O arquipélago de Tristão da Cunha composto por várias ilhas -a maior, com o mesmo nome, e as desabitadas Incessível e Rouxinol- no Atlântico Sul, junto com a ilha de Diego Alvarez, constitui uma dependência da ilha de Santa Elena, o lugar habitado mais próximo, situado a 2.173 km ao norte. O acesso à ilha principal é tremendamente complicado, pois está rodeada por penhascos com mais de 600 metros de altitude. A ilha é o lugar habitado mais remoto, isto é, mais afastado de qualquer outro lugar habitado, da Terra e tem uma população que flutua em mais ou menos 250 pessoas. |
Descoberta em 1506 pelo navegante português que lhe deu nome, Tristão da Cunha, começou a ser habitada de maneira estável no início do século XIX, quando foi anexada pela Coroa britânica em 1816. Por aquele então, os britânicos não queriam que o arquipélago fosse utilizado pelos franceses como base para tentar realizar uma operação de resgate de Napoleão, confinado na ilha de Santa Elena. Desde então manteve uma população estável em seu assentamento de Edimburgo dos Sete Mares, chamado assim em honra à visita realizada pelo Príncipe Alfredo, Duque de Edimburgo, em 1867, em sua volta ao mundo.
A ilha, na verdade, está assentada em cima de um vulcão e, em 1961, uma erupção vulcânica provocou a evacuação da população ao Reino Unido, à localidade de Calshot. Ali tiveram que suportar um dos piores invernos britânicos e novas doenças para as quais não estavam preparados. Alguns idosos morreram e outros ficaram, mas a maior parte regressou em 1963. Ao chegar nas suas casas, observaram como o assentamento principal da ilha se encontrava afetado pela erupção, e que ocorreram alguns saques por parte de piratas. Os cães domésticos, abandonados a sua sorte, tinham caçado todas as ovelhas.
As especiais características demográficas de seus habitantes, devido a seu isolamento e a elevada endogamia, fazem que o estudo da população da ilha seja muito interessante. Ainda que alguns jovens de Tristão da Cunha forma embora em procura de trabalho e novos casais, os casamentos entre os próprios habitantes são a regra, e fazem com que só tenha oito sobrenomes diferentes na ilha, repartidos em oitenta famílias, o que propiciou um perfil genético com uma maior frequência de determinadas patologias, como a asma e o glaucoma.
No entanto, outras doenças comuns no resto do mundo, como os resfriados, não existem salvo como consequência da visita de algum barco. Na ilha consome-se um número bastante elevado de garrafas de whisky. Em 1993 e 1994, cada indivíduo bebeu o equivalente a quase cinquenta litros de whisky em media por ano.9
Atualmente existe no assentamento de Edimburgo dos Sete Mares uma mercearia, uma emissora local de rádio, um café, um bar, um videoclube, um campo de futebol, outro de golfe, uma piscina e uma quadra de tênis. Os habitantes também possuem um centro comunitário de reunião.
A conexão com o mundo exterior é mantido através de um telefone via satélite, situado no escritório do administrador, mas ultimamente estão melhorando a conexão a Internet. Não há aeroporto e só dá pra chegar ao local de barco. A chegada anual do navio RMS Saint Helena traz consigo novos produtos, como remédios, livros, vídeos, revistas e correio.
Também existe em Sandy Point uma granja, que foi habitada de forma temporária nos anos cinquenta e oitenta, quando precisaram cobrir uma demanda de madeira e diferentes tipos de frutas que não podiam ser obtidos em outros lugares da ilha, já que nesta região, mais ao leste, tem um clima mais cálido.
Para as urgências sanitárias mais complicadas os doentes são levados até um hospital na Cidade do Cabo, em uma viagem que dura 7 dias, ainda que médicos, dentistas e outros especialistas fazem longas estadias regularmente durante dias para comprovar a saúde da população.
O isolamento de Tristão da Cunha levou ao desenvolvimento de seu próprio dialeto do inglês. Na escrita popular, foi descrito pelo escritor Simon Winchester como "uma mistura sonora dos condados de origem e o idioma do século XIX, jargão do africâner e o italiano".
Não há partidos políticos nem sindicatos em Tristão da Cunha. O poder executivo recai na Rainha da Inglaterra, que é representada no território pelo Governador de Santa Elena. Dado que o Governador reside permanentemente em Santa Elena, designa-se a um administrador para que o represente nas ilhas.
O Administrador é um funcionário público de carreira do Ministério de Relações Exteriores, selecionado por Londres, que atua como chefe de governo local e recebe assessoramento do Conselho Insular de Tristão. Desde 1998, cada Administrador cumpriu um mandato de três anos, que começa em setembro, à chegada do navio de abastecimento da Cidade do Cabo.
Com efeito, devido a pandemia de coronavírus, a ilha se isolou ainda mais do mundo. Lembra que alguns parágrafos acima falamos da propensão genética dis habitante locais à asma? Como a doença é um dos fatores de risco da covid-19, Tristão da Cunha intensificou suas restrições à vista de turistas visando proteger seus habitantes, como mostra o vídeo logo acima, se isolando ainda mais do mundo.
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