Os diabos-espinhosos da Austrália bebem água enterrando-se na areia

Eles podem parecer ferozes, para assustar os predadores, mas os diabos-espinhosos (Moloch horridus) são na verdade répteis muito plácidos e lentos. Caso os espinhos não sejam suficientes, a parte de trás do pescoço apresenta um apêndice de tecido mole em forma de botão espinhoso, às vezes chamado de "cabeça falsa", que ele apresenta a potenciais predadores, mergulhando sua cabeça real entre as patas dianteiras, deixando a cabeça falsa onde costumava estar sua cabeça real. Eles têm outro mecanismo de defesa no qual inflam o peito, fazendo com que pareçam maiores e mais difíceis de engolir.

Os demônios-espinhosos não podem lamber a água das poças porque sua boca evoluiu para se alimentar especificamente de formigas.

Os demônios-espinhosos são os chamados mirmecófagos obrigatórios: comem apenas formigas. Eles podem consumir milhares de pequenas formigas pretas por dia. Esses lagartos são predadores do tipo "senta e espera" que encontram um local de alimentação perto de trilhas de formigas e esperam que suas presas passem bem na frente deles.

Eles usam suas línguas pegajosas para capturar as formigas. Seus dentes são modificados para lidar com os corpos duros e quitinosos de suas presas, com os dentes mandibulares se encaixando perfeitamente entre dois dentes superiores para criar uma ferramenta de corte em suas bocas.

Os moloch andam de um jeito engraçado. A marcha incomum do lagarto-espinhoso envolve andar devagar, parando com frequência e balançando para frente e para trás. Esse movimento lento e trêmulo característico parece muito deliberado. Presumivelmente, seus movimentos bruscos e o congelamento frequente no local ajudam a escondê-los se um predador os avistar em campo aberto.

Eles depositam pelotas fecais distintas. Os excrementos do diabo espinhoso são esferoides prolatos pretos e brilhantes. Eles se desintegram facilmente para revelar os exoesqueletos de suas presas. Os animais tendem a ter locais de defecação específicos longe de seus locais de aquecimento e alimentação, e podem retornar ao mesmo local por vários dias.

Os demônios-espinhosos não podem lamber a água das poças porque sua boca evoluiu para se alimentar especificamente de formigas. Então, para se hidratar, os demônios-espinhosos coletam umidade no deserto seco pela condensação do orvalho em seu corpo à noite, durante chuvas raras ou roçando a grama coberta de orvalho e as plantas pendentes. A umidade coletada é canalizada para sua boca por meio de sulcos entre suas pontas por ação capilar, permitindo que suguem a água de todo o corpo.

Os cientistas estudaram as propriedades de absorção de água da pele espinhosa do diabo por mais de 40 anos. Mas no habitat dos demônios -os desertos áridos e as planícies arenosas do centro e oeste da Austrália- o que não ficou claro é exatamente de onde eles obtêm mais água além do orvalho.

Um estudo publicado em 2016 no Journal of Experimental Biology concluiu que uma das principais maneiras pelas quais os demônios espinhosos bebem é enterrando seus corpos na areia úmida e, em seguida, retirando a umidade dela.

Philip Withers, professor de zoologia na Universidade da Austrália Ocidental e coautor da pesquisa, disse que a pele notável das criaturas é fundamental para sua sobrevivência nas duras condições do deserto.

- "Claramente, é importante para eles, este sistema especial evoluiu e é realmente muito bizarro", disse ele. - "Eu acho que pode ser mais importante para as circunstâncias extremas. Você pega um pouco de chuva e a areia fica molhada, e então é muito importante ser capaz de sugar a água da areia."

Semelhante aos camaleões, os demônios-espinhosos também podem mudar de cor, indo para um amarelo claro e vermelho em clima quente e para cores mais escuras em clima frio. Eles passarão por esse processo ao longo do dia, mudando com o sol, a temperatura e os níveis de atividade.