Quem está por trás da caravana de migrantes que cruza o México em direção aos EUA?: 4 teorias da conspiração

A especulação sobre quem se beneficia com a caravana de migrantes, que se dirige à fronteira americana, chegou ao ponto de que alguns acham que há uma mão na sombra movendo as peças. A seguir, expomos uma série de teorias da conspiração que estão sendo aventadas nos meios de comunicação e nas redes sociais em torno das causas e usos políticos da caravana. Mas antes há que mencionar que, como ocorre com as teorias de conspirações, em geral, isto é meramente especulativo.

De fato, estas conjecturas nos colocam em territórios incertos e pantanosos. Por uma parte é indubitável que as pessoas "conspiram", isto é, maquinam, exercem sua influência de maneira velada em busca de conseguir seus interesses, distrair à opinião pública ou mudar certos resultados (como uma eleição). Por outra parte, a realidade costuma ser muito diferente da imaginação e das grandes narrativas.

Curiosamente, muitas das teorias da conspiração começam como piadas ou contos de ficção -um exemplo é a moderna versão dos Illuminati, que em grande parte se popularizou devido ao escritor de ficção científica Robert Anton Wilson-. A maioria das vezes a realidade costuma ser mista, e as coisas que chamamos conspirações costumam ser uma mistura de oportunismo, manipulação mediática, ignorância, necessidade de crer em algo que satisfaça uma visão coerente do mundo, distorção de confirmação...

Assim, neste caso é provável que, além da genuína busca de milhares de centro-americanos que fogem da violência em seus países para encontrar uma vida mais digna (o que deve ser respeitado), também encontremos pessoas que buscam se beneficiar deste fenômeno social e que poderiam ser responsáveis por incentivos. Com esse alerta esboçamos as teorias mais populares até o momento.

1. Trump

Uma teoria que começa a ganhar peso entre certos jornalistas, sobretudo os mexicanos. É sabido que os presidentes dos Estados Unidos utilizam a velha tática de dirigir a atenção para um inimigo em comum, uma ameaça em torno da qual se unir. Por exemplo, o terrorismo -os árabes infiltrados na caravana-, e agora, possivelmente os migrantes.

Este tipo de fenômenos sociais costumam ser aproveitados pelos políticos, sob, o que chamou Naomi Klein, a "doutrina do choque". Trump culpa diretamente os democratas pela caravana migrante, não só por suas políticas mais brandas, senão por estarem diretamente por trás dela, de serem os autores intelectuais da mesma.

A imprensa americana fala de uma crise nacional. Tudo isto a 2 semanas de uma importante eleição que escolherá uma nova Câmara de Representantes e 35 senadores, em outras decisões eleitorais. Os jornalistas Carmen Aristegui e Leão Krauze assinalaram que a caravana claramente beneficia a Trump, conquanto não sugeriu que Trump seja responsável por ela.

2. Daesh ou algum outro organismo terrorista islâmico

Esta é, por suposto, uma das versões manejadas pelo governo de Trump, mas que tem sua origem na Fox News.

A teoria sugere que os grupos terroristas não só infiltraram integrantes na caravana senão que secretamente ancoram-na, como um novo cavalo de tróia. Isto foi vinculado, por sua vez, com a noção estendida por Trump de que a caravana está cheia de criminosos.

3. Maduro

O vice-presidente Mike Pence disse que o presidente de Honduras lhe assegurou que Maduro está financiando a caravana de migrantes. Pence também defendeu a afirmação de Trump de que pessoas do Oriente Médio conformam boa parte da caravana.

Por suposto, a teoria mais radical seria que Maduro tenha orquestrado tudo, com instruções de Trump, mas isto já é para profissionais da conspiranoia mundial.

4. George Soros

Um alto executivo da Campbell Soup, a icônica companhia famosa por suas sopas de tomate, tuitou culpando o magnata globalista George Soros. Kelly Johnston foi antes secretário do Senado dos Estados Unidos, de modo que não é qualquer executivo, mas de qualquer maneira resulta um tanto estranho. Johnston escrever que Soros e a organização Open Society prepararam um exército de advogados na fronteira dos Estados Unidos. Estranhamente, isto ocorreu no mesmo dia em que encontraram um aparelho explosivo na caixa de correios da casa de Soros no estado de Nova York.

Outras teorias, talvez mais acertadas ainda que menos interessantes para os que querem uma narrativa global, culpam certos atores políticos em Honduras, como o jornalista Bartolo Fontes. Há outras teorias ainda mais desaforadas, mas que não encontram uma relação minimamente criteriosa com a realidade.