«Flutuando em minha mente», o curta de quinta

Se você gosta de metáforas visuais, simplesmente vai amar o "Floating in my mind". Este bonito curta-metragem de animação mostra o quanto pesam as lembranças ao longo de nossa vida. Pese que ultimamente não é tão frequente encontrar curtas em 2D, já que o formato 3D se converteu em um gênero praticamente com autonomia própria, propiciando a criação de algumas das obras mestres da sétima arte, este filme nos permite descobrir que o verdadeiramente importante é a mensagem que se deseja transmitir e sua maneira de fazê-lo.

Embora já tenhamos visto alguns curtas de animação sublimes, este guarda uma preciosa mensagem que, sem dúvida alguma, nos permite reflexionar profundamente.

Nossas lembranças dizem quem somos, já que muitos delas ficam de alguma forma gravadas em nossa memória porque deixaram impressão. Precisamente, isto é o que queria transmitir a animadora francesa Hélène Leroux através de seu emotivo curta, que mostra as diferentes metas que vão tendo lugar ao longo da vida de nosso protagonista. À medida que vai experimentando diferentes situações, o protagonista vai acumulando lembranças sobre lembranças que Helène ilustra em forma de balões.

Trata-se de recurso simples, mas muito efetivo para explicar como funcionam os mecanismos emocionais de nossa memória. A prova reside em que, uma vez visto, será muito difícil que a gente esqueça dele, mas cada vez que lembramos será de outra forma, pois nossas lembranças são recorrentes delas mesmas.

Talvez alguns não tenham entendido o último parágrafo. Explicando: recentemente um estudo chegou a conclusão de que quando lembramos de alguma coisa que aconteceu no passado, estamos, em verdade, recordando a última vez que lembramos dele. Entendeu? Assim, nossa lembrança não tem muito a ver com o real evento, é uma cópia da cópia da cópia das lembranças que já tivemos e assim sucessivamente cada cópia se distorce um pouco.

Dessa forma, quando temos uma lembrança doce, é bem possível que ela esteja bem distorcida da realidade daquilo que realmente ocorreu. E, pelo contrário, quando evitamos de lembrar de algum episódio ruim, em verdade, estamos conferindo-lhe mais força.

Se ficou interessado, eu escrevi um artigo sobre o assunto no NDig: "Quando recordamos um evento passado, estamos apenas recordando a última vez que lembramos dele".