Algumas coisas repugnantes e nojentas que provavelmente você já comeu hoje

Contam as lendas urbanas que visitar uma fábrica de enlatados, sobretudo as de doce e de massa de tomate, seria um motivo para evitar estes produtos pelo resto da vida, e levando em conta recentes notícias sobre o conteúdo dos alimentos que ingerimos: de como a China detectou excesso de bactérias fecais em um carregamento de barras e bolos de chocolate, ou a história da carne de cavalo em hambúrgueres no Reino Unido, talvez fique surpreso em saber que estes exemplos distam muito da asquerosidade que supõe comer outras coisas que há no supermercado.

A seguir listamos os níveis máximos de contaminação natural permitidos pela Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA), pois segundo afirma é economicamente impraticável cultivar, colher e processar alimentos que estejam completamente livres deste tipo de incidências. E ainda que dê muito calafrio e nojo, dizem que não suscita nenhum risco para nossa saúde.

Conquanto tenha procurado informação pertinente dos limites em nosso país, o site da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SESAN não oferece dados tão explícitos, de forma que podemos supor e extrapolar que deve estabelecer porções similares. Respira fundo e engole a saliva!

• Chocolate: a cada 100 gramas podemos encontrar 60 fragmentos de insetos e um pelo de rato sem que possamos denunciar o fabricante.
• Tomate em lata: 10 ovos de mosca a cada 500 gramas e 30 a cada 100 gramas em massa.
• Espinafre congelada: 50 larvas de centopéias a cada 100 gramas.
• Suco de frutas cítricas em lata: 5 ovos de mosca a cada 250 mililitros.
• Aspargos em frasco ou em lata: 6 ovos de insetos a cada 10% do produto.
• Batatas fritas: 6% podem ser podres.
• Milho verde enlatado: larvas de insetos menores que 2 ou 3 mm.
• Milho de pipoca: 1 excremento ou pelo de rato por pacote.
• Abacaxi em lata: pode estar 20% mofado.
• Macarrão e Espaguete: 225 fragmentos de insetos a cada 25 gramas.
• Folha de louro: 5 % de mofo e 1 miligramas de excrementos de mamíferos a cada 500 gramas.
• Brócolis congelado: 60 afídios (pulgões ou piolhos) a cada 100 gramas.

Mas vamos aprofundar um pouco mais no assunto. Em alguns botecos é comum que, ao pedir uma bebida, sirvam um pratinho com algum aperitivo, por exemplo, um pires de amendoim torrado ou qualquer outro salgadinho que desperte a sede de tomar mais cervejas. Durante algum tempo uma lenda urbana varreu o largo e o longo da rede, dando conta de que havia um estudo confirmando que acharam traços de urina de 27 pessoas diferentes em uma porção de amendoins de bar . Até Johnny Deep falou sobre o caso durante uma entrevista, no The Tonight Show, de Jay Leno.

Bem, tenho duas notícias para vocês. Uma boa e outra ruim. A boa é que esse experimento nunca existiue. Agora a ruim: existe um similar e pior. O experimento existente foi realizado em 2003 pelo Evening Standard de Londres, em seis bares da cidade, onde recolheram amostras de aperitivos gratuitos. Quatro das seis continham grande quantidade de enterobactérias, que também podem ser encontradas nas fezes.

Supondo que agora está fazendo a cara típica daqueles que sofrem de acidez estomacal, ou de quem sentiu cheiro de merda, vou falar, no entanto, de outros dados para que considere uma justa perspectiva dos amendoins ou desta bicharada permitida pela FDA, também para que volte a fazer cara de contentamento em pensar como é gostoso uma cerveja com um amendoinzinho bem crocante. E, de passagem, descobriremos como as coisas mudam de perspectiva quando descobrimos que uma coisa é mais asquerosa do que a outra.

Por exemplo, se você passar um dedo pelo vaso sanitário e depois lamber, provavelmente estará fazendo algo muito menos repugnante do que fazer o mesmo com este teclado de computador que está usando nesse momento. De fato, tente lembrar quantas vezes comeu alguma coisa (inclusive amendoim) enquanto digitava no computador. A verdade verdadeira é que teclados, mouses e telefones concentram quantidades elevadas de microorganismos que não existem no vaso sanitário, que está sendo continuamente asseado.

Tal e qual assinala Charles P. Gerba, da Universidade do Arizona (EUA), um dos maiores especialistas em germes do mundo e que se dedicou a calcular o conteúdo bacteriano de diferentes lugares em diversas casas, o lugar mais limpo de uma casa é exatamente o assento do "boca larga". Já a zona mais suja é a pia da cozinha, seguido muito de perto pelas superfícies da mesma área. O objeto mais sujo é o trapo que a gente usa para lavar pratos, limpar a mesa, etc.

Também, uma das coisas mais repugnantes são nossas próprias mãos, especialmente os dedos. Grande parte das pessoas não lava as mãos após usar um banheiro público. Em 2000, por exemplo, a Sociedade Norte-americana de Microbiologia perguntou a mil pessoas se lavavam as mãos após usar um banheiro público e 95% responderam afirmativamente; no entanto, ao colocar câmeras ocultas nos banheiros descobriram que a percentagem não superava 58%. Então cuidado com quem você cumprimenta!

Por isso, talvez a gente deveria ter mais medo dos cubinhos de gelo do que dos amendoins. Em diversos estudos oficiais assinalaram que 20% das pedras de gelo de hotéis, bares e lanchonetes estavam contaminadas de matéria fecal. A razão: o pessoal não lavava as mãos.

Em conclusão, estamos rodeados de "caca" de tudo quanto é lado. Se ficarmos muito cheios de não-me-rele-não-me-toque podemos passar fome e mal francamente. O certo mesmo é criar o senso comum do hábito, começando por nós mesmos, de lavar as mãos com mais frequência.

Fonte: Quo.