Estas chimpanzés amigas podem possivelmente esclarecer como os humanos aprenderam a dançar

Holly e Bahkahri são irmãs do coração que nasceram em diferentes instalações com apenas duas semanas de diferença em 1998 e terminaram no zoológico de St. Louis, nos Estados Unidos, aos 4 meses de idade, e não se separam por nada. Elas também compartilham um talento único: a dança (mais ou menos). A dupla é a primeira a ser observada balançando os quadris de um lado para o outro, participando de um “entretenimento rítmico de corpo inteiro coordenado e sincronizado, que os pesquisadores dizem que pode fornecer informações sobre a evolução da dança humana.

- "A dança é um ícone da expressão humana. Apesar da surpreendente diversidade em torno das culturas do mundo e da deslumbrante abundância de sistemas animais remanescentes, a evolução da dança no clado humano permanece obscura", afirmou o autor do estudo, Adriano Lameira, da Universidade de Warwick, no Reino Unido.

- "A dança exige que os indivíduos sincronizem interativamente o andamento do corpo inteiro com o do parceiro, com precisão quase perfeita, e isso explica por que não havia formas de dança entre os primatas não humanos" observa o psicólogo evolutivo. - "Criticamente, isso é evidência de um movimento rítmico de corpo inteiro em grandes símios que poderia ajudar a reconstruir possíveis proto-estágios da dança humana."

Outras espécies foram vistas se movendo ao ritmo de músicas, como cacatuas e elefantes, mas nunca dois animais não humanos foram vistos se movendo ao seu próprio ritmo sem serem acionados ou sinalizados por seres humanos. A dança exige que dois indivíduos se coordenem em conjunto com um ótimo controle motriz, usando múltiplos circuitos neurais, além de um vínculo social desenvolvido entre os dois. Até agora, essas complexidades explicavam por que os primatas não humanos não dançavam.

Para estudar esse comportamento, pesquisadores da Universidade de Warwick, da Universidade de Durham e da Universidade Livre de Bruxelas pesquisaram vídeos das chimpanzés dançantes enviados para o YouTube usando termos como "linha de conga", "chimpanzés" ou "St Louis”. Foram analisados 23 vídeos, entre outubro de 2011 e abril de 2015, para medidas de tempo e movimento.

- “Entre análises individuais, no entanto, revelou que a sincronização entre indivíduos não era aleatória, previsível", escrevem os autores no Scientific Reports, acrescentando que os movimentos eram mantidos com precisão e aparente intenção, à medida que cada chimpanzé se revezava assumindo o papel de marca-passo.

Essa evolução da "dança" pode ser influenciada pelo fato dos animais estarem em cativeiro e por certas imposições ecológicas, sociais e culturais que acompanham esse ambiente. Também foi observado apenas em dois indivíduos, por isso é difícil tirar conclusões dele. Esse tipo de "protodança humana" pode estar enraizada na dinâmica social exclusiva de pequenos grupos que se beneficiam do toque mútuo e se movem ritmicamente ao mesmo tempo em um "ritual social rítmico".