
Tanto é assim, que depois de ser destruído em 2014, diversas ONGs contribuíram em sua reconstrução considerando-o um mal necessário, já que, sem ele, as mulheres viviam na indigência e quase morriam de fome. A solução a este problema passa por formar às garotas em outras funções e conseguir que abandonem a rua.
Um desafio nada simples. Tanto a fotógrafa, Sandra Hoyn, quanto o fotojornalista, Andrew Birajha, realizaram reportagens fotográficas neste lugar para mostrar a situação destas jovens, em um país em que a prostituição é completamente legal e muitas começam antes de completar 12 anos. Asseguramos que você não vai conseguir ficar indiferente com esta reportagem.
A zona de Kandapara não só é um dos mais antigos do mundo. são mais de 200 anos de serviço perpetuados de mães para filhas.

Ele é também o segundo maior do mundo. De fato, não é uma casa de encontros ou um edifício, é um bairro completo.

E de seu negócio dependem tantas outras famílias de comerciantes, vendedores e barraqueiros.

Uma "riqueza" que se sustenta com base no serviço oferecidos por estas meninas e mulheres.

As meninas começam a trabalhar com 12 anos ou inclusive antes, a maioria procedentes de famílias pobres ou vendidas como escravas. Muitas são filhas de outras trabalhadoras nascidas e criadas em Kandapara.
Começam trabalhando em troca de alojamento e comida. Não têm direitos, nem salário e, quando muito, recebem roupa de presente dos amantes se o dia foi bom. Podem atender entre 15 e 25 clientes ao dia, o que rende um lucro de entre 35 e 70 reais para o bordel.
Depois de 5 anos de serviço, as jovens são elevadas na escala social do bordel, recebendo uma percentagem de seus ganhos e a possibilidade de escolher seus clientes. Desde este momento também podem sair com clientes habituais, "“babus" ou namorados.
Depois de anos de trabalho podem comprar seu ponto e trabalhar fora do bordel combinando-se com todos os ganhos, mas isto, ainda que legal, não é bem visto socialmente e quem dá esse passo deixa de receber clientes.
Meghla, de 23 anos, trabalhava em uma fábrica de roupa quando tinha 12 anos, foi então quando conheceu um homem que lhe prometeu um trabalho melhor pago. Após fugir com ele, foi vendida a um bordel.

Bonna, de 27 anos, começou a ser violada por seu padrasto quando tinha 7 anos e aos 10 fugiu de casa para se afastar dele. Sozinha e sem meios para sobreviver começou a trabalhar na zona. Hoje escolhe seus próprios clientes e tem 2 habituais. Ganha 60 reais ao dia que divide com a empresa.

Asma tem 14 anos, trabalha no mesmo bordel em que nasceu. Ela teve que deixar de ir à escola porque seus colegas a assediavam por ser filha de uma funcionária do local. Antes de se prostituir, dançava diante dos clientes.

Pakhi tem 15 anos e há uma trabalha no bordel. Ela se casou com apenas 12 anos, mas sua vida era tão horrível que decidiu fugir. Um homem encontrou-a mendigando em a rua e depois vendeu-a em Kandapara.

Priya, de 19 anos, paquera com um cliente. Começou na zona quando tinha 17.

Sabem defender-se e brincar, como Priya que passa um descompostura em um amigo. Para piorar a situação não é como a figura do leão de chácara nos bordéis de Bangladesh.

Dipa, de 26 anos, chora amargamente porque está grávida de dois meses de um de seus clientes.

Papia, de 18, atende dois clientes ao mesmo tempo. Ela ficou órfã muito jovem e teve que se casar quando era menina. Ela e seu marido começaram a traficar com heroína para sobreviver, mas foram detidos e enviados a prisão. Segundo Papia, o cárcere foi o melhor lugar em que esteve na vida, tinha comida e ninguém lhe causava dano. Quando sua pena estava a ponto de acabar, conheceu uma mulher que a introduziu no bordel.

As garotas, como Sumaiya, têm vários clientes habituais que poderiam ser considerados uma espécie de namorados. Aqui podemos ver que ela recebeu um soco no olho por um de seus clientes, Titus, que queria se casar com ela apesar de sua negativa

Eles têm uma relação de amor e ódio. Ela se nega a se casar com Titu porque acha que, uma vez o faça, ele tomará o controle de todo seu dinheiro. Titu sente ciúmes dos outros clientes de Sumaiya, entre os que se incluem seus próprios amigos de infância. Ela também confessa ter ódio dele as vezes, já que Titus sai com outras garotas da zona.

Kajol cuida de seu bebê de 6 meses enquanto um cliente descansa em sua cama. Ela não sabe bem a sua idade, acha que uns 17 anos. Casou-se com 9 anos, mas depois sua tia vendeu-a ao prostíbulo. Só duas semanas após dar a luz, voltou a trabalhar no Kandapara. O negócio não é o mesmo desde que teve ao bebê.

É normal que as mães se prostituam com seus bebês no quarto. Quando são mais maiores mandam que eles saiam, a um canto com um biombo ou a um cômodo contíguo.

Algumas garotas também têm um "babu", um amante/marido, que as protegem em troca de uma parte de seus ganhos

Hashi se maquia antes de ficar com um cliente, é quase uma menina ainda.

Depois sai a negociar na rua para ganhar a vida.

Entre um trabalho e outro, fuma como um caapora.

Se são boas, algumas cafetinas permitem às garotas ter ou usar o telefone. Aqui Maya, de 16 anos, recebe uma ligação de um cliente habitual.

São todas naturalmente muito vaidosas, mas as condições adversas e o pouco dinheiro não permite que sejam tão zelosas com a aparência.

Shefali, de apenas 11 anos, faz as sobrancelhas e realça sua beleza antes de começar a jornada de trabalho. Ela é filha de outra funcionária do bordel. Nascida e criada ali, trabalha nele desde os 9 anos e faz uns 20 ou 25 programas ao dia. Não recebe dinheiro, ganha 3 refeições ao dia e alguns presentes de vez em quando.

Sem dúvida, é horrível que estas meninas e mulheres estejam presas neste tipo de circulo vicioso, perpetuando de uma geração a outra. Pior ainda é que, o governo e a comunidade internacional, não façam nada para evitar isso, incentivando maneiras alternativas de se ganhar a vida. Porque, inclusive se a prostituição é legal em o país, a idade em que se exerce e que muitas delas sejam vendidas é um crime do qual fazem ouvidos moucos. Um problema muito complicado que deve ser conhecido pelo maior número possível de pessoas para que, graças à pressão internacional, seja logo abordado e extinto.
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E ainda são chamadas de "mulheres de vida fácil". Por compaixão.