Siamesas que dividem o mesmo corpo participam de uma série de TV (9 fotos)

A primeira vez que escrevi sobre as irmãs Abby e Brittany Hensel, no post "Um corpo... Duas almas" fiquei bastante angustiado somente tentando imaginar como é a vida das duas. 6 anos depois o nome das garotas volta ás manchetes devido a que serão as protagonistas de uma série da BBC que contará sua história e como as gêmeas siamesas estão determinadas a viver uma vida normal e ativa como a de qualquer jovem de 20 e poucos anos.

Elas foram para a universidade, elas viajam, têm emprego. Mas quão fácil é para duas pessoas habitar o mesmo corpo? Assim como grande parte dos jovens desta idade, Abby e Brittany Hensel, 23 anos, desfrutam passar tempo com seus amigos, sair de férias, dirigir, andar de moto ou bicicleta, praticar esportes, realizar atividades ao ar livre e tentar viver a vida ao máximo.

Estas siamesas de Minnesota, Estados Unidos, inclusive têm um diploma universitário e agora estão começando sua carreira como professoras de matemática na escola fundamental. Mas apesar de terem duas licenças de ensino, há uma diferença prática quando se trata de seus rendimentos.

- "Obviamente entendemos que vamos receber um salário porque estamos fazendo o trabalho de uma pessoa", diz Abby. - "Na medida que adquirirmos mais experiência gostaríamos de negociar um pouco mais, levando em conta que temos dois diplomas e que podemos oferecer duas perspectivas diferentes ou ensinar de duas formas diferentes. Por exemplo, é possível ensinar e monitorar e responder perguntas, ao mesmo tempo. Então, nesse sentido, podemos fazer mais do que uma pessoa.", assinala por sua vez Brittany.

As gêmeas se conhecem tão bem a tal ponto que frequentemente dizem as mesmas coisas ou finalizam a ideia uma da outra. Ambas tratam de se ajudar e de se entender a respeito dos aspectos de suas vidas.

Com dois conjuntos de pulmões, dois corações, dois estômagos, um fígado, um intestino grosso e um sistema reprodutivo, aprenderam a partir de uma idade muito precoce a coordenar o seu corpo, com Abby controlando o lado direito e Brittany o esquerdo.

Ainda que dividam o mesmo corpo, há uma diferença na altura: Abby (1,57m) é mais alta do que sua irmã Brittany (1,47m). Como as duas pernas tem comprimentos diferentes, Brittany tem que ficar na ponta dos pés, para garantir que elas mantenham o equilíbrio.

Com a passagem dos anos, as garotas aprenderam a chegar a acordos em toda ordem de coisas, desde a alimentação até sua vida social e até mesmo as roupas que vestem.

Abby é vista como a irmã "controladora" e sempre acaba ganhando a discussão sobre o que vão usar, mas Brittany diz que a irmã também é muito mais "caseira", enquanto ela prefere sair.

Há outras diferenças: Brittany tem medo de altura, enquanto Abby não. Abby gosta de matemática e ciências, enquanto Brittany prefere as artes. Elas também respondem de forma diferente ao café, depois de alguns copos, a frequência cardíaca de Brittany aumenta, mas Abby não é afetada. O mais esquisito é que elas têm diferentes temperaturas corporais:

- "Eu posso ter uma temperatura totalmente diferente do que Brittany tem", diz Abby. - "Muitas vezes nossas mãos têm diferentes temperaturas".

Apesar de ter uma família e amigos atenciosos e uma vida social normal, estudando e trabalhando como todos os outros jovens, as garotas enfrentam alguns problemas adicionais. Por exemplo, têm que aturar as especulações sobre sua vida privada -algo que preferem não discutir. As gêmeas negam um boato de que Brittany teve um namorado.

Viajar para fora do país com amigos em férias também não é tão simples para as gêmeas. Elas têm dois passaportes, mas pagam apenas uma passagem já que só ocupam um assento no avião. No entanto, também devem estar sempre alertas e são conscientes que não podem entrar em espaços lotados porque as pessoas, muitas vezes, tentam tirar fotografias indesejáveis. Além de que, como diz a amiga Erin Junkans:

- "Elas devem estar sempre alertas porque a gente nunca sabe como as pessoas vão reagir ou o que vão dizer e esse mundo está cheio de gente maldosa".

Gêmeos siameses são muito raros, acredita-se que aconteça um em cada 200 mil nascimentos, e em torno de 40-60% dos nascimentos são de natimortos. Irmãos do sexo feminino tendem a ter uma melhor taxa de sobrevivência do que irmãos do sexo masculino.

Qualquer operação para separar gêmeos siamesas é um processo altamente complexo e perigoso. Este foi um risco que os pais de Abby e Brittany não quiseram assumir por medo de que uma das gêmeas não pudesse ter sobrevivido à cirurgia ou ter a mesma qualidade de vida que têm agora.

Possivelmente uma imagem que resuma um pouco do que estas duas garotas já passaram.

Possivelmente, com menos de 12 pares de gêmeos siameses adultos em todo o mundo de hoje, Abby e Brittany Hensel estão desafiando todas as probabilidades. Sua mãe, Patty Hensel, diz que suas esperanças e aspirações para o futuro de suas filhas são exatamente o mesmo que o de qualquer outra pessoa.

Fonte: BBC News.