Em 1995, mergulhadores visitando a ilha de Amami Ōshima, a maior ilha do arquipélago Amami, entre Kyushu e Okinawa, no Japão, notaram alguns círculos misteriosos no fundo do mar do Estreito de Ōshima. Com a passagem dos anos mais mergulhadores se depararam com as formas intrincadas, medindo cerca de 2 metros de diâmetro. Os cientistas viram gravuras do círculo na areia, mas não tinham a mínima ideia do que estava criando os desenhos geométricos. O mistério permaneceu até 2014, quando pesquisadores descobriram uma nova espécie de baiacu na área. |
O presidente do Grupo de Pesquisa da Vida Marinha Amami conseguiu filmar o momento exato que o baiacu fazia leito de desova intrincado nas águas perto da cidade de Setouchi Seisui, na costa sul de Amami Ōshima, em uma profundidade de cerca de 27 metros.
Mais tarde ele veio a descobrir que aquela pequena espécie da família de tetraodontídeos ainda não tinha sido descrito pela ciência. Ele era a décima espécie de Torquigener descoberta.
Batizado de baiacu-de-mancha-branca (Torquigener albomaculosus) o peixe foi listado entre as 10 descobertas de novas espécies mais espetaculares daquele ano.
Na época do acasalamento ele expressa suas intenções por meio da arte. Como dizíamos, durante anos, os cientistas ficaram perplexos com os desenhos intrincados, semelhantes a mandalas, feitos no fundo do mar a partir de pedaços de conchas e corais.
Como se vê, o artista por trás desses círculos subaquáticos é o baiacu, que passa cerca de seis semanas criando o cartão gigante na esperança de atrair uma companheira.
Quando a garota certa nadar por ali, ela dará o toque final: uma pilha de ovos bem no meio de sua obra-prima. O baiacu-de-mancha-branca é a única espécie que elabora estes ninhos intrincados.
De fato, apenas os peixes encontrados no mar ao largo da costa de Setouchi em Amami Ōshima são conhecidos por criar esses leitos de desova. A temporada de desova atinge seu pico em junho e continua até o início de julho.
No ano passado, pesquisadores da Universidade de Osaka reconstruíram um modelo 3D desta estrutura pela primeira vez usando um algoritmo de "estrutura de movimento". O círculo misterioso construído pelo baiacu pode ter aplicações potenciais para biomimética semelhantes às estruturas construídas por cupins.
No estudo publicado na revista Nature os pesquisadores sustentam a significância das características estruturais do ninho, observando que a água que passa pelo vale a montante sempre se concentra no centro da estrutura, independentemente da direção do fluxo de água.
Além disso, tem a função de extrair partículas de areia de grão fino dos vales e direcioná-las para o centro. Ou seja, o baiacu-de-mancha-branca não somente é artista senão que também engenheiro.
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