Poucas coisas podem calar tão profundamente quanto a fome e há aproximadamente 60 anos, durante a desastrada campanha do ditador Mao Tse-tung, chamada "Grande Salto Adiante", os chineses aprenderam que na hora dela [fome], tudo que se mexe tem proteínas. Agora, na moda da coisa verde, existem muitos considerando que os insetos comestíveis podem ser uma alternativa viável: são sustentáveis na criação, exigem muito menos recursos do que outras formas de gado, e produzem menos emissões causadoras de gases de efeito estufa por grama de proteína. |
Para colocar isso em perspectiva, um quilo de grilos requer quase 2000 vezes menos água na produção do que um quilo de carne bovina. Além do mais, os insetos têm alta quantidade de proteínas, minerais, são fonte de fibra e seu consumo tem um impacto ambiental positivo.
Em média, os insetos podem transformar dois quilos de alimento em um de massa de inseto, enquanto o gado precisa de oito quilos de ração para produzir um de carne.
Diante de tantos benefícios, não resta outra pergunta, será que são gostosos? Com quase 1.500 espécies de insetos comestíveis para escolher, é uma questão complexa de responder.
Quantos tipos diferentes de carne você provou na sua vida? A maioria das pessoas nunca ultrapassou os princípios básicos normais do frango, carne bovina, suína, cabra e alguns tipos de peixe.
Em comparação com as mais de 600 variedades de insetos comidos na China (250 no México), este é um buffet de sabor bastante limitado.
Os insetos representam a maioria da biomassa animal na Terra. Eles têm milhares de habitats diferentes, e muitos deles dependem de apenas um ou dois tipos de planta, criando um caleidoscópio de potenciais sabores. Existem, no entanto, algumas generalidades.
Por exemplo, aquela bunda de formiga (Içá) tem gosto de amendoim com hortelã, Eu sei! Mas no geral, dizem que os insetos tendem a ter gosto de nozes, especialmente quando assados, como conta Daniella Martin, apresentadora do programa "Girl Meets Bug". Ela acredita que isso vem das gorduras naturais que eles contêm, combinado com o crocante de seus exoesqueletos ricos em minerais.
Os grilos, por exemplo, tem gosto de camarão, enquanto a maioria das larvas têm sabor de cogumelo amendoado. Lagartas de traça da cera e larvas de abelhas, têm gosto de pinhão com bacon. Por outro lado as larvas fritas na manteiga têm gosto de macarrão com queijo.
Os aracnídeos geralmente tem sabor de uma versão leve de marisco, caranguejo e lagosta em particular, dependendo da espécie. Isso faz sentido, já que, de um ponto de vista biológico, os insetos e os crustáceos estão intimamente relacionados.
No entanto, o grupo de aracnídeos tem uma vantagem distinta em relação aos seus primos da água: não estão na base trófica. Escorpiões, tarântulas e outros aracnídeos comestíveis capturam suas presas vivas, ao contrário de um caranguejo que pode ficar feliz comendo literalmente detrito e lixo.
Estes exemplos são bastante simples, já que a maioria das pessoas pode engolir a idéia de comer cogumelos, pinhão, nozes e mariscos de terra. Mas há sabores no mundo dos insetos que dificilmente podem ser equiparados a qualquer coisa familiar.
As baratas-d'água praticamente desafiam qualquer descrição. Consideradas como iguaria na gastronomia da Tailândia e do Vietnã, simplesmente, dizem que não há nada nos anais da nossa cultura culinária que posa sugerir a natureza do seu sabor inigualável.
No mundo, 2 bilhões de pessoas, sobretudo na Ásia, América Latina e África, comem insetos. E Daniela tem razão quando diz que não entende por que as pessoas tem asco de comer um grilo e não um camarão, que também é um bicho que tiramos a casca, as patinhas e até chupamos o interior da cabeça.
Pesquisadores da FAO declaram que os insetos são um alimento rico em gorduras, proteínas, vitaminas, fibras e minerais e que para alimentar a população estimada de 9 bilhões de pessoas no mundo em 2050, seria necessário produzir o dobro de comida produzida hoje.
Os oceanos já são explorados até o osso, o clima muda o tempo todo e a produção de insetos pode ser uma solução aos futuros desafios na alimentação humana.
É provável que os comensais conservadores prefiram manter os seus gostos culinários atuais, mas existe toda essa galáxia de novos sabores misteriosos, simplesmente atraentes, a descobrir.
Ademais, o planeta irá agradecer pela escolha de uma fonte de proteína mais sustentável e ainda que no Brasil a entomofagia (comer insetos) nos pareça esquisito, é um costume ancestral em boa parte do planeta e até aparece na Bíblia. Aristóteles, por exemplo, gostava de cigarras. Só há que superar os preconceitos. E o nojinho.
Fonte: Huff Post.
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