Por quase 28 anos, a irmã Mary Margaret Kreuper foi diretora -com mão de ferro- da escola católica St. James, uma escola primária em Torrance, na Califórnia. Na mesma época em que Margaret anunciou que estava se aposentando, em meados de 2018, uma família pediu a cópia de um cheque antigo pago ao St. James. Quando os membros da equipe rastrearam o documento, perceberam que ele não havia sido depositado na conta da escola, mas uma conta bancária diferente. |
Essa foi uma das primeiras pistas que revelariam uma grande fraude conduzida pelas irmãs Mary Margareth e Lana Chang, outra freira e antiga professora da oitava série, que também se aposentou em 2018.
Após seis meses da descoberta do desvio do cheque, funcionários da escola no subúrbio de Los Angeles disseram aos pais que as duas freiras roubaram cerca de US $ 500 mil (1.925.000 reais) da entidade. A escola disse que as duas mulheres, supostamente melhores amigas, usavam os fundos roubados em viagens e visitas aos cassinos de Las Vegas.
As revelações foram um choque para os pais e membros da igreja, mas o que chocou ainda mais foi a recusa da arquidiocese em prosseguir com as acusações criminais contra as freiras, ambas membros da ordem das Irmãs de São José de Carondella.
De acordo com o que o monsenhor Michael Meyers explicou aos pais na época, durante uma reunião, a igreja fez uma investigação financeira independente depois que a história estranha do antigo cheque foi descoberta. A análise concluiu que as duas estavam cometendo a fraude há pelo menos 10 anos.
Uma antiga conta bancária não utilizada pertencente à igreja foi a chave para a alegada má conduta, segundo explicou o monsenhor Meyers. A conta foi aberta em 1997, mas nunca foi usada pelo instituto. Margareth desviava as doações, arrecadações e taxas para esta conta esquecida. As duas freiras então usavam os fundos para se esbaldar nos cassinos.
Alguns pais disseram que sabiam que as duas faziam viagens eventuais para espairecer nas mesas de jogos, mas elas diziam que estas excursões eram presentes de um tio rico. Só não sabiam que o tio rico era os pais dos alunos de St. James.
Quando confrontadas sobre o dinheiro subtraído, o monsenhor Meyers disse que as freiras admitiram o que fizeram e pediram que ele transmitisse aos pais o profundo remorso que cada uma sentia por suas ações e pediam perdão e orações por seu pecados.
- "Honestamente direi que isso não é chocante para mim", disse um pai anônimo. - "Há alguns projetos que tentamos levar em frente há muitos anos e que infelizmente nunca conseguimos porque sempre falta dinheiro."
A escola ostensivamente operava com pouco dinheiro. Nunca parecia ter grana suficiente para nada além do básico, e até mesmo isso aparentemente foi subsidiado com um ciclo interminável de arrecadação de fundos. Os alunos lanchavam em bancos do lado de fora e, durante anos, os pais pediram um toldo para proteger as crianças do sol do sul da Califórnia. A resposta foi sempre a mesma: não há dinheiro.
De fato, um dos últimos comunicados que a irmã Mary Margaret mandou para a casa dos pais, em março de 2018, foi para dizer-lhes que a escola tinha que aumentar as mensalidades, aparentemente para cobrir os gastos do vício em jogos dela e da irmã Lana.
- "Vocês devem saber que eu não recebo um salário pelo meu serviço como diretora da St. James", escreveu ela. - "Como membro de uma comunidade religiosa, recebo uma remuneração pelo meu trabalho. O mesmo é verdade para a irmã Lana. O orçamento será afetado pelos salários adicionados no próximo ano."
Na reunião com os pais o monsenhor Meyers sugeriu que Margaret era tão habilidosa do ponto de vista fiscal que ninguém poderia razoavelmente pensar em vistoriar os livros financeiros da instituição. A implicação, então, seria que apenas as duas irmãs poderiam saber o que aconteceu e quando. No entanto, elas não disseram nada publicamente e as autoridades da Igreja não dizem onde estão as freiras. Para todos os efeitos práticos, elas desapareceram.
Como vários pais apontaram naquela noite na reunião, uma pessoa que roubou meio milhão de dólares de uma escola estaria algemado ou muito provavelmente atrás das grades de uma cela de cadeia. Mas duas freiras fazem isso e ninguém chama a polícia?
Em meados de dezembro de 2018, ainda pairavam dúvidas sobre as consequências legais dos roubos de Margaret e Lana. Isso devido ao fato de que a arquidiocese de dispunha a cobrir os fundos perdidos e estava decidida a não prosseguir com as acusações criminais contra o par de ladras.
Mas isso mudou duas semanas depois que o monsenhor Meyers pediu a uma multidão que perdoasse duas irmãs descaradas por roubá-los. A fraude bancária é um crime federal nos EUA e toda a arquidiocese poderia se ver implicada no delito. Agora a alegada apropriação indébita está sendo investigada como tal na Seção de Grandes Fraudes no escritório do Procurador dos EUA para o Distrito Central da Califórnia, mas o caso corre sobre segredo de justiça e esse escritório se recusou a comentar o assunto. Em todo caso, até hoje, ninguém foi ainda acusado de nada.
No momento poucos pais se sujeitam a falar do assunto publicamente porque tudo isso aconteceu no contexto de uma igreja, de uma comunidade de pessoas que rezam juntas, que depositam sua fé coletiva uma na outra, mas muitos pais querem que as freiras sejam julgadas sim. Com efeito ninguém acredita que alguém vá enviar duas freiras idosas para a prisão, não importa o quanto elas possam ter roubado.
No entanto, a maioria quer as mulheres no tribunal. Quer que as irmãs Mary Margaret e Lana, as mulheres a quem confiaram a educação acadêmica e moral de seus filhos, se levantem diante de um juiz, e vejam todos os estudantes reunidos na galeria, enquanto dizem que estão arrependidas. Isso é, dizem, o mínimo de respeito que as crianças merecem.
Fonte: Tampa Bay.
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Ao contrário do que muita gente pensa, não existem salafrários apenas no Brasil. A diferença é que aqui é meio endêmico.