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Comentários

L!$@ em 03 de outubro de 2014 às 21:03:01»
Não tenho medo da morte, na verdade tenho medo, muito medo de perder quem amo, meus pais, meus verdadeiros amigos, meus tios que são como pais para mim... gostaria de morrer antes de todos, não queria ve-los morrer.
T_T
Tÿr em 02 de outubro de 2014 às 13:27:55»
Elbereth

Não tenha medo da morte. Nem sua ou deles.
Quando meu pai se foi tive medo de ver ele deitado e plácido. Lembrei de um texto de Kazuo Koike que dizia "Não se abale ao ver meu mudo cadáver", e foi a mais pura verdade. Nem sinto sua falta, pois vi que isso é natural.
Ontem: Um amigo de longa data esta enfrentando um grave problema e quando me viu só soube dizer "Só faltava você" e notei que o que faz falta é não estar próximo.
Aproveite o quanto esta perto. O resto é resto.
Matahari em 02 de outubro de 2014 às 12:54:50»
Ah..os livros: A Arte de Morrer-visões plurais, é legal e Quem tem Medo da Morte do Simonetti também.
Matahari em 02 de outubro de 2014 às 12:51:32»
Elbereth, não creio que seja um problema assim tão grande se não deixar isso se tornar um empecilho, um pensamento recorrente que estrague todos os seus dias.
Todos temos pânico quando imaginamos perder alguém que amamos muito.
O ruim é não conseguir desligar do pensamento ruim.

Minha mãe, por ex, não dormia enquanto todos os filhos não estivessem em casa, e ficava imaginando toda sorte de acontecimentos trágicos nos envolvendo.
Se um saia para uma festa, no dia seguinte eram dois a ostentar cara de sono. E ela nem aproveitava a festa...:D
Isso só terminou quando fomos saindo de casa. Aí ela percebeu que não adiantava se preocupar.

Enquanto estamos pensando em coisas ruins, coisas que podem e vão acontecer um dia (no caso da morte das pessoas), não vivemos em paz.
O medo da morte e o de morrer é normal sim, não se preocupe. Nós evitamos falar da morte e isso a torna muito assustadora.Ler sobre isso pode ajudar, mas se achar que precisa trabalhar esse medo procure um terapeuta.

Contam que uns monges, sei lá de onde e de que mosteiro, costumavam se cumprimentar nos corredores com a expressão "memento mori" e sem seguida diziam "carpe diem". E quer dizer: lembre-se que vai morrer, aproveite o dia.
Cada um interpreta da maneira que lhe aprouver e eu penso: a vida é breve sim, mas se eu conseguir chegar no fim dela, bem velhinha, espero estar feliz por ter aproveitado todos os dias da minha.

Não deixe de aproveitar os seus dias junto das pessoas que ama.
Elbereth em 02 de outubro de 2014 às 10:45:35»
Duvido que vocês ainda estejam lendo esses comentário, Matahari e Edgar.

Posso pedir ajuda? Eu tenho PÂNICO da morte dos meus pais, principalmente da minha mãe. Já tive pessoas próximas que faleceram quando eu não esperava e fiquei meio traumatizada.

Já anotei o nome dos livros que vocês mencionaram. Podem indicar mais algum?

Obrigada...
luana.ribeiro em 01 de outubro de 2014 às 14:58:07»
No começo ganhamos uma tela e um pincel,e quando menos esperamos, talvez com a tela inacabada devemos entregar nosso retrato.....a vida é um leve sopro! Triste
Matahari em 01 de outubro de 2014 às 10:14:56»
:D
Legal Edgar.
Com o tempo a gente vai ficando com o couro curtido. A morte já não é tão inimiga quando o corpo padece demais e ela chega a ser desejada até.

E também tem gente que está aí só pra fazer volume e quando vai, logo é esquecido. ^^

Eu choro, e muito, quando é morte de alguém que deixou um trabalho incompleto, quando é uma pessoa que não vive só pra si, que é altruísta, que ajuda, que é amiga pro que der e vier e que tenta fazer do mundo um lugar melhor nem que seja pra pouca gente. Essas fazem falta.

No ano passado chorei pela morte uma pessoa que eu nem conhecia mas que eu sabia que estava, apesar das suas dores, fazendo algo bom pra algumas pessoas. Chorei pelas pessoas que ele deixou aqui.
Edgar Rocha em 01 de outubro de 2014 às 00:18:10»
Que bom, Matahari. Desculpe-me. Não quis ser pedante. Apenas sugerir algo que possa ser mais esclarecedor do que meus argumentos. Creio que estou falando com alguém com mais conhecimentos sobre o assunto do que eu. Isto é muito bom pra mim. Aprendi mais um pouco.
Quanto a culpa, bem... Sou filho de mineiros, católicos medievais, eu diria. Não preciso falar mais, né? Pois bem, chegava ao ponto de eu ter ataques de riso com a dramaticidade das brigas de família. No começo doía. Mas, a gente vai aprendendo a ser cínico diante deste comportamento. Mas, não por completo (deixa marcas). Me esfalfava de rir quando minha mãe soltava coisas do tipo: "Ocê não vai no meu enterro, tá bão!!!" Não dá pra levar a sério.
Quase nunca choro com a morte. Sinto, mas não choro. Isto não é bom pra mim. Prefiro ser pego de surpresa. Deus me livre estar diante de tamanha fragilidade (a hora da morte é o momento mais sincero de nossas vidas) e alguém insinuar coisas do tipo: 'que pena, vou deixar um vazio na tua vida'.

Sinto muito. Não vai, não. Vou sentir falta. Vou sentir saudade. Vou me lembrar de você com carinho. Mas, não vou arrastar correntes.

Concordo com minha tia e amada madrinha: quando o pai dela estava no leito de morte, disse coisa semelhante, no auge de sua mais singela e doce simplicidade:
- "Tô sentido que o corpo quer morrer, mas num queria ir agora. Queria viver mais uns ano." - No que a filha, que o cuidou em sua própria casa, com toda atenção, amor e carinho, respondeu-lhe com a mesma singeleza e pureza:

- "Acá, papai. Se o corpo quer morrê, então morre, uai! O senhor tá com 99 anos, já enterrou tanto neto que morreu menino ainda, já viu tanta coisa! Num vai ficá pra semente, né? Num pode regatiá."

- "Mas, ieu vô, mas vô emburrado!"

- "Vai não sinhô". Faz favor de morrer, e morrer alegrinho, senão vai chegar lá em cima e vão dizê que o sinhô é ingrato". - Deliciosa história... No final, ela arrematou:

"Saí de lá depois de dar banho nele. Duas horas depois o hospital chamou de vorta. E não é que ele tava emburradinho! Mas, aí, acho que ele foi conformando no cantinho dele.. No velório já tava bonitinho traveiz."

Achei isto um encanto. E quem sabe mais das coisas que minha madrinha? Ninguém, uai!
Matahari em 30 de setembro de 2014 às 22:29:12»
Dra Elizabeth Kubler Ross.
Eu li Roda da Vida e On Death and Dying onde ela fala das 5 fases do luto.
Creio que você fala mais das 5 fases na sua explanação.
Eu fiz diversos trabalhos sobre o livro e sei que as fases não precisam ser sequenciais, alguma fase inclusive pode ser suprimida e outras podem ficar por acontecer. Deve ser isso que você mencionou.
E sim, quando uma pessoa não é tão querida não sentimos tanto. Nunca experimentei culpa por sentir menos ou até nada pela morte de algum parente ou amigo e do meu lado, muitos já se foram.
E agora que pensei nisso, é incrível que já senti demais a morte de pessoas que sequer conhecia pessoalmente.
Não creio que uma mensagem tenha o poder de incutir culpa naqueles que não sentiram a sua morte.Talvez naqueles não bem resolvidos...mas como você mesmo disse: é uma cultura diferente, lá são mais bem resolvidos com a questão morte.
Um exemplo: aqui os velórios são enormes, quanto mais gente melhor ou mais querido se supõe o finado. Lá não é assim.
Só isso, é só a minha opinião.
Marya em 30 de setembro de 2014 às 22:17:20»
Ah! Hoje em dia os médicos já contam à seus pacientes que eles vão morrer e até o tempo de vida que lhes restam.
Eu acho isso muito bom, porque dá tempo da pessoa se preparar para a morte, dá tempo da pessoa pedir perdão pelos seus pecados e até de fazer uma penitenciazinha. Dá tempo também de chamar um padre para lhe dar a extrema-unção. :P
Marya em 30 de setembro de 2014 às 22:01:04»
Esse texto me inspirou em dizer uma última frase que eu li uma vez de uma moça que partiu com apenas 24 anos de idade... ela disse :

- " Não morro, entro na vida. "
Edgar Rocha em 30 de setembro de 2014 às 21:37:22»
"Está claro que ela expôs a dor da sua partida da forma como sentiu as mortes das pessoas queridas."

O que nos leva a crer, Matahari, que a reação não seria a mesma para pessoas não tão queridas, certo? É legítimo que seja assim da parte dela e de todos nós. Agora, como se pode ter certeza que sua existência seja assim tão importante que possa mensurar-se o tamanho do vácuo deixado pela sua falta?

É disso que falo. Esta é a forma como ela encarou sua finitude, seu sofrimento. Porém, ninguém sai incólume da própria vida, a não ser que não tenha vivido plenamente. Deixamos marcas, pesares, mágoas, fazemos coisas que afastam alguns, desagrada a outros. E isto acontece àqueles que mais amamos ou respeitamos. Como fica alguém cujo pesar, a despeito da dor sentida ou da solidariedade sincera, não reaja conforme suas expectativas? Como se sentirão? Culpados, mais frios do que são, constrangidos, envergonhados diante da impossibilidade de cumprir as expectativas, de não reagir da forma como uma pessoa deseja em seu leito de morte, tomada pela dor e pela tristeza mais profunda? Não foi culpa da moça, claro. Não foi culpa de ninguém. Mas, tentei explicar as razões pelas quais é melhor não saber que a morte está próxima. Ao menos, não desta forma, com tão pouco tempo pra se autoavaliar.

Li um livro lindíssimo sobre o assunto: "A Roda da Vida' (Dra. Elizabeth Ross). É um livro sobre tanatologia com uma proposta bem científica. São estudos sobre como lidar com a preparação para a morte. Muito elogiado e usado por todo médico oncologista ou de doenças terminais. Mas, o livro vai além. Desemboca na questão filosófica e, depois, relata as experiências espirituais da autora. É muito elucidativo. Descreve as fases psicológicas de moribundos e propõe as formas de como oferecer um fim mais digno possível. No caso desta moça do post, acho que ela ainda estava numa fase de aceitação e autopiedade que precisam ser superadas, até o ponto resolução e conciliação. Enfim, não estava devidamente pronta. O texto dela foi uma auto-exposição que reflete um momento e não a integridade de sua personalidade. Fiquei triste ao ler e, sinceramente, solidário com a sensação ruim dos que tiveram que lidar com suas palavras ainda imaturas. Para a Dra. Ross, isto deixa incompletudes para os que ficam e geram mal-estar a quem vai. Ela era espiritualista, por isto, empenhava-se em fazer com que seus pacientes não deixassem pendenças, o que os impediria de seguir adiante, atrasaria sua libertação das coisas materiais, segundo ela, necessárias. Além de diminuir a qualidade de vida restante. Pra terminar, o livro é impressionante. Recomendo. Desculpe-me por ser prolixo. Me interesso pelo assunto.
Matahari em 30 de setembro de 2014 às 20:56:09»
Eu também fiquei com pena dos que ficaram porque sei o que é a dor do "ficar".
Está claro que ela expôs a dor da sua partida da forma como sentiu as mortes das pessoas queridas.

Não acho que tenha exigido que os parentes sofressem, tampouco tentou consolar, sofre-se sempre que um ente querido morre e só o tempo abranda o pesar. Pediu somente que atentassem para a brevidade da vida.

Quero abraçar mais antes de me tornar uma estrela.
Edgar Rocha em 30 de setembro de 2014 às 19:26:02»
Sempre achei interessante como o povo americano encara a morte. É bem diferente de nós, brasileiros. Normalmente sequer contamos ao moribundo sua real situação. A família sofre quieta, poupa o doente ao máximo, como se ele não sentisse seu fim se aproximando. Acreditamos que não se deve perder (ou tirar) a esperança jamais. Talvez, por isto, nosso povo morre sem resolver-se emocionalmente, sem resgatar, sem reatar... O que foi, foi. Não que todo americano reaja da forma como esta moça. Mas, entre ter de lidar com o turbilhão de sentimentos causado pela iminência da morte ou acreditar até o fim que tudo vai passar, o que seria melhor? Qual a possibilidade mais humanista, mais construtiva? Perguntas...
De minha parte, como brasileiro, não gostaria de saber sobre minha morte, nem gostaria de contar a ninguém sobre a morte alheia. Nossa sabedoria popular sempre afirma, com certa razão, que ninguém sabe o dia de amanhã, que aquele que desiste da esperança, pode acabar indo antes. Isto é fato. Você pode achar que vai morrer em um mês e engasgar com comida daqui a cinco minutos. Ou ter plena convicção de que alguém vai viver pra ir ao teu enterro e perdê-lo no dia seguinte.

No fim das contas, a blogueira colocou sua própria percepção sobre a realidade. De certa forma, quase exigiu que os outros cumprissem suas expectativas, que sofressem da forma como predisse, que sentissem sua morte como ela desejou que fosse. Achei cruel, egocêntrico e culpabilizante pra todos a sua volta. Não foi legal. Acho que ela não estava preparada para a situação. Tudo bem, sabendo que estava no fim, deu o que podia diante do próprio sofrimento. Como julgar? Impossível! Mas, era melhor que não tivesse sabido. Fiquei com pena dos que ficaram.
.Tyr em 30 de setembro de 2014 às 18:49:29»
...
Agora e na hora de nossa morte,
Amém.

Bom post.