- "Até agora, o restaurante já serviu de tudo o que está disponível em outros restaurantes, inclusive de luxo, como costeletas de cordeiro e peitos de pato, até saladas de frutas e produtos lácteos" , explica Sophie, cortesia de duas cadeias de supermercados pertencentes a Coop Danmark, maior rede de varejo de supermercado do país.
A idéia do Rub & Stub veio dos "freegans" da Dinamarca, que são mais conhecidos como mergulhadores ou garimpeiros de lixo. Em uma tentativa de reduzir o desperdício de alimentos, essas pessoas coletam alimentos no lixo e consumem os produtos comestíveis saudáveis que encontram. A equipe do restaurante dinamarquês pensou que seria muito bom usar esta idéia não convencional para seu restaurante.
Buscar os produtos mais frescos, sem nenhuma marca ou ferida tem um impacto real sobre a forma como os supermercados fazem negócios, obrigando os fornecedores a jogar fora alimentos que podem não ter aparência impecável, mas que ainda podem ser consumidos sem nenhum problema. Pense e tente lembrar em quantas vezes você descartou um tomate, uma batata, uma laranja só porque tinham uma aparência um pouco mais feinha. Em geral, quase tudo isso vai parar no lixo e se o supermercadista pudesse deixar de computar esta quebra o preço do produto cairia.
Por ano, o mundo joga fora 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, e ainda que o Brasil seja exemplo, segundo a FAO, no combate ao desperdício de comida, dados da Embrapa desmentem esta afirmação: o Brasil ainda desperdiça mais de 11 milhões de toneladas de alimentos todos os anos, uma média de 37 quilos de hortaliças anualmente para cada brasileiro.
O Instituto Akatu foi ainda mais longe, segundo um estudo realizado em 2003 por esta ONG de consumo consciente, aproximadamente 64% do que se planta no Brasil é perdido ao longo da cadeia produtiva: 20% se perde na colheita, 8% no transporte e no armazenamento, 15% são perdidos na indústria de processamento, 1% no varejo e 20% são jogados no lixo depois que chegam as nossas casas para o consumo.
Apesar das boas intenções do pessoal do restaurante dinamarquês, algumas pessoas ainda criticam muito o seu conceito acusando-os de querer lucrar com o restaurante. Os responsáveis disseram que, com exceção de um coordenador de projeto e Irina Bothmann, a chef, a equipe é composta de voluntários entusiasmados e que todos os lucros que eles esperam fazer no futuro serão doados para três instituições de caridade em Serra Leoa. Um artigo publicado na França, escreveu que eles reciclam lixo:
- "Quando escreveram sobre nós na França, as manchetes sensacionalistas diziam que reciclamos lixo para servir no restaurante, mas isso não é verdade, nós coletamos os produtos antes do vencimento de seu prazo de validade e antes que sejam jogados fora", insiste Sophie.
Outro problema é que as pessoas por trás do Rub & Stub foram confrontados com a relutância dos fornecedores para doar o alimento que vai ser descartado. Mesmo que o restaurante esteja aberto a algum tempo, eles ainda têm de assinar um contrato com os fornecedores.
- "A experiência está sendo ótima, mas também um desafio", disse Sophie. - "Nós não temos qualquer empresa para lidar com os distribuidores ou supermercados ainda, principalmente porque acho que eles realmente não entendem o conceito". Alguns representantes e vendedores de supermercados querem mesmo que eles paguem pelo produto.
- "Estamos tentando levá-los a doar alimentos que iriam jogar fora de qualquer maneira, mas há sempre a sugestão de que deveríamos estar pagando por isso", explicou. No entanto, todos estão esperançosos de que vão conseguir mais doadores.
Na verdade o "Rub & Stub" é um tipo de conceito inovador que precisaria ser mais estendido pelo mundo. Vejam bem, o problema que enfrentam algumas empresas aqui no Brasil é que elas podem ser autuadas por algum dano que possa ser causado aos receptores de alimentos doados. Eu tenho um amigo que tem um grande restaurante de frutos do mar aqui na região, que antes levava as sobras para lares e asilos e que hoje, com dor no coração, deve jogar tudo no lixo.
Existe um projeto chamado Lei do Bom Samaritano, que prevê que doadores, pessoas físicas ou jurídicas, sejam isentos de responsabilidade civil e penal se agirem de boa fé. Mas como todo o restante que pode favorecer as pessoas mais necessitadas, o projeto de lei está parado para apreciação e votação na Câmara.
Fonte: Rub & Stub no Facebook.
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Comentários
Uma boa ideia!!!
Não sei se ainda existe o programa Panela Cheia da Ceagesp-RJ, que atendia cerca de 20/25.000 familias com produtos que seriam descartados naquela central de abastecimento, mas ainda podiam ser utilizados por estarem próprios para consumo porém sem visual comercializável. A conferir, entre outros programas como a Sopa da Cidadania, e em outras centrais desse porte.
Grande iniciativa...melhor do que falar em sustentabilidade é fazer acontecer...
Nos Estados Unidos em alguns estados onde não é proibido, fazem isso com alimentos descartados e distribuiem comida de graça nas ruas para os menos favorecidos.
Caramba! Que legal! Queria muito fazer algo assim! Queria estar lá para poder participar!! Puxa, quantas as coisas a gente pode fazer pra ajudar e ficamos de braços cruzados... :cry:
Ótima ideia e não vejo má fé, a comida servida ainda é apropriada pra consumo.
Boa iniciativa, eu comeria.
É, por mais que pegar comida no lixo não seja lá muito legal, é menos imoral do que desperdiça-la, com tanta gente passando fome no mundo.
Estou na dúvida se comeria, mas pelo menos não tenho um categórico "não"... :roll:
Muito bem! É assim que funciona.
Iniciativa interessante.