Não importa se cantamos bem ou mal, ou se somos assíduos do karaokê: o importante são os efeitos benéficos do canto em nosso cérebro e em nossa vida cotidiana. São incomensuráveis e, no entanto, por pudor, por não crermos ser suficientemente bons, talvez para evitar o deboche, o saudável e divertido hábito de cantar, que fazíamos naturalmente em nossa infância, acaba sendo socialmente silenciado. |
O ato de cantar não reside em impressionar os demais ou receber aplausos, não se trata de ser afinado ou ter ouvido absoluto, nem de ser particularmente competente com a voz e fiel às notas musicais, senão de desfrutar de nossa voz e de compartilhar a experiência com outras pessoas.
Tanto que antigamente era habitual que as famílias e os amigos se reunissem ao redor do fogão de lenha ou da fogueira, respectivamente, para contar histórias ou entoar canções:
Cantar em coro com amigos é uma das experiências mais agradáveis e satisfatórias que existe. Em geral, as pessoas acabam sincronizando inadvertidamente até as batidas do coração quando cantam juntas. Ademais esta forma de se relacionar com os demais permite que pessoas de diferentes credos, culturas e origens consigam se relacionar melhor, bem como proporcionar bem-estar, alegria e até novas qualificações e empregos.
Cantar modifica o cérebro, em particular o lóbulo temporal direito, e libera endorfinas, particularmente a oxitocina, o que se traduz em sensações profundas de felicidade, união e amor. Estes hormônios também têm um papel crucial na melhoria da neuroplasticidade do cérebro, bem como no fortalecimento do sistema imunológico, nos permitindo combater melhor doenças como a depressão e os acidentes cardiovasculares.
Não está bem claro como a música surgiu, mas segundo Charles Darwin, a música poderia ter nascido e evoluído como uma extensão das chamadas de acasalamento emitidos por nossos antepassados das cavernas.
A única coisa que podemos constatar até a data é que provavelmente a música cantada surgiu como uma forma de comunicar e catalizar nossos sentimentos, em paralelo com o desenvolvimento da língua, tal e qual sustentaramem um estudo recente cientistas da Universidade de Reading, Inglaterra. Já entre os primeiros caçadores-coletores, a distinção entre linguagem e música era difusa. Na verdade, eram a mesma coisa que, com o decorrer dos séculos de nossa história evolutiva, foi se diferenciando e se transformando em dois sistemas de comunicação independentes.
Este enfoque também é respaldado por muitos cientistas, que denominaram que este precursor da comunicação que hibridava a linguagem com a música. Ou seja, antes mesmo do ser humano começar a se expressar ele já usava a musi-língua para se comunicar e hoje, infelizmente, as pessoas tem vergonha de fazer isso.
Por conseguinte, o mais provável é que, além de constituir uma chamada de acasalamento como assinalava Darwin, seria também uma forma de chamada emocional e de comunicação sentimental, por isso todas as canções do mundo introduzem, além de uma letra, toda classe de gemidos, choramingos, gritos, prantos, uivos, aclamações, risos, queixas e outras muitas expressões emocionais.
Pois é exatamente isso o proposto por Tania de Jong, uma firme defensora dos efeitos terapêuticos do canto, nesta palestra TED, já assistida por milhões de pessoas, onde ela explica como o canto pode ser um mecanismo de sobrevivência e ajudar a curar enfermidades e a depressão.
Tania trabalha com comunidades desfavorecidas e, em 2008, foi nomeada Membro da Ordem da Austrália para serviços às artes e para o estabelecimento e desenvolvimento de programas de enriquecimento de artes para escolas e comunidades.
Quantas cantigas você cantarolou? Viu? Quem canta seus males...
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