Uma tribo nas Filipinas esculpe 'scooters' incríveis em madeira

Enquanto escrevia ontem sobre os Tshukudus, os patinetes que movimentam a economia da região de Goma, na República Democrática do Congo, me lembrei de um outro veículo de duas rodas esculpido totalmente na madeira por uma tribo nativa habilidosa das Filipinas, conhecida como igolot, da região de Banaue. Os agricultores da tribo inventaram-nas porque passavam muito tempo transportando arroz e madeira para cima e para baixo nas ladeiras íngremes da região acidentada e a prática acabou se tornando uma tradição transmitida por várias gerações.

As tradições tribais igolot professam que os deuses habitam as montanhas e árvores da natureza. Este fato não é surpresa para ninguém que tenha testemunhado um dessas scooters entalhadas à mão.

Hoje, a maioria dos integrantes da tribo ganha dinheiro suficiente para comprar uma moto de verdade, mas eles mantém a tradição de entalhar estas verdadeiras obras de arte com o material mais farto que tenham à mão.

Os veículos começaram a ser feitos com designs simples e funcionais, que permitisse transportar alguma carga ladeira abaixo, mas à medida que tentavam se superar, seus designs se tornaram mais extravagantes e adquiriam adereços escultóricos incríveis, incluindo dragões, leões e até cowboys.

O fotógrafo Richard Haw, que capturou o momento em que um grupo de "motoqueiros" igolot chegou à cidade de Batad, mostradas nas fotos que ilustram este artigo, disse que teve que mergulhar na cultura local para entender este costume desde que começou a morar ali:

- "Quando eles correm pela cidade, é uma chance de exibir suas 'motos', o que é um motivo de orgulho para o escultor."

As motonetas de madeira podem atingir velocidades de até 50 km/h quando competem entre si em declive e são veneradas como verdadeiras peças de arte. No entanto, são um pouco complicadas para pilotar, pois não têm sistemas de freio efetivos e avançados.

A velocidade é reduzida quando o piloto pressiona uma pétala de madeira com a ponta coberta com uma fita feita de pneu velho, contra o solo. O atrito desacelera a scooter até que o pilotos possa usar os pés.

De fato, muitas delas não tem sistema de freio algum e para parar é necessário arrastar o calçado ou chinelo no chão. Os motoqueiros também não usam nenhum tipo de equipamento para proteger a cabeça ou qualquer outra parte do corpo.

Todo mês de abril, durante o Festival de Imbayah da cidade de Banaue, os residentes se reúnem para assistir uma corrida como nenhuma outra. Os igolot desafiam as colinas da região com suas scooters de madeira meticulosamente esculpidos. As última 3 disputas foram vencidas por um cara chamado Robert Duyugen, mas seu veículo está mais para um carrinho de rolimã do que para uma scooter.

Richard, o fotógrafo, vive na região há algum tempo e está agora bastante familiarizado com a cultura. Ele não acredita que as scooters de madeira tenham causado muitos acidentes ou mortes, mas observa que há muitas cicatrizes profundas nas pernas dos "motoqueiros".