A inteligência felina pode ser mais impressionante do que aprendemos a apreciar, ao menos segundo um novo estudo. A pesquisa pretende apresentar a primeira evidência de que os gatos podem reconhecer e depois imitar o comportamento humano quando são ordenados, uma façanha que só fazem alguns outros animais, incluídos os cães. O artigo, publicado no início deste mês na revista Animal Cognition, descreveu o caso de uma gata de 11 anos chamada Ebisu que vive com sua dona Fumi Higaki em Ichinomiya, Japão. |
A pesquisadora de comportamento animal e autora do estudo, Claudia Fugazza, conheceu e trabalhou com Fumi, uma treinadora de cães profissional, durante sua pesquisa sobre a cognição em caninos. Em algum momento, Fumi mencionou a Claudia que tinha treinado Ebisu para que a imitasse, utilizando um método aplicado aos cães: o paradigma Do as I Do. Isto implica que o treinador grita uma ordem ("Faça o que eu faço!", por exemplo), realiza um comportamento e depois indica com outra ação (dizendo "Faça", por exemplo) que o animal deve imitar o comportamento para obter uma potencial recompensa.
Ebisu, segundo Fumi, estava excepcionalmente motivada pela comida, o que tornou madura para o treinamento. Só precisou de maio a setembro de 2019 pára que Ebisu se familiarizasse com a imitação, disse Fumi aos pesquisadores.
O inverno passado, em dezembro de 2019, Claudia realizou experimentos com Fumi e Ebisu em sua loja de mascotes. Como Ebisu desconfiava dos estranhos, os testes foram feitos pela própria Fumi, ennquato Claudia olhava e gravava vídeos.
Ao todo, através de 18 ensaios, Ebisu aparentemente demonstrou ser capaz de imitar os comportamentos de Fumi 81% do tempo. Estes comportamentos incluíam girar, tocar o mesmo brinquedo, abrir uma caixa e deitar-se horizontalmente. O que fez que o mimetismo fosse ainda mais interessante foi que Ebisu parecia capaz de ver os movimentos não muito felinos de seu dono e descobrir como faria o mesmo que um gato, como quando Fumi levantou os braços ao alto e Ebisu se pôs de pé sobre suas patas traseiras e levantou ambas as patas.
Por simples que pareça, este tipo de comportamento entre espécies só foi observado em alguns poucos animais, como orcas, símios, golfinhos e cães, e acham que requer um sentido cognitivo particularmente complexo para consegui-lo. A inteligência animal não precisa ser medida (e com frequência não deveria) com a inteligência humana, pois ter certas habilidades cognitivas não é um sinal de ser muito evoluído; é só um resultado potencial da seleção natural. Mas ainda seria algo extraordinário saber que os gatos podem interpretar o comportamento das pessoas o suficientemente bem como para copiá-lo.
Claudia ainda colabora com Fumi em sua qualidade de treinadora de cães. Mas, lamentavelmente, esta foi a primeira e última vez que puderam estudar a espantosa imitação de Ebisu, já que a gata desenvolveu uma doença renal no início de 2020 e morreu pouco depois.
Ainda que os gatos sejam conhecidos por não ser os colegas de laboratório mais cooperativos, Claudia acha que outros felinos poderiam ser treinados com sucesso como foi Ebisu, o que permitiria a outros pesquisadores replicar e estudar em profundidade sua potencial capacidade para brincar de ser um imitador. Idealmente, estes estudos poderão observar uma variedade de gatos em um espectro de diferentes características, como a idade e a familiaridade com as pessoas.
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