O próximo Papa

Angelo Scola: 63 anos, cardeal italiano, patriarca de Veneza, é um dos nomes recentes na lista das apostas do prelado italiano. Promove as visões conservadoras da igreja sobre sexualidade, aborto e casamento. Foi ordenado padre em 1970 e nomeado cardeal em 2003. Doutor em Teologia e Filosofia, nasceu em Malgrate, perto de Milão.

Angelo Sodano: 77anos, cardeal italiano, homem forte da igreja é o número "um" na hierarquia depois da morte de João Paulo II, secretário de Estado do Vaticano, foi escolhido por João Paulo II para anunciar em maio de 2000 o terceiro segredo de Fátima (previsão de Maria sobre o atentado do papa). Ficou conhecido quando destacou-se como Núncio no Chile de Pinochet. Nasceu em Isola d’Asti.

Bernardin Gantin: 83 anos, cardeal africano, prefeito emérito da Congregação para os Bispos, presidente emérito da Comissão Pontifícia para América Latina. Nasceu em Toffo, em Benin (África ocidental). Papável somente por ser grande amigo de  João Paulo II. Idade avançada e cor reduzem suas chances.

Camillo Ruini: 74 anos, vigário-geral da diocese de Roma, auxiliar próximo de João Paulo II e presidente da Conferência Episcopal Italiana. É considerado conservador e sempre aparece entre os cinco mais cotados nas listas dos preferidos dos vaticanistas. Italiano de Sassuolo.

Carlo Maria Martini: 77 anos, cardeal italiano, de perfil liberal, arcebispo emérito de Milão, uma das maiores arquidioceses do mundo. Com problemas de saúde, aposentou-se em 2002 para se dedicar ao estudo de textos bíblicos. Dificilmente será eleito por ser reformista e defender a contracepção e ordenação de mulheres.

Christoph Schönborn: 60 anos, cardeal austríaco, arcebispo de Viena, dominicano, descrito como corajoso, articulado e carismático. É um dos mais jovens cardeais e isto pode ser uma desvantagem na sucessão. Foi o primeiro a dizer que o papa estava próximo da morte, em 2003.

Cláudio Hummes: 70 anos, arcebispo metropolitano de São Paulo, franciscano, nasceu em Montenegro (RS). Progressista em questões sociais (apóia a Teologia da libertação de Boff), mas conservador em relação à doutrina da igreja, foi bispo da diocese de Santo André (ABC paulista), entre 1975 e 1996. Contestou o regime militar e apoiou greves.

Darío Castrillón Hoyos: 75 anos, cardeal colombiano, prefeito da Congregação para o Clero, do Vaticano. Para alguns especialistas, é um dos favoritos entre os nomes da América Latina. É descrito como enérgico, poliglota e hábil. Estudou sociologia religiosa e economia política. Nasceu em Medellín - Colômbia.

Dionigi Tettamanzi: 71 anos, arcebispo de Milão, maior reduto católico da Europa. Nome forte entre os italianos, é tido como um moderado, mediador entre os liberais e conservadores. Em 2001, apoiou protesto antiglobalização na cúpula do G-8 em Gênova.

Francis Arinze: 72 anos, cardeal nigeriano, líder da Igreja na África, amigo próximo de João Paulo II, considerado um conservador, mas um interlocutor crucial para melhorar o diálogo do Vaticano com grupos muçulmanos, budistas e hindus, principalmente nos países pobres. Africano, filho de um chefe tribal, até poucas semanas atrás era tido como o próximo papa. Dificilmente será eleito por ser negro e , dizem alguns, por não ser agraciado com a simpatia do padre Peter Hans Kolvenbach General dos Jesuítas.

Giovanni Battista Re: 72 anos, cardeal italiano, prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para América Latina. Foi auxiliar próximo de João Paulo II e principal articulador da visita do papa a Terra Santa. É especialista em direito canônico. Nasceu em Borno, cidade da província de Brescia (região da Lombardia).

Godfried Danneels: 61 anos, arcebispo de Bruxelas (Bélgica), salesiano, é um líder moderado. Em 2000, surpreendeu o mundo ao falar publicamente sobre a renúncia de João Paulo II. Também sugeriu o uso de camisinha pelos portadores do vírus da Aids ao manter relações sexuais.

Ivan Dias: 69 anos, diplomata e arcebispo de Bombaim. Ordenado Cardeal em fevereiro de 200. Começou sua carreira no corpo diplomático do vaticano a partir de 1965 passando por vários países nórdicos, africanos, Coréia e Albânia. Grande azarão já que sua indicação é mais uma prestação de contas aos católicos asiáticos. 

Jean-Marie Lustiger: 79 anos, arcebispo de Paris. Os pais, judeus poloneses, migraram para França e foram perseguidos pelo nazismo. A mãe morreu no campo de concentração de Auschwitz. Foi mecânico. Escritor prolífico, publicou vários sermões. Já foi criticado por rabinos israelenses.

Joseph Ratzinger: 77 anos, cardeal alemão, ultraconservador, um dos mais poderosos do Vaticano, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão ortodoxo, antigo Tribunal da Inquisição. Defende idéias "medievais" da igreja, dizem críticos. Candidato forte mas nacionalidade alemã é vista como desvantagem na escolha.

Lubomyr Husar: 72 anos, cardeal ucraniano, é o líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, cujos ritos seguem padrões ortodoxos. É o azarão mais considerado por ter carisma e mostrar-se humilde e generoso. Nasceu em Lviv. Viveu nos EUA, onde ensinou em um seminário.

Miloslav Vlk: 72 anos, arcebispo de Praga, é líder da igreja nos países do Leste Europeu desde o fim do comunismo. Acompanhou o conflito de Kosovo em 1999 e denunciou a expulsão dos albaneses do sul da Iugoslávia. Tem bom relacionamento com os líderes da igreja na Itália.

Norberto Rivera Carrera: 62 anos, arcebispo do México, um dos maiores países católicos do mundo. Considerado liberal em questões sociais e conservador em matéria de doutrina da igreja, ele incentiva protestos contra aumento de impostos, contra a violência e a corrupção política.

Oscar Andres Rodríguez Maradiaga: 62 anos, arcebispo de Tegucigalpa (capital de Honduras), salesiano, um líder da igreja em ascensão na América Latina, atua em campanha de direitos humanos e acompanha a discussão com o FMI sobre a dívida dos países pobres. Carismático, é contrário ao neo-liberalismo econômico e defende a globalização da solidariedade. Candidato forte apesar da pouca idade.

Pio Laghi: 82 anos, cardeal italiano, enviado de paz de João Paulo II com a missão de evitar a guerra do Iraque. Dificilmente será eleito pois  foi acusado de cooperar com o regime militar argentino quando Núncio em Buenos Aires nos anos 70. Conviveu com madre Teresa de Calcutá (1910-1997), que o defendeu.

Roger Etchegaray: 82 anos, cardeal francês, foi arcebispo de Marseilles entre 1970 e1984. Nasceu em Espelette. No início de 2003, foi enviado em missão de paz ao Iraque e conversou com então ditador Saddam Hussein. Presidiu a Comissão Pontifícia para Justiça e Paz entre 1984 e 1998.

Tarcisio Bertone: 70 anos, arcebispo de Gênes, 70 ans. Secretário da Congregação do Vaticano pela Doutrina, ordenado Cardeal em 2003 é o responsável por rechaçar a obra de Dan Brown - O código da Vinci.

Telesphore Placidus Toppo: 65 anos, arcebispo de Ranchi-India. Ordenado Cardeal em 2003, é o atual presidente da Conferência dos católicos indianos. Destaques em trabalhos sociais. Outro azarão.