O caso de Michael May confirma que a visão é algo que se desenvolve pela estimulação prolongada, isto é, aprende-se a enxergar assim como aprendemos a falar. Enquanto a região cerebral que registra o movimento dos objetos se desenvolve muito cedo, a que processa formas complexas como os rostos, tarda um pouco mais. |
Quarenta anos após ficar cego e sem lembranças do que viu até o momento de seu acidente -uma explosão química quando tinha três anos-, Michael May recuperou sua visão. Ainda que esta não seja perfeita, permite a Michael jogar bola com seus filhos, ver filmes e desfrutar das brincadeiras na neve Sierra Nevada (EUA), onde esquiou por anos, só guiado por ordens verbais. Há três anos, quando foi operado, seu caso é estudado em detalhes por neuro-cientistas que buscam entender como o sistema nervoso aprende a ver.
Michael, os pais e a irmã dias antes do acidente.
May ainda não é capaz de reconhecer os rostos de seus filhos Carson (11) e Wyndham (9), bem como também o de sua mulher Jennifer.
- "Isto é algo que a gente não pode entender", diz May, que possui uma companhia de softwares de navegação para pessoas cegas.
A família de Michael.
May foi operado empregando uma técnica que vem sendo desenvolvida desde os anos 90 e que consiste em usar células mãe para recuperar a córnea, uma espécie de lente de células transparentes que recobre o olho e permite ver. O ideal é usar células da mesma pessoa, retiradas do chamado limbo corneal ou limite que existe entre a córnea e a parte branca do olho.
Michael vendo os filhos pela primeira vez.
Como vemos
Três anos após a cirurgia ter restabelecido a visão de seu olho direito, os pesquisadores comprovaram que a visão é mais que uma mera função do olho. Neste caso, descobriram que a cegueira tem efeitos de longo prazo na forma como o cérebro processa a informação e constrói sua própria visão de mundo.
Michael em uma competição ao de esqui de longa distância.
A neuro-cientista Ione Fine, do Departamento de Psicología da Universidade da Califórnia disse que May tem uma habilidade relativa para interpretar o que vê. Ele pode identificar formas e cores simples, como as montanhas ao longe ou a vivacidade de plantas e flores. Mas ainda é muito difícil para ele reconhecer objetos mais complexos, como os rostos de seus familiares ou amigos e com dificuldade consegue diferenciar um homem de uma mulher.
Fine e seus colegas médicos começaram a estudar o caso de May logo após a realização da cirurgia e assim puderam corroborar que a visão é aprendida no dia a dia, tal como a linguagem. Para isto, os pesquisadores fizeram testes visuais combinados com escâneres que mostravam a atividade cerebral de May.
O movimento é fundamental
Quando os objetos se movimentam, tudo fica mais fácil para Michael. Assim, ele descreve um cubo desenhado na tela um computador como um quadrado com linhas extras, já que é difícil para ele interpretar imagens em profundidade.
Mas ao girar esta figura simulando um movimento tridimensional, ele reconhece o cubo imediatamente.
Ao escanearem a região do cérebro de May associada ao processamento de formas complexas, observaram zonas incompletas de atividade quando olhava o cubo parado, mas quando a imagem começa a se mover, a região que processa o movimento resplandeceu de atividade.
Segundo dia após cirurgia, Michael já consegue jogar bola com o filho.
E o fato que as áreas que processam formas complexas tenham pouca atividade gera suspeitas que é uma região cerebral que matura mais lentamente. Por isso, quando a pessoa deixa de enxergar, esta parte do cérebro detém seu desenvolvimento e definha. O que permite a esta área se manter ativa e flexível é justamente que ao longo de sua vida as pessoas estão sempre encontrando com novos objetos e rostos, além de que vão envelhecendo rodeadas de rostos familiares.
O problema agora é que ao ver como as coisas se movem, May sente medo de cruzar uma rua ou de esquiar na Sierra Nevada, o que antes fazia com destreza, confiança e sem nenhum temor.
Michael descendo a montanha (downhill)
Recuperando a visão
O uso de células mãe do epitélio da córnea é um procedimento que teve um desenvolvimento explosivo em países como Irã e Afeganistão, onde ex combatentes que perderam a visão por substâncias químicas -como o gás mostarda- têm recuperado grande parte de sua visão sem ter que recorrer ao transplante de córnea. Este último método nunca obteve muito sucesso nestes casos, onde o enxerto pelo geral não conseguia sobreviver.
Ao usar células mãe tiradas do olho do próprio paciente é possível recuperar entre 50% a 90% da visão. Isto porque quando as células são próprias, não é necessário o uso de drogas imuno-supressoras e facilmente reconstituem a córnea original que está com problema. O sucesso é um pouco menor quando são usadas células doadas por familiares e menor ainda quando provem de outras pessoas. Em caso de queimaduras ou danos de extrema gravidade é possível combinar as técnicas de transplante de células mãe e enxerto de córnea. Na atualidade a Itália, Japão e Taiwan trabalham com células mãe cultivadas em laboratório para produzir córneas, um procedimento similar ao de produzir pele artificial.
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Comentários
oi meus amigos eu gosto muito que vc tem um cachorro mas eu queria muito deste cachorro
feliz em ver isso.;....deve ser tao triste nao poder enxegar....imagino os cegos e surdos.....aí eh impossivel mesmo,eh o mesmo que a morte.....está sozinhoo no mundo.nao ouve e nem ve ninguem....que tristeza
Muito interessante
As pessoas ás vezes ficam sentadas à espera de um milagre.
Os milagres acontecem, mas temos de ter a consciência que nós somos os fazedores de milagres.
Não adianta lamentar o mal que nos acontece, se fizermos alguma coisa os milagres vêm ter connosco.
O poder está cada vez mais nas mãos dos humanos.
Acho que através da nossa inteligência estamos cada vez mais próximos de nos tornarmos verdadeiros deuses.
Cada vez mais à imagem e semelhança do grande Patrão lá de cima.
Isto é incrivel
Exemplo de vida.
é realmente uma história incrível..
imaginem o que é viver na escuridão por 40 anos!! :?
nota-se a extrema felicidade de Michael estampada na cara.
e tem ali um bela família também.
parabéns pelo excelente post Luisão
:clap:
Só não compreendi o porque do medo,ja que agora ele consegue ver o movimento,coisa que antes nao conseguia!! :wink:
Que ele possa voltar a enchergar completamente!!
Nada se compara ao prazer de enchegar um colorido ou o rosto de quem amamos, e que ele consiga isso!! :wink:
Quero ver ele fazer uma loira aprender a ler!
incrivel :clap:
:clap:
:clap:
Duas imagens iguais com legendas diferentes, e a palavra abstrata "corroborar". Aêe MDIG!
É só não perde a esperança =]
tomara qe outras pessoas tambpem possam recuperar esse sentido dão importante