Ontem falávamos sobre o kultarr, o ratinho espetacularmente adaptado para viver nas áreas desérticas da Austrália Ocidental. Foi nesse sentido que o amigo Roger Laz enviou a dica, via e-mail, de um outro rato-canguru que habita áreas de deserto também perfeitamente adaptado para sobreviver em um dos ecossistemas mais hostis do planeta. À noite, nos desertos do sul da Califórnia e do Arizona, raposas, corujas e cobras perseguem incansavelmente o pequeno rato-canguru (Dipodomys). |
Mas o bichinho salta, chuta e decola em fugas agitadas, contorcidas e sensacionais. Mas de vez em quando um cai nas garas de seu predor, de fato, eles são bem-sucedidos quatro vezes em cinco escapadas, o que é relevante devido ao seu tamanho.
Os ratos-canguru têm a incrível habilidade de pular alto no momento certo. Os biólogos acreditam que isso provavelmente venha de sua audição aguçada, que é 90 vezes mais sensível do que a humanas, permitindo que reajam em apenas 50 milissegundos. O primeiro vídeo que ilustra este post mostra como ele consegue antever o bote de uma cascavel-chifruda (Crotalus cerastes), uma e outra vez.
Além de sua audição bem ajustada, a musculatura altamente desenvolvida dos ratos-canguru do deserto gera muita força rapidamente, resultando em saltos quase dez vezes maiores que sua altura corporal. Ele consegue alcançar quase 3 metros no salto, o que equivale a um ser humano médio saltar 18 metros.
Essas vantagens biológicas são essenciais para a sobrevivência e para seu ecossistema, pois os ratos-canguru são considerados pelos ecologistas como essenciais para a dispersão de sementes e aeração do solo desértico com suas extensas redes de tocas, passando a maior parte do tempo ao ar livre em busca de alimentos.
Eles puxam, descascam e enfiam as sementes nas bolsas forradas de pele com as mãos minúsculas, que ficam enfiadas abaixo do queixo. As sementes fornecem sua fonte primária de alimento e água nos desertos agrestes, e consomem tão pouco líquido que raramente urinam.
Na verdade, as espécies que habitam áreas desérticas são conhecidas por serem capazes de obter sua hidratação exclusivamente da produção de água metabólica, ou seja, água proveniente do metabolismo da glicose, que em seres humanos fornece apenas de 8 a 10% da hidratação. Apesar disso, a afirmação de que não bebem água se conseguirem encontra-la é falsa.
A ascensão da agricultura e o uso de pesticidas teve uma grande impacto negativo nas populações desses roedores. Os alimentos e as nozes começaram a desaparecer, causando um forte decréscimo de indivíduos. Com efeito, das 19 espécies, 3 já foram declaradas extintas pela IUCN.
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