As línguas indígenas faladas no Brasil somam cerca de 170, um testemunho da sobrevivência de comunidades tribais quase exterminadas pelo colonialismo português. Mesmo assim, 40 dessas línguas têm menos de 100 falantes, e muitos mais estão diminuindo rapidamente. Para os linguistas, esta é uma luta contra o tempo, pois estimam que a maioria, senão todas, essas línguas podem desaparecer dentro de 50 a 100 anos, e alguns acreditam que 30% podem desaparecer nos próximos 15 anos, porque os mais jovens estão preferindo ir viver nas grandes cidades se esquecendo de sua identidade cultural. |
Segundo o último censo, os mais de 305 povos indígenas somam em torno de 900 mil indivíduos, sendo que 38% deles vivem em cidades, principalmente em São Paulo, mas também em Manaus, Boa Vista e no Rio de Janeiro. Muitos deles experimentam na própria carne a dificuldade de ser índio numa grande metrópole e acabam abandonando sua tradição de vida para não ser alvo de piadas nem palhaço de ninguém.
E o que acontece quando essas gerações mais jovens são desenraizadas, saem de casa e seus pais morrem sem transmitir seus conhecimentos? O pool de genes linguísticos diminui.
Essas questões pesaram em Zhândio Aquino em 2004, quando ele fundou a banda de metal Arandu Arakuaa. Ele é formado em pedagogia e sua banda foi convidada para tocar em escolas e dar palestras em universidades. Eles não usam exclusivamente instrumentos musicais indígenas, mas cantam em tupi-guarani. Criado no estado do Tocantins e descendente de uma tribo de língua tupi, o guitarrista e vocalista disse que teve um contato muito próximo com a cultura indígena por causa da sua avó e colegas de classe.
- "Assim, quando eu comecei a tocar em bandas, parecia natural colocar minha experiência nisso", disse em entrevista.
Quando se mudou para Brasília em 2004, Aquino procurou por músicos com ideias semelhantes e formou o que pode ser a primeira banda de folk metal do país. Se por um lado a Arandu Arakuaa -o nome significa "conhecimento do cosmos"- pode ser uma das primeiras bandas de folk metal do Brasil, não é a única. A banda faz parte de um movimento chamado Levante do Metal Nativo, um grupo de músicos que usam instrumentos, temas e línguas nativos, ou todos os três no caso da Arandu Arakuaa, que incorporou maracas e a viola caipira.
Como o folk indígena e o ruído elétrico e o rugido do metal se unem? Ouça você mesmo nos vídeos postados neste artigo. Aquino sabe que a Arandu Arakuaa não conquista ninguém no começo.
- "As pessoas não são indiferentes à nossa música", disse ele. - "Elas vão adorar ou odiar. A maioria das pessoas acha que é estranho no início e então temos que provar que somos bons."
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