Conheça o fantasma da floresta: o raro e incapaz de voar Cagu

A quinta série que habita em mim saúda a quinta série que habita em você ao ouvir o nome desta ave em sua terra natal: o Cagou está entre as aves mais elegantes e enigmáticas do mundo, ele é admirado por sua beleza única e características estranhas. Restrito às densas florestas montanhosas e matagais de Grande Terre, a principal ilha da Nova Caledônia, o cagu é a única espécie viva de seu gênero e família. Com sua plumagem cinza azulada e uma impressionante crista que se abre durante o namoro e disputas, ele capturou a imaginação daqueles que tiveram a sorte de encontrar um na natureza.

Seus gritos altos, que ecoam por grandes distâncias nas primeiras horas da manhã, inspiraram a população indígena da Nova Caledônia, os kanaks, a se referir a essa ave misteriosa como o "fantasma da floresta".

O nome científico do cagu, Rhynochetos jubatus, vem da palavra grega rhis, que significa "nariz", e chetos, que significa "milho", se referindo às pequenas estruturas que ficam sobre as aberturas nasais de seu bico. Conhecidas como "calos nasais", essas características nunca foram encontradas em outra espécie de ave no mundo.

Acredita-se que talvez o cagu tenha desenvolvido seus calos nasais para evitar que poeira e outras partículas entrem em suas narinas, porque ele passa muito tempo com o bico na terra, fuçando em busca de caracóis, insetos, lagartos e vermes. Ele passa toda a sua vida no chão; na maioria das vezes, essa ave quase incapaz de voar usa suas grandes asas apenas para exibições e para planar por curtas distâncias ao fugir do perigo.

Quando ameaçado, o cagu abre suas asas e as apontará para seu predador, na esperança de confundi-los. Como você pode ver na foto abaixo, isso pode ser bastante imponente:

Infelizmente, os cagus estão em uma posição muito precária. Estima-se que existam menos de 2.000 indivíduos na natureza, devido a ameaças como cães e gatos assilvestrados.

Em 2017, uma grande população de cagus no Parc des Grandes Fougères, um refúgio de vida selvagem na Nova Caledônia, foi dizimada depois que dois cães mataram metade de todos os indivíduos marcados por rádio em dois meses. A população era estimada em 1.000 indivíduos na época, mas os ataques resultaram na destruição de mais de 75% das famílias de cagu no parque.

Abundante no passado e quase extinta no século XIX, por causa de suas penas de crista, que eram apreciadas pelos criadores de extravagantes chapéus femininos dos anos 1900, além de ter seu habitat ameaçado por espécies invasoras, a espécie está agora classificada como ameaçada de extinção.

Alguns cientistas suspeitam que o parente mais próximo do cagu seja o cagu-das-terras-baixas (Rhynochetos orarius), extinto há muito tempo. É conhecido a partir de ossos parcialmente fossilizados encontrados no sítio paleontológico Pindai Caves em Grande Terre.

Durante os rituais de namoro e disputas territoriais, os cagus levantam suas cristas, empinam o peito, ficam eretos e altos, abrem suas asas e "dançam" um ao redor do outro. Às vezes, essa dança pode se desenrolar de maneira um tanto desajeitada, como demonstram esses cagus.

O cagu é a ave nacional e adotada como emblema da Nova Caledônia, habitando densas florestas de montanha entre os 100 a 1.400 metros de altitude. Aqui mais algumas imagens de um cagou mostrando suas habilidades defensivas.

O cagu teve um papel importante na vida tradicional das tribos kanak da Nova Caledônia. Muitas pessoas receberam seu nome, seu brasão era usado nos cocares dos chefes e suas chamadas foram incorporadas às danças de guerra e consideradas mensagens a serem interpretadas.

Hoje, o cagu é considerado muito importante na Nova Caledônia; é uma endemia de alto perfil. Seu canto característico costuma ser tocado para a nação todas as noites quando a estação de TV da ilha sai do ar. A sua sobrevivência é considerada importante para a economia e imagem do território.