Eu quero ter cencinquenta amigos e bem mais forte poder tuitar

No início dos anos 90, o genial antropólogo britânico Robin Dunbar estudou os grupos sociais de vários tipos de primatas e estabeleceu que estes mantinham contato com uma quantidade limitada de parceiros e que o tamanho de seu círculo de amizades tinha direta relação com o tamanho de seu cérebro. Tal característica seria devido a quantidade de indivíduos limitada pelo volume cerebral.

Dita medida logo extrapolou ao ser humano e indicou que a capacidade de amigos que pode ser mantida por nossa espécie na cabeça atinge os 150. Desde então, foram feitos vários estudos buscando determinar a quantidade de pessoas com as quais uma pessoa pode manter um contato regular e a conclusão é que o antropólogo estava bem correto.

Isto foi historicamente desta maneira, mas a internet mudou (e facilitou) substancialmente a maneira com a qual conhecemos novas pessoas com a irrupção das redes sociais. Não são poucos os que alardeiam aos quatro cantos ter centenas e milhares de amigos ou seguidores. Por isso, poderíamos supor que Twitter e Facebook estejam ajudando a esticar o número de Dunbar levando-o ao patamar desejado pelo meu amigo Roberrrrto Carrrrlossss.

Mas um grupo de pesquisadores da Universidade de Indiana, liderado por Bruno Goncalves acha que o número permanece invariável. Estudaram uma rede de contatos de três milhões de usuários do Twitter durante quatro anos, sobre um total de 380 milhões de tweets.

Partiram da base de que seguir ou ser seguido não determina efetivamente a existência de um vínculo próximo, senão que devem existir conversas; intercâmbio de mensagens, e estes devem ser sustentados durante algum tempo. Assim, notaram que os usuários ao entrar no Twitter, aumentam suas amizades até o momento em que se sentem chateados, ponto em que diminuem a frequência de diálogos com contatos menos importantes e passam a concentrar-se nas pessoas com as quais têm uma maior proximidade. E esse ponto de saturação encontra-se entre 100 e 200 pessoas; tal como postulou Dunbar.

Desta maneira, as redes sociais permitem aumentar consideravelmente a quantidade de pessoas com as quais uma pessoa se relaciona, mas não altera sua capacidade de socializar e, por mais que tentemos, não poderemos manter um vínculo próximo com mais de 150 amigos.

Eu sei que o pessoal que frequenta o MDig não é muito chegado às redes sociais, muito menos ainda no Twitter, mas é quase certo que a maioria tem tem uma conta esquecida lá em algum lugar do Orkut. Fica aqui então uma pergunta: quantas pessoas (sem olhar, conta ai agora na mão) você lembra da sua lista de amigos da rede social? Eu achei que não chegaria a duas mãos cheias, mas fazendo força acabei lembrando de 31 pessoas da minhas lista de 63 e você?

Fonte: Technology Review.