo menos aqui no Brasil-, o "boom" das centrais fez o preço dos aparelhos de ar condicionado de janela despencar. Outro benefício trazido pela Vila do Ar Condicionado foi a criação de aparelhos menores (e mais baratos), com menos unidades térmicas britânicas (BTU). Afinal, ao contrário das salas comerciais, não era necessário mais um trambolho oneroso de 40.000 BTUs para resfriar um quarto ou uma sala de estar.
Algumas das 22 casas originais ainda estão de pé e ocupadas (acima), embora os aparelhos de ar condicionado originais tenham sido substituídos por outros modernos. Essas casas contam uma história fascinante sobre como essa pequena vila desempenhou um papel fundamental em trazer o ar condicionado para as residências de classe média.
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