O cangambá-pintado, às vezes referida como doninha-malhada ou jaritataca, anuncia sua intenção de encharcar supostos predadores com um spray nocivo de forma totalmente ostensiva: nas patas dianteiras, em uma parada de mão dramática com a cauda para o céu. A postura acrobática faz com que a jaritataca pareça mais do que o dobro do seu tamanho, potencialmente desencorajando um ataque. Ela pode andar nesta posição e até bater com as patas dianteiras para parecerem intimidantes. |
E se um predador em potencial ainda não entender a dica, o cangambá-pintado vai cair de quatro e pulverizar com notável precisão: eles são capazes de acertar seu alvo a até 3,6 metros de distância.
Apesar da teatralidade, as doninhas-malhadas permaneceram um mistério para os cientistas, até que os pesquisadores arrastaram um pelotão para rastrear sua árvore genealógica. O ecologista evolucionário Adam Ferguson fez parte da equipe que teve a ideia de criar pôsteres de "procurados", que ajudaram os cientistas a coletar dezenas de criaturas e redefinir as espécies de cangambás-pintados com maior precisão do que nunca. Para Ferguson, a nova seleção de jaritatacas é uma conquista especialmente cheirosa.
- "Todo mundo acha que sabemos tudo sobre os carnívoros mamíferos, então poder redesenhar a árvore genealógica desses animais é muito emocionante", diz ele.
Ferguson sempre teve uma obsessão por carnívoros, ou, como ele se refere a eles, "coisas que precisam matar para ganhar a vida". Quando criança, ele era fascinado por leões-da-montanha e outros predadores carismáticos. Ele acabou mudando seu interesse mais abaixo na cadeia alimentar para carnívoros menores, animais que matam, mas também devem se preocupar em serem mortos.
- "Essa é uma vida difícil. Eles são definitivamente os azarões", disse Ferguson
Ariscos na natureza e subestudados por cientistas, os pequenos mamíferos se tornaram o centro da pesquisa acadêmica de Ferguson, algo que ele credita a seus mentores. A primeira vez que ele pegou um gambá vivo foi a primeira vez que ele foi pulverizado, e também no momento em que percebeu que quase não tinha olfato.
Em 1997, um estudo abalou o campo da biologia evolutiva ao indicar que os cangambás eram geneticamente separados das doninhas e texugos, há muito considerados membros da mesma família. Assim os cangambás passaram a constituir sua própria família: Mephitidae, da palavra latina para cheiro desagradável.
Agora Ferguson fez um barulho semelhante ao concluir um estudo que indica que existem sete espécies distintas de cangambás-pintados, não quatro, como se acreditava anteriormente. Eles vivem em toda a América do Norte, da Colúmbia Britânica à Costa Rica, mas não são fáceis de encontrar. Cinco vezes menores que os gambás-listrados, eles são escaladores de árvores noturnos que vivem longe da agitação dos humanos.
Como resultado, as pessoas e as jaritatacas raramente se encontram, então os cientistas têm relativamente poucos dados para revelar a pequena árvore genealógica dos predadores. Nos últimos dois séculos, o número de espécies reconhecidas variou de duas a 14, muitas vezes com base apenas na aparência e anatomia dos animais.
O gênero como um todo nunca foi devidamente analisado. Os cartazes de "procurados" publicados por Ferguson mudaram isso. Sua equipe conseguiu adquirir vários espécimes atropelados de animais. Além de cangambás recém-falecidos, a equipe obteve DNA de espécimes já em museus e outras coleções institucionais.
O grande total de 203 espécimes de doninhas-malhadas conta a história completa da evolução do cangambá, de acordo com Ferguson. A parte mais difícil, diz ele, foi decidir quando eles acumularam o suficiente para contar a história com a maior precisão possível.
Depois de analisar amostras de tecido de cada espécime e comparar o DNA, os cientistas reordenaram o gênero em sete espécies distintas de Spilogales, incluindo três que são inteiramente novas. As sete espécies incluem o cangambá-pintado-pigmeu, o menor do grupo e também o primeiro a se separar do ancestral comum do grupo, cerca de cinco milhões de anos atrás. Ferguson diz que esses cangambás são tão pequenos que é possível pegá-los com uma ratoeira.
Outro, o cangambá-pintado-das-planícies, experimentou um declínio populacional significativo. Seu novo status como uma espécie distinta pode torná-lo mais fácil de conservar e proteger. Tecnicamente onívoros, os cangambás dispersam sementes e comem insetos nocivos, assim como ratos, cobras e outros animais que os humanos consideram uma praga. Eles também são presas importantes para predadores maiores.
Este é o capítulo mais recente, mas não o último na saga do cangambá. Há ainda mais espécies de cangambás, mas os pesquisadores precisarão encontrar mais espécimes e talvez maneiras mais criativas de coletá-los, para descobrir tudo.
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