Peixe glutão toca o terror em atol onde andorinhas nidificam

Desde que o documentário "Blue Planet", da BBC Earth, foi ao ar pela primeira vez em 2001, nossa compreensão da vida marinha mudou completamente. Ainda que a água cubra cerca de 70% da superfície da Terra, mal compreendemos as criaturas que vivem nessa imensidão submarina. Viajando dos mares polares gelados aos vibrantes azuis dos atóis de coral, esta série compartilhou novas descobertas surpreendentes. Nesse sentido, em um episódio de "Blue Planet II", de 2017, Sir David Attenborough narra as desventuras de andorinhas-do-mar em um atol.

Durante a estação seca, mais de meio milhão dessas andorinhas se aglomeram nidificando em um atol remoto no oceano Índico, especificamente o Atol Farquhar, nas Seychelles. Muitos dos filhotes que eclodiram já sabem voar, outros ainda estão aprendendo a abrir suas asas contra o vento.

Antes que possam alçar suas asas nas revoadas, elas precisam treinar um pouco. Então usam a lagoa rasa localizada no centro do atol como seu campo de treinamento. No entanto, esses primeiros voos são cansativos para suas asas ainda destreinadas e eles acabam caindo na lagoa. Em geral isso não representa um problema, porque aves marinhas podem nadar até as margens e se recomporem, mas aí nessas águas mora um perigo.

Esse perigo tem nome: Caranx ignobilis, mais conhecido no Brasil, como xaréu-gigante, da família de carangídeos que se destaca por sua bocarra. Predador oportunista de ponta na maioria de seus habitats, geralmente o xaréu é caçador solitário, mas cerca de 50 deles, aproveitaram a maré alta para entrar na lagoa atraídos por esta abundância de presas em potencial.

Note que eles não se contentam apenas com filhotes que caem na água. Com o tempo aprenderam a caçar andorinhas, inclusive adultas, infelizes o suficiente para voar baixo e serem abocanhadas pelo comilão.

Se as andorinhas quiserem sobreviver, elas devem aprender rápido, mas depois de um mês de prática na lagoa os franguinhos começam a sair e se arriscar sobre os perigos do mar aberto, mas ai já é outra história.